Grêmio Libertador

Para mim, chega.

Bem, depois do que foi dito pela diretoria do nosso co-irmão na tarde de hoje, a tal denúncia na FGF, vou partilhar com vocês uma ideia que tenho faz muitos anos. Já vi aqui milhares de vezes gremistas defendendo que não existe racismo no termo “macaco” e que o mesmo, como “porco”, “urubú”, etc., já foi assimilado pela torcida do Internacional e hoje não tem mais significado do que o peixe do Santos ou a raposa do Cruzeiro. Que, inclusive, seria um apelido que teria pego em função de que alguns torcedores viam o jogo em cima de árvores nos eucaliptos, ou que repetiam coisas que a torcida do Grêmio fazia, e que imitar é característica de macacos em interação com homens. E que o pai de Lupicínio Rodrigues sofreu preconceito racial quando tentou entrar para o “time do povo”.

Olha, não estou nem aí se isso é ou não verdade. Também não vou ficar aqui reinventando a roda e “denunciando” que existem sim racistas no Olímpico e que também existem na beira do lago. A única novidade que eu tenho para vocês, agora, é que, para mim, chega de procurar justificativas estúpidas que não mudam em nada um fato: usar o termo “macaco” é racismo. Não existe um contexto diferente onde o termo possa ser usado em relação a um ser humano sem que isso seja ofensivo. Acho que a única coisa que faz do macaco melhor que um humano é que ele não parece ter preconceito de cor.

Ah, tu não concorda comigo e vai insistir nas mesmas historinhas de sempre? Tudo bem, é um problema teu. Mas não pensa que esse teu comportamento vai passar impune para o resto da vida. Mesmo que não tenha nenhuma implicação desta vez, continuar cantando a palavra “macaco” vai continuar sendo denunciada. E cada vez menos a sociedade vai aceitar que isso passe assim, na boa, porque a desculpinha é muito fraca. Isso vai acabar numa punição de 10 jogos em casa, no momento que mais precisarmos, como já ocorreu várias vezes. Vale mesmo a pena correr esse risco por um termo que, como já disseram, “na verdade” é mais importante para o marketing deles do que para a nossa torcida?

Posso não falar pelo Gremio Libertador aqui. Mas falo como um cidadão gremista que, por ter decidido não pronunciar a palavra macaco para se referir a outro ser humano, seja quem for, tem que se contentar em não cantar a maioria das músicas que se ouvem no nosso estádio. Falo como alguém que não tolera injustiças e está completamente indignado com o escudo que a nossa torcida tem dado ao mais rasteiro tipo de ser “humano” que existe: o preconceituoso. Se tu não é racista, então não alimenta quem é. Chega de chamar alguém de macaco. Quem se acha melhor do que o outro não chega nem perto de ser alguém.

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