Grêmio Libertador

O vazio da Arena

Ontem tive uma bela discussão no twitter sobre valor de ingressos, novos sócios, etc. Discussão no sentido de exposição de ideias e posicionamentos. Isso me fez mudar o tema do meu post de hoje, e abordar esse assunto usando um espaço onde consigo me expressar de uma forma mais clara.

A situação atual da ocupação da Arena é a seguinte:

– Espaço da Geral: sempre com bom público

– Restante dos espaços próximos ao campo: com jogo importante público razoável, fora isso público ridículo.

– Cadeiras Gold: público variando de ridículo para inexpressivo

– Camarotes: abaixo da linha da miséria

– Cadeiras superiores: Acima da Geral e corners de bom a razoável

– Cadeiras centrais: de bom a razoável, mas somente porque muita gente dos corners ocupa esse espaço.

Fica muito claro que a Arena foi superestimada, foi feita para o Barcelona ou o Manchester. Copiaram o modelo europeu, mas esqueceram que a renda do brasileiro é muito menor. Um casal com um filho não gasta menos de R$300,00 num jogo. Façam as contas: 3 ingressos de R$80,00, estacionamento por R$30,00, 3 pipocas e 3 refris mais R$30,00 = R$300,00. No Olímpico, o sócio comprava ingresso de acompanhante por R$ 40,00 e o piá se tivesse menos de 12 anos passava direto. Eu entendo que a Arena é outro padrão de conforto, mas isso é o mesmo que me oferecer uma Ferrari de um milhão por 500 mil, vou entender que é metade do preço, mas mesmo assim não cabe no meu bolso.

E não venham me dizer que o foco é o torcedor com maior renda, o foco até pode ser, mas ele não atendeu, é só olhar pras cadeiras gold e os camarotes. O fato é que quanto mais caro é o lugar menos gente tem. Isso prova que a Arena é muito cara para todas as classes sociais, sem exceção. Quem deveria estar nos camarotes está nas cadeiras gold, o target da gold está no gramado, o do gramado lá em cima, o pessoal lá de cima na geral e o mais triste, quem deveria estar na geral, está em casa.

Na discussão de ontem surgiu uma opinião dizendo que 70% dos lugares deveriam ser fidelizados e o restante para ingressos avulsos a preços mais caros. Ok, concordo, mas o problema é que a fidelização está muito cara. E isso não é a minha opinião, isso é o que os espaços vazios estão dizendo. A Arena vende pacotes com acesso livre a todos os jogos em todos os setores e eles continuam vazios, exceto onde? Onde o ingresso tem um preço acessível.

Qual a solução? Tornar a Arena mais atrativa ao torcedor

Como tornar a Arena mais atrativa? Ajustando a relação custoXbenefício do produto.

O segredo é esse, ajustar o custoXbenefício, Hoje uma boa parte dos torcedores não considera adequada essa relação. E o resultado disso é que ele deixa de comparecer a Arena, ou ocupa lugares mais baratos.

E o que a administração da Arena tem feito em relação a isso? Basicamente nada. Querem um exemplo? Lá vai: sou sócio com acesso livre. Pago R$120,00 para acessar um corner nas cadeiras superiores. Sou um torcedor assíduo, vou a praticamente todos os jogos. Bem, um sócio com o meu perfil, pode ser enquadrado como um sócio satisfeito. Estando satisfeito, posso estar disposto a gastar mais, sendo assim seria lógico que nesse quase um ano de Arena eu tivesse recebido uma dúzia de emails perguntando se eu não gostaria de fazer um upgrade, mudar o meu local por um mais nobre, mais próximo ao campo. Pois é, mas isso não aconteceu comigo, nunca recebi nenhum email da Arena. E antes que alguém venha me dizer que não fizeram isso porque pelo contrato não é possível, já adianto que sim é possível.

Ações como essa que eu citei deveriam ser corriqueiras, mas não são. A Arena é administrada por gente de visão curta que olha somente para o jogo de hoje, gente que não entende que é preciso encher a Arena contra o Corinthians na quarta, porque isso pode, na pior das hipóteses, proporcionar uma partida a mais, que com certeza irá lotar. Cada partida na Arena deveria ser analisada de forma particular e estabelecida uma estratégia que contemplasse faturamento e ocupação com igual importância, mas o que vemos é exatamente o contrário.

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