“Dirigimo-nos à sociedade gaúcha e brasileira para registrar nosso mais profundo repúdio à forma como Sasha comemorou a conquista do Campeonato Gaúcho de 2016.
Da mesma forma, estendemos nosso repúdio a Johann Strauss. Não fosse este austríaco gozador popularizar de tal forma a valsa, Sasha não se sentiria impelido a bailar com a bandeirinha.
Dizemos mais: repudiamos as pândegas cortes europeias, por estabelecerem a tradição dos bailes de debutantes. Esta odiosa associação entre os 15 anos de algo e um baile é, claramente, um barril de pólvora a espera de um fósforo.
E vamos além: grave-se em bronze nossa mais absoluta repulsa à Humanidade, que desde os primórdios dedica-se irresponsavelmente a comemorações de toda sorte.”
Esta carta poderia seguir indefinidamente, até que a culpa do desconforto/raiva/inveja que sentimos naquele momento chegasse aos dinossauros, à sopa primordial, ao asteroide que trouxe as primeiras formas de vida à Terra, ao Big Bang.
E escrevo assim, na primeira pessoa do plural, para termos a exata noção do tamanho do ridículo que seria manifestarmos repúdio à forma como alguém comemora um feito que é seu e de mais ninguém.
A nota da torcida do rival publicada após o Grenal é o registro público de que não se sabe lidar com a parte que lhe cabe num domingo qualquer.
Mas ainda pior: é a tentativa de que se assine uma procuração dizendo “ok, posso ser chato/escroto/violento, porque veja só o que o outro fez”. É um pedido de “olho por olho, dente por dente” disfarçado pelo discurso quarta série do “foi ele quem começou”. É o uso enviesado do politicamente correto para esconder a própria barbárie.
A única coisa digna de nota sobre a comemoração do Edílson é o repúdio ao repúdio.
O resto, amigos, é futebol. E como diz o filósofo, no futebol se ganha, se perde ou se empata.
No domingo, ganhamos.