Grêmio Libertador

Nosso macaco, nosso mico.

Eu estou tentando há dias traduzir no texto o que eu penso sobre a história do grito de macaco.

Quando eu voltei a morar em Porto Alegre que aprendi que colorado era macaco. E simplesmente como se coloca um apelido no colega da sala de aula eu passei a chamar todo colorado de macaco.

Alguns anos depois começou a se questionar o termo e eu busquei respostas para o apelido. Achei claro a resposta padrão dos torcedores em cima da arvore e das imitações que fazem da torcida do Grêmio. Pra mim bastou. Eu estava seguro de que poderia usar o termo sem maiores problemas. Eu acreditei nas respostas. Eu por não fazer essa diferença de raças não entendia que pessoas covardes se escondiam atras do meu grito de macaco.

Mas a menina, que talvez inocentemente, só repetia o que alguns também faziam e gritavam jogou por terra minha crença. Afinal que defesa eu poderia fazer ao termo se esse é um apelido colorado e o jogo era com o Santos. Só ai eu vi o tamanho da minha ingenuidade. A guria estava sim tendo atitude racista. E antes de pensarem que estou querendo incrimina-la digo que é bem o contrário. Acho que ela é vitima da nossa condescendência, da permissividade com a indiferença. E ai somos todos culpados.

É natural da nosso cultura transformar uma característica da pessoa em uma referencia dela. Se o cara é alto, baixo, gordo, feio, loiro, negro, chinês… isso vira alvo. Muitas vezes o apelido é inocente e inofensivo. De outras é cruel. Só que Macaco não é apelido. Macaco é uma comparação para dizer a outra pessoa que por ela ser de outra raça ela está em um nível abaixo do seu. É isso que a guria estava falando e possivelmente não estivesse se dando conta, pois é comum se gritar macaco aqui. Assim como é comum chamar os torcedores do São Paulo de Bambis e não se achar homofóbico. Todo mundo fala e o preconceito se dilui entre aqueles que não tem a intenção da ofensa real.

A verdade é que ofende. E eu não sei onde isso vai parar. Não sei se sempre foi assim mas as arquibancadas de futebol que eu convivi sempre foram território livre para todo tipo de impropérios. No passado imagino que deveria ser pior. Mas a realidade é que isso tem que mudar.  Pode parecer que vai ficar sem graça não poder gritar livremente qualquer merda que vier a cabeça mas quando tu começar a te policiar e agir de forma mais controlada as pessoas que realmente tem o sentimento racista e homofóbico vão gritar sozinhas e esses serão de fato culpados. E ai não teremos que aturar o mico de ser generalizado como uma torcida racista. Há racistas na nossa torcida mas não só na nossa. Na maioria somos apenas mau educados e indiferentes ao sentimento alheio.

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