Grêmio Libertador

Novas receitas

Nada melhor que um profissional para trocar ideias sobre o mercado esportivo mundial e os rumos do futebol brasileiro. Por isso, inauguramos com esse post um espaço de colaboração do Daniel Gamba, gremista radicado nos EUA, que trabalha no ramo há mais de dez anos. A observação do mercado e dos movimentos do futebol profissional mundial é a principal base para poder formar opinião sobre se queremos ou o que queremos do futebol moderno implantado no Grêmio. Bem vindo, Gamba!

O futuro do futebol mundial passa por conseguir diversificar a geração de receitas em diversas categorias evitando dependência de uma só área. Explico: os clubes passariam a gerar receitas como uma carteira/portfólio de investimentos, diversificando as áreas de captação de recursos e minimizando assim os riscos. Além da diversificação das receitas, importante ressaltar o aumento no valor relativo ao total da geração de recursos referente ao MATCHDAY (arrecadação em dia de jogo). Essa simples constatação é facilmente observada numa breve análise das receitas dos 5 maiores clubes de futebol no mundo. Os dados podem ser vistos no infográfico abaixo.

Principais receitas dos cinco clubes mais ricos

Analisando o ranking da Deloitte Football Money League 2014 (reporte completo aqui), temos um resultado interessante. Em quinto lugar aparece Paris Saint Germain com quase 400 milhões de Euros em receita, sendo 13% do total só em dia de jogos. Em quarto, Manchester United com cerca de 425 milhões de Euros em receita, 30% em dia de jogos. O terceiro colocado é o Bayern de Munique, com quase 435 milhões de Euros em receita e 20% disso nos Matchdays. Em segundo vem o Barcelona, com quase 485 milhões de Euros, 24% receita de Matchday. O campeão em arrecadação é o Real Madrid com quase 520 milhões de Euros, sendo 23% em dia de jogos.

Quando comparamos somente os 5 maiores clubes de futebol do mundo de acordo com o estudo, podemos observar ainda que o campeão de arrecadação no Matchday é o Manchester United, com valores absolutos passando os 127 milhões de Euros. Quando o quesito a ser analisado é o Comercial, ninguém chega perto do PSG, com valores absolutos maiores do que 255 milhões de Euros. Na arrecadação somente com os contratos de Televisão, podemos dizer que há um empate técnico entre Barcelona e Real Madrid, que beneficiados pelo contrato individual (cada clube negocia por si, como é no Brasil atualmente) de TV na Espanha, alcançam valores extremamente significativos, e muito acima da média, arrecadando, respectivamente, mais de 188 milhões de Euros e 186 milhões de Euros. Na média geral, os cinco maiores do mundo, tem 22% de suas receitas provenientes do Matchday, 47% da área Comercial e 31% dos contratos de TV. Como vocês podem ver, não existe uma dependência expressiva de uma específica área, como é observado na maioria dos clubes do Brasil, que segundo alguns especialistas, são reféns da televisão e dependentes quase que exclusivamente da venda de jogadores. Basta um pouco de criatividade, conhecimento e planejamento pra se mudar esse panorama. Não será da noite pro dia, mas com o tempo, poderemos sim ver um maior equilíbrio na geração das receitas no futebol Brasileiro.

Daniel Gamba é Vice Presidente Executivo na Cartan Global, Sócio-Diretor na iSportsMarketing e Sócio-Investidor no Lane United FC. Para saber mais sobre o autor, visite www.about.me/DanielGamba

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