Grêmio Libertador

O 7×1 da imprensa

O Brasileirão está de volta. Com ele, a cobertura jornalística esportiva se volta para os clubes. Não quero abordar aqui as notícias do dia a dia, que parecem estar cada vez mais reféns da busca desenfreada por cliques, curtidas e seguidores, e sim falar da análise do jogo.

A Copa do Mundo nos mostrou belos e maus exemplos de como se contar a história de uma partida. Se por um lado vimos o uso da tecnologia, de estatísticas, mapas de calor e táticos nas análises, do outros tivemos o uso de velhos clichês como se o torneio fosse o de 1950.

Claro que alguns chavões ainda se fazem valer, mas penso que não podemos mais explicar o resultado de um jogo usando os mesmos métodos de antigamente. Se o esporte evoluiu, sua cobertura também precisa seguir o mesmo caminho. Além disso, os profissionais precisam acompanhar tais mudanças, se qualificando e buscando a cada dia mais embasamento para seu trabalho.

Se o esporte evoluiu, sua cobertura também precisa seguir o mesmo caminho (Foto: fifa.com)

Sinto falta de análises táticas e uma boa leitura da partida por parte da maioria de nossos comentaristas. Os bons comentários ocorrem, é claro, mas isso deveria ser mais presente, ao invés de observações cruas. Outro fato a se lamentar, é que a maioria das análises modernas e com qualidade está na TV fechada, a qual nem todos têm acesso.

Cito ainda a falta de conhecimento mais amplo sobre os jogadores que estão em campo. Quanto mais informações o jornalista (ou ex-atleta que ocupa a função de comentarista) conter sobre quem está jogando, mais fácil será ele analisar seu comportamento tático e técnico. Até porque, o público atualmente também tem acesso as informações, coisa que não ocorria no passado, isso faz com que ele possa tirar suas próprias conclusões sobre o que está vendo.

Posso estar sendo exigente, não sei se de fato o público que consome futebol busca isso durante as transmissões, mas é notório que num esporte em que todo mundo dá seu palpite, a imprensa precisa dar argumentos de qualidade para que cada um possa somá-los à sua opinião.

A grande mídia deve estar atenta ao crescimento de sites independentes, como o nosso, por exemplo, em que grandes análises já são feitas. Eles atraem a cada dia mais torcedores, que se veem carentes de tal conteúdo nos principais veículos do país.

Se a derrota contra a Alemanha fez todo mundo refletir sobre o nosso futebol, penso que a mesma reflexão deve ser feita sobre a nossa imprensa. Uma cobertura com qualidade, certamente ajudará nessa revolução que o futebol brasileiro tanto necessita.

Comparilhe isso: