Grêmio Libertador

O 10 em 15 como meta

O campeonato brasileiro tem 38 rodadas para disputar. É um campeonato longuíssimo. Nesse meio tempo, um monte de coisas acontece em matéria de rendimento. Há momentos em que time X está voando; noutros o Y engrena; daqui a pouco o Z está lá em baixo, mas mete uma sequencia de bons resultados. O time lá da ponta perde cinco ou seis jogadores por lesão ou pela abertura da janela e oscila. Em 13 anos de pontos corridos (10 no formato 20 clubes) já vimos muita coisa acontecer. Porém, uma delas é quase rotineira: o mais regular, vence.

Corinthians e Cruzeiro, que dominaram os últimos 5 anos, mostram essa receita. Em alguns momentos sem vencer os adversários diretos pelo título, ou trocando pontos com eles. Mas, invariavelmente, vencendo os adversários da parte de baixo da tabela. É admissível ir no Palestra Itália e perder pro Palmeiras. No ano passado ficamos 13 pontos atrás do Corinthians. Foi uma distância absurda. Porém, fizemos 2 pontos contra a Ponte (11º), 1 contra o Coritiba (15º), 0 contra a Chapecoense (14º) e 2 contra o Fluminense (13º). Se “trocássemos” pontos com eles, teríamos terminado o campeonato com 75 pontos. Se tivéssemos conseguido fazer 4 pontos em média contra eles (uma vitória e um empate) já dava 79 pontos.

É aí que está a grande diferença entre uma campanha boa e uma campanha de campeão. Para conseguir os 81 pontos do Corinthians de 2015, basicamente, é preciso fazer 3 em 6 pontos entre 2º até o 8º; fazer 4 em 6 entre os 9º até 14º; e 6 em 6 nos 15º até o 20º. Ou trocar pontos com 8 equipes, vencer uma e empatar outra com 6 e vencer as duas de outros 6. Isso parece difícil? Ora, porque é difícil. Os 81 pontos do Corinthians foram um recorde para esse formato. O anterior eram os 80 em 2014, do Cruzeiro. Tivemos ainda 76 em 2013 (Cruzeiro), 77 em 2012 (Fluminense). 71 em 2011 (Corinthians), 71 em 2010 (Fluminense), 67 em 2009 (Flamengo), 75 em 2008 (São Paulo), 77 em 2007 (Santos) e 78 em 2006 (São Paulo). A média dos resultados é de 75 pontos para ser campeão.

Por isso sugiro que usemos uma métrica para acompanhar o desempenho do Grêmio: 10 em 15 pontos. Não que isso garanta título (não garante), mas são metas menores para conseguirmos ir monitorando ao longo do campeonato, como pontos de checagem em uma maratona. O período de cinco jogos é ideal para que possamos ter uma ideia de tendência sem esperar demais para corrigir a rota (mudar um titular, buscar reforços, etc). Esse aproveitamento (66,67%) dá um resultado final de 76 pontos. Ou seja, é um a mais do que a média dos campeões nos últimos dez anos. Não daria título em 2015, 2014, 2012 e 2006. Empataria em pontos com o líder em 2013 (poderia ser campeão pelos critérios), mas venceria as outras cinco edições. Então, empiricamente, tem sido o suficiente para garantir 50% dos títulos (os 74 do pofexô só garantiriam 30%).

A outra vantagem de checar a cada cinco rodadas é que divide o campeonato em sete períodos, sobrando a reta final com mais três. Assim, se na 35ª rodada terminarmos com 70 pontos (todos os períodos com 10 de 15 pontos), ainda temos tempo de mobilização de torcida e elenco para conseguir um 100% no final e ir a 79 (o que historicamente deu título em 80% das vezes). Mesmo nos dois casos que o campeão fez uma pontuação maior, o campeonato só seria decidido na última rodada – o que dá muito mais pressão e chance de erro pra quem está na frente. Nos dois casos de quebra de recorde de pontos os campeões já sabiam que tinham o título com três rodadas de antecedência (o que não aconteceria se um concorrente tivesse com 70 nessa altura).

No primeiro dos 7 check-points já tivemos sucesso. Para o segundo, depois da vitória contra a Ponte, faltam 7 em 12. Temos Fluminense e Chapecoense fora, Cruzeiro e Vitória em casa – ou seja, pra nos mantermos com 10 em 15, precisamos vencer as duas em casa e somar mais um ponto fora. Dá pra fazer e até superar. Os dois últimos jogos dessa sequência são na Arena. Ou seja, precisamos de casa cheia para garantir isso.

Pensem nisso antes de decidirem não ir a um jogo ou criticar toda a temporada por uma derrota. Com 41 vitórias, 16 empates e 17 derrotas, o Grêmio com o Roger no comando tem 62,6% de aproveitamento (o que daria 71 pontos no final).

Roger já tem 41 vitórias e 62% de aproveitamento. Foto: Lucas Uebel/Grêmio Oficial (via Flickr)

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