Grêmio Libertador

Ninguém disse que seria fácil. #JuntosPeloTri

O Grêmio voltou a ser o mesmo Grêmio que vinha tendo dificuldades contra times fechados. Afinal, o que mudou? Ao invés de dizer o que aconteceu nesse jogo pra vocês, vou me concentrar no que não aconteceu: a criação de jogadas de perigo. Primeiro o adversário: o time deles é bom, muito bem montado (não é grupo da morte à toa). Não tem muita qualidade individual, mas tem um meio carregador de bola e o seu maior defeito é ser afoito. Isso provavelmente porque o treinador deles sabe as limitações que tem: o ataque é muito ruim. Por isso aproveita para chutar sempre que tem chance, mesmo da intermediária (e quase não entrou na nossa área, foi muito chute pra longe de fora).

E o Grêmio? Bem, mais uma vez o time não conseguiu sair de um adversário que defende no 4-5-1. Exatamente a mesma coisa que fazia a LDU até tomar o 2×0. Mas como é que fizemos dois gols na LDU? Miller Bolaños. Quando enfrentamos os times nessa formação, com Edinho e Maicon, lentos e que não tem a menor vocação de começar uma jogada, são justamente os que o adversário deixa sair com a bola pra começar a jogada quando estão defendendo. No 4-5-1 um da linha do meio fica esperando pelo volante que sai, geralmente o nosso capitão, e tira o pouco espaço que ele tem. Resultado? A gente roda, roda, roda, roda, roda, roda, roda, e daí roda, roda, roda, ad eternum, até perder a bola. Não tem espaço e, se não tiver a vitória individual, não tem jogo. Estamos dominados. Quem está pelo meio precisa sair da defesa pro meio campo para participar, os laterais já estão no mano-a-mano com os pontas, volantes postados, um inferno. Mesmo pra fazer a ultrapassagem fica difícil porque há um congestionamento e sobram espaços nas costas.

Como é bom ter batedor de falta! Fred fez seu primeiro assim. Foto: Lucas Uebel/Grêmio Oficial (via Flickr)

O que muda com o Miller? O Grêmio ganha o chutão. Sim. Pode parecer idiota, mas se tu for analisar a partida da LDU, o Geromel mandou vários chutões pro Miller. E aí ele dominava, geralmente conseguindo afastamento do zagueiro (por que ele manja muito disso e não ficar impedido) e esperava chegar gente AVANÇANDO com a bola na direção do gol. Se o zagueiro rateasse, chute. Se não ele começava novamente o lance em uma condição mais avançada, na intermediária ofensiva, porque ele ia sempre pro bico da área. Quando a gente tem o Henrique Almeida, ele tá mais interessado em se posicionar para fazer o gol. Ele quer definir a jogada e não se posiciona pra participar dela. O Bobô carrega ela pra lateral (como fazia o Barcos), precisando que alguém ocupe a posição dele lá na área. Uma defesa que não sai, que se posta em zona, o cara que entrar vai estar com marcação igual, o zagueiro não vai ser puxado. Só tem vantagem se tiver meio time nosso na área.

É o motivo do Roger implorar pro Maicon entrar na área. E ele não sabe fazer gol – o que torna o primeiro tento contra a LDU mais impressionante. Nesse jogo, o treinador deles policiou bem essa chegada. E aí ficamos sem meio campo, com dois blocos separados. Aliado a isso, a dupla disponível de volantes desarma pouquíssimo. Então, tende  a, quando sem a bola, formar uma linha de dois muito junta da defesa, dando toda a intermediária pro adversário tocar a bola. Junta aí gente que sabe carregar a bola e aí temos o péssimo volume de jogo que apresentamos.

Entendo a ideia do Roger tentar colocar um atacante de área no lugar do Luan. Ele deveria ser o desafogo. Porém, não dávamos chutões. E depois dos 30 do segundo tempo, quando ficamos sem meias, Everton e Fernandinho vinham cobrir em um 4-4-2 completamente insano, sem conseguir marcar e não tendo pra quem criar. O time deveria ter voltado pro chutão, com os quatro espetados, pra tentar dar tempo pra quem estava no meio chegar pra ajudar. Como eram dois velhos cansados de muitos jogos, não tinha como.

Eu já estou enchendo o saco há vários jogos: o Edinho fica completamente inútil nesse tipo de jogo. Precisamos do Giuliano (que não está rendendo sem a parceria do Galhardo) recuado, pra termos mais qualidade na saída, com velocidade e passes verticais. As poucas vezes que tocamos rápido, o meio deles não conseguiu desmontar a jogada. Cada pisada de bola do Maicon demora um século e meio. Deixa ele lá atrás, largando a bola pro Giuliano carregar e partir na velocidade se tiver sem opção. Aliás, assim que fizemos o terceiro gol contra o Glória. Quatro espetados e uma bola em profundidade pelo meio mesmo, do meio de campo.

Daquele jeito e com jogadores cansados, o esquema não ia funcionar de maneira nenhuma. Embora com mais chances claras de gol, o empate ficou. O primeiro gol do Fred de falta pelo Grêmio acabou ofuscado por um azar monumental do Grohe, que viu a bola cabeceada pelo adversário bater na trave e nas costas dele pra entrar. Colocamos duas bolas na trave, mesmo que o Geromel tivesse, mais uma vez, evitado um gol adversário. Dava pra ter tido um resultado melhor – mas, veja bem, temos condição de buscar esse resultado lá fora. E mais: uma vitória do Toluca (ou mesmo um empate dos dois) faz a gente virar o turno ainda em segundo. Calma. Temos tempo. Não é preciso vaiar. Pelo menos ainda não. #JuntosPeloTri

PS: sei que vou ouvir (como já estou ouvindo) gente falando que não devíamos ter jogado com os titulares no Grenal. O cansaço pegou? Óbvio, muito. Mas, como todo o planejamento, o pessoal só reclama quando não dá certo. A ideia era clara: uma torcida que tá há tanto tempo sem título quer qualquer porcaria. Até Copa Sul Minas Rio. Uma vitória simples no Grenal nos colocava a dois jogos de um título. E um título que podia vir urgentemente, ainda esse mês. Coisa que mesmo ganhando esse jogo contra o San Lorenzo, era bem mais difícil de acontecer, faltam muito mais rodadas. Então o caminho mais simples e rápido era a copa da Primeira Liga. Foi pra isso que o time titular foi em campo pro Grenal. Não pro Ruralito. Então qualquer resultado melhor que tivesse aparecido já iam esquecer de reclamar disso. Planejamento pode dar certo e errado. Esse deu errado. Isso não é burrice – foi uma aposta. Perder faz parte (embora não tenhamos perdido mais que o Miller, até o momento – o empate do Flamengo hoje nos colocou  a uma não vitória do Fluminense amanhã para classificar igual. Quanto a LA? Tudo super aberto ainda, com um final de semana de folga e reservas no Ruralito. Qualquer que seja o resultado de Toluca x LDU a gente termina o turno em segundo do grupo.)

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