Grêmio Libertador

Naming rights coming wrong

A polêmica gremista da semana foi o episódio “Pré-Temporada Topper 2014”. Uma ótima ideia, diga-se. O marketing do clube, sempre tão criticado, resolveu se mexer e inovou em termos de Brasil: criou uma maneira de diminuir custos de uma pré-temporada, vendendo o nome para uma empresa. Este já é um momento muito esperado principalmente pelos gremistas da Serra: a recepção acalorada é uma marca registrada do mês de janeiro (que até já tentaram imitar, mas, claro, não deu certo) e, com isso, acirra muito as paixões, sendo uma ótima oportunidade para alguém ter visibilidade junto com a nossa marca. É um belo produto. Mas, embora tenha sido colocado em prática já esse ano, é, ainda, apenas uma ideia. Não é algo de que alguém possa se vangloriar. Isso por dois motivos até bem simples.

Pré-temporada Topper 2014. Foto do Lucas Uebel para o Flickr do Grêmio.

O primeiro é, também, em função do ineditismo: não houve uma “venda” em si. Ao que parece, o que aconteceu foi algo como aquele filhinho de papai que tá afim de vender sinal de wi-fi na beira da praia (oh, que boa ideia!) e, precisando de investimento, o pai diz: “tá aqui, vai lá”. A Topper já é patrocinadora do Grêmio. Pelo que se diz, a empresa vai monopolizar as vendas na Grêmio Mania na serra e terá seu nome divulgado (ou seja, há uma expectativa de ganhos FORA do escopo do projeto, ou seja, do anunciante receber algum benefício só pela divulgação do nome). Só vai ser realmente digno de nota em 2015, se for repetido e se receber apoio de um NOVO patrocinador para o clube, criando uma nova parceria e uma relação de reciprocidade para uma nova receita. Aqui não é uma crítica ao marketing, já que alguém tinha que ser o primeiro, e nada melhor do que usar um parceiro para isso e minimizar as perdas de um insucesso dando a exclusividade de vendas dos produtos deles. É apenas uma lembrança de que o trabalho de verdade começa agora. É preciso pensar quem são os alvos e partir para um contrato com novas vantagens ao clube (nem vou falar nos torcedores e sócios, isso é outro ponto que quero desenvolver em outro post).

E isso leva ao segundo motivo. Não adianta nada sair elogiando aos quatro ventos o trabalho do marketing e ficar querendo que ele trabalhe sozinho. O Grêmio precisa ser um só e trabalhar em conjunto pelos seus objetivos. O Grêmio quer essa receita? Então, que brigue por ela. E não é o que está parecendo. A pré-temporada não é a temporada, isso é óbvio. É um período diferenciado e intensivo que nem mesmo é disputado em Porto Alegre. Logo, ao invés de reclamar que a imprensa não divulga os Naming Rights, por que não obrigá-los? Só tem direito a filmar momentos da pré temporada aquele que divulgar o nome do parceiro. Só participa da coletiva aquele que divulgar corretamente o nome do evento. E, se seguir querendo se negar a fazer e dizer que pode, pois é jornalismo e blá, blá, blá, compra as imagens da Grêmio TV e passa só no próximo dia.

Eu até concordo que não seja possível para o Grêmio fazer isso em torneios onde o Grêmio já recebeu dinheiro até 2017. Mas a pré-temporada não tem venda de direitos. São do Grêmio e ele “doa” para as empresas jornalísticas faturarem muito com anunciantes. Qualquer TV tem acesso ao campo do Grêmio e faz matérias com os jogadores “na faixa”. Por que não cobrar pelo menos a divulgação dos Naming Rights? “Mas a imprensa nos odeia, fazer isso vai ser ter crise todos os dias!” Em nenhum momento falei que ia ser fácil. Só que eu acho o momento até oportuno. Com a imensa quantidade de crise que temos aqui – e “normalidades” que aparecem no Beira Rio – é uma ótima desculpa pra mandar eles à merda e fortalecer a imagem do próprio clube gerando conteúdo. Como, aliás, tem sido feito, via youtube da Grêmio TV. E, quem sabe não rolaria uma “Pré-temporada Sky Grêmio 2015” com canal exclusivo para sócio e programação da Grêmio TV?

Mas é uma ótima ideia. O trabalho está só começando. Não cruzem os braços agora.

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