Naming rights coming wrong

0 Postado por - 11 de janeiro de 2014 - Artigos

A polêmica gremista da semana foi o episódio “Pré-Temporada Topper 2014”. Uma ótima ideia, diga-se. O marketing do clube, sempre tão criticado, resolveu se mexer e inovou em termos de Brasil: criou uma maneira de diminuir custos de uma pré-temporada, vendendo o nome para uma empresa. Este já é um momento muito esperado principalmente pelos gremistas da Serra: a recepção acalorada é uma marca registrada do mês de janeiro (que até já tentaram imitar, mas, claro, não deu certo) e, com isso, acirra muito as paixões, sendo uma ótima oportunidade para alguém ter visibilidade junto com a nossa marca. É um belo produto. Mas, embora tenha sido colocado em prática já esse ano, é, ainda, apenas uma ideia. Não é algo de que alguém possa se vangloriar. Isso por dois motivos até bem simples.

Pré-temporada Topper 2014. Foto do Lucas Uebel para o Flickr do Grêmio.

O primeiro é, também, em função do ineditismo: não houve uma “venda” em si. Ao que parece, o que aconteceu foi algo como aquele filhinho de papai que tá afim de vender sinal de wi-fi na beira da praia (oh, que boa ideia!) e, precisando de investimento, o pai diz: “tá aqui, vai lá”. A Topper já é patrocinadora do Grêmio. Pelo que se diz, a empresa vai monopolizar as vendas na Grêmio Mania na serra e terá seu nome divulgado (ou seja, há uma expectativa de ganhos FORA do escopo do projeto, ou seja, do anunciante receber algum benefício só pela divulgação do nome). Só vai ser realmente digno de nota em 2015, se for repetido e se receber apoio de um NOVO patrocinador para o clube, criando uma nova parceria e uma relação de reciprocidade para uma nova receita. Aqui não é uma crítica ao marketing, já que alguém tinha que ser o primeiro, e nada melhor do que usar um parceiro para isso e minimizar as perdas de um insucesso dando a exclusividade de vendas dos produtos deles. É apenas uma lembrança de que o trabalho de verdade começa agora. É preciso pensar quem são os alvos e partir para um contrato com novas vantagens ao clube (nem vou falar nos torcedores e sócios, isso é outro ponto que quero desenvolver em outro post).

E isso leva ao segundo motivo. Não adianta nada sair elogiando aos quatro ventos o trabalho do marketing e ficar querendo que ele trabalhe sozinho. O Grêmio precisa ser um só e trabalhar em conjunto pelos seus objetivos. O Grêmio quer essa receita? Então, que brigue por ela. E não é o que está parecendo. A pré-temporada não é a temporada, isso é óbvio. É um período diferenciado e intensivo que nem mesmo é disputado em Porto Alegre. Logo, ao invés de reclamar que a imprensa não divulga os Naming Rights, por que não obrigá-los? Só tem direito a filmar momentos da pré temporada aquele que divulgar o nome do parceiro. Só participa da coletiva aquele que divulgar corretamente o nome do evento. E, se seguir querendo se negar a fazer e dizer que pode, pois é jornalismo e blá, blá, blá, compra as imagens da Grêmio TV e passa só no próximo dia.

Eu até concordo que não seja possível para o Grêmio fazer isso em torneios onde o Grêmio já recebeu dinheiro até 2017. Mas a pré-temporada não tem venda de direitos. São do Grêmio e ele “doa” para as empresas jornalísticas faturarem muito com anunciantes. Qualquer TV tem acesso ao campo do Grêmio e faz matérias com os jogadores “na faixa”. Por que não cobrar pelo menos a divulgação dos Naming Rights? “Mas a imprensa nos odeia, fazer isso vai ser ter crise todos os dias!” Em nenhum momento falei que ia ser fácil. Só que eu acho o momento até oportuno. Com a imensa quantidade de crise que temos aqui – e “normalidades” que aparecem no Beira Rio – é uma ótima desculpa pra mandar eles à merda e fortalecer a imagem do próprio clube gerando conteúdo. Como, aliás, tem sido feito, via youtube da Grêmio TV. E, quem sabe não rolaria uma “Pré-temporada Sky Grêmio 2015” com canal exclusivo para sócio e programação da Grêmio TV?

Mas é uma ótima ideia. O trabalho está só começando. Não cruzem os braços agora.

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8 + comentários

  • gabriel 11 de janeiro de 2014 - 18:02 Responder

    Excelente Post! Nada a reparar!

  • Gustavo A. Dapper 11 de janeiro de 2014 - 18:18 Responder

    Excelente idéia! O Grêmio deveria fazer isso, já que tem uma dívida com a OAS. É nas crises que surgem as melhores idéias.

  • Eduardo 11 de janeiro de 2014 - 18:19 Responder

    Cara com todo o respeito, o texto é excelente porém, tu não obriga um jornalista a divulgar o patrocinado, isso é o mesmo que comprar matéria, uma coisa lamentável em uma país que precisa cada vez mais de imprensa independente, isso causaria um mal para o tricolor e também ao jornalismo brasileiro.

  • Michel de Freitas 11 de janeiro de 2014 - 18:33 Responder

    Se preocupar com a imprensa? Jura?
    Logo eles que muitas vezes não tem o mínimo de respeito com o clube? Logo agora que a torcida ta mandando os “Zinis” e “Wianeys” a merda porque sabem que tem gente capacitada trabalhando no Grêmio?

    Tua ideia, Fagner, deveria ser planejada, estruturada, pra ontem, para que possa ser executada na primeira oportunidade. Talvez até na inter-temporada durante o período da Copa do Mundo.

    “Ah, mas todo mundo vai estar de olho da Copa!”. Tu que pensa! Eu não estou nem aí se vem fulano ou ciclano jogar no Brasil, eu quero é saber de Grêmio!

    Baita texto, como sempre!

  • Fagner 11 de janeiro de 2014 - 18:47 Responder

    Eduardo, é um evento do Grêmio. O Grêmio faz as regras de transmissão. É assim no mundo todo. Como tu pode ler, não falei em cobrar dinheiro de jornalista. Apenas cobrar que se fale o nome que o evento tem. Não quer falar? Não cobre.

    Tu está misturando as coisas. Não é podar para que só transmita quem paga. E a imprensa não diz o nome porque acha que a empresa tem que pagar pra eles. Não é toda a imprensa. Vai lá ver a Fox Sports: eles anunciam o nome do evento e dos estádios com os naming rights corretos. É opção das empresas jornalísticas cobrarem uma beira para divulgar o nome porque o mercado não se opõe.

    Saludos,
    Fagner

  • Agenda Negativa 11 de janeiro de 2014 - 20:39 Responder

    Achei excelente também.
    Parabéns.

  • gabriel 11 de janeiro de 2014 - 23:14 Responder

    Os parasitas da imprensa vivem do Grêmio (60% da torcida do estado) e só pensam em ferrar com o clube. Já naquele caso das ‘ovelinhas’, que gerou uma crise sem precedentes no Grêmio (em meio a uma libertadores), já deveria ter sido tomada alguma medida. Esse é um evento do clube, e deveria ser proibida a entrada de quem não falar o Naming rights. O grêmio agora possui um ótimo canal de comunicação, e o torcedor que quiser se manter informado que acesse as mídias do clube.

  • Marcelo k 11 de janeiro de 2014 - 23:37 Responder

    Concordo com o texto. O que fez o Cap é uma tendência daqui em diante.
    Os caras ganham com os anunciantes nos programas da rádio e tem as portas abertas no clube.
    Na verdade, alguém saberia dizer qual a vantagem de ter a imprensa comercial no clube? Se temos assessores de imprensa no clube! Estes deveriam criar tudo e passar adiante o conteúdo.
    Solidificar o canal de tv. Isso sim é o futuro. Ao invés de comprar um jogador, compra-se os direitos de um campeonato europeu. Pagam com as assinaturas.

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