Grêmio Libertador

O que a punição do Suarez mostra sobre o Futebol?

A Copa das Copas não podia ficar sem a maior polêmica da história das copas. E não foi aquela história do entrou, não entrou, tão comum em outras copas. Nem gol de mão, como o Maradona em 86. Nem classificar seu time defendendo uma bola sem ser goleiro – como o Suarez fez em 2010. Nem mesmo a cabeçada do Zidane em 2006. Ou o “sucesso” da Coreia em 2002. A polêmica maior é o extracampo. A punição fora das quatro linhas que o Luis Suarez tomou da FIFA: está fora de 9 jogos de torneios FIFA e 4 meses de qualquer partida. Há quem apoie a decisão (eu, por exemplo). Há quem ache uma afronta aos campeonatos, um risco para a segurança das decisões de jogo em torneios, uma injustiça com um gênio, contra todos os jogadores sanguíneos, contra o sentimento no futebol.

Suarez foi punido por um acúmulo de imbecilidades. Na Copa do Mundo de 2010 empolgou milhares com a defesa do gol certo de Gana, que eliminaria o Uruguai nas quartas. Uma atitude antidesportiva, mas que, ora bolas, quem não faria? Calor do jogo, etc. Gana perdeu o pênalti, ele perdeu a semi contra a Holanda, e seguiu o baile. A FIFA só deu o protocolar um jogo de suspensão. Quando era jogador do Ajax, mordeu um jogador do PSV no meio de uma discussão. Morder não é algo normal, do jogo, como um pênalti. Cabeça quente? Seja como for,  levou 7 jogos de suspensão por isso na Eredivise, não afetando a Champions League. O lance não foi punido pelo árbitro, que não viu. Tempos depois, foi para o Liverpool. Em um jogo contra o Manchester United, disse que o Evra era “negro” e que “não falava com negros“. Tomou oito jogos e multa. Depois, mordeu um zagueiro do Chelsea. Levou mais 10 jogos de suspensão. Isso só para ficar nos fáceis. Na Inglaterra, por exemplo, não chamam os “cai-cai” de Neymar. Pra eles é Suarez.

De Leon com a camisa do Grêmio comemorando a Copa Ouro, em 81 (isso mesmo). Via Grêmio Copero

Se tem algo que não se pode alegar é que há perseguição contra o jogador. Ele apenas está sofrendo punições sobre alguns dos seus atos. É natural (embora incompreensível) que a Federação Uruguaia acuse a imprensa de perseguição contra o atleta e, mais, contra o Uruguai – visto que os ganenses podiam alegar que não houve punição severa em 2010 só porque foi contra um time africano. Mas a defesa ainda incondicional do jogador da parte de diversas pessoas não diretamente envolvidas com o caso mostra uma coisa mais importante que os próprios atos dele: se é do “meu time”, tá liberado. A admiração de gremistas ao Uruguai vem desde 1983, pelo menos. Nossa maior conquista contou com a garra deles. É natural ter algum carinho pelos charruas. Mas isso não impede um uruguaio de se portar como um idiota. Nem o fato de ser um jogador do Grêmio, ou um ídolo do futebol mundial, tira a imbecilidade de um ato.

Todo esse apoio desmedido a um cara com uma longa carreira de antijogo, deslealdades e maucaratismo me faz pensar. Se ele fosse jogador Croata, a defesa seria a mesma? E se ele não tivesse sido o melhor jogador da Premier League esse ano? E se ele jogasse na Turquia? E se ele fosse colorado? Só sei de duas coisas: se ele fosse uma mulher, ia ser chamado de histérica e iam pedir intervenção clínica psiquiátrica. E se ele tivesse dado um beijo na boca do Chielini e assumido um romance com o jogador, todo esse apoio virava pó. Se tu acha exagero, é só lembrar que acusações de agressão doméstica contra dois jogadores do Grêmio não foram problema para eles fardarem aqui (“Ah, não é nada, é coisa das mulheres deles que são umas pragas”), enquanto o Richarlyson não pode nem ser cogitado pra volância no Grêmio. Agora, cogita esse “marginal” uruguaio pra ver. Chega com festa no aeroporto e tudo.

Bom futebol não pode ser desculpa pra ser imbecil. Nem ser do meu time. Pensem nisso.

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