Grêmio Libertador

Racismo não é questão de opinião

A torcida do Grêmio não é racista. 

A maior prova disso é que ontem, contra a Chapecoense, nenhum registro de infâmia racial foi captado pelas zilhões de câmeras à la Big Brother instaladas na Arena desde aquele fatídico dia 28 de agosto (quase um mês atrás).

Por que isso aconteceu? Simples: porque eu não sou racista. Muitos outros torcedores não são racistas. A maioria de gremistas não é racista.

Mas, infelizmente, muitos torcedores do Grêmio são burros.

Por quê eu acho isso?

Porque eu não consigo encontrar outra explicação para o que aconteceu quinta-feira passada, quando recebemos novamente o Santos do Aranha na nossa casa. E esperei pacientemente o jogo contra a Chapecoense pra escrever – e pedir a ajuda de vocês pra tentar entender.

Racismo não é questão de opinião. O Aranha foi, sim, vítima de racismo dentro da Arena – fato esse flagrado pelas câmeras de TV. Se ele foi malandro, se foi mal caráter, se foi malvado, bobo, feio, isso não é a questão. A questão é: o racismo aconteceu. E racismo é crime no Brasil.

E justamente porque eu to afirmando que a torcida gremista não é racista, e sim aquele bando de infeliz que gritou “macaco” para o Aranha, ou grita “macaco” com a desculpa que isso é folclore clubístico, eu só posso chegar a conclusão que a nossa torcida não é das mais inteligentes.

Porque não existe outra explicação para definir quem grita para o Aranha, um homem negro, com o intuito de agredir, “vai seu Branca de Neve”, como uma pessoa inteligente.

Primeiro, porque isso foi uma agressão tão ou mais racista que a do dia 28 de agosto. E segundo, porque todos nós gremistas sabíamos que aquelas zilhões de câmeras do Big Brother iriam estar procurando imbecilidades como essa.

Eu posso discordar com o Aranha, que achou que todas as vaias contra ele eram reflexo de pessoas apoiando o racismo.

Não, Aranha. Tu sabe, e eu sei, que isso não foi apoio ao racismo. Obviamente tu sabe que é persona non grata na Arena. NUNCA PELA SUA COR, mas muito provavelmente por suas atitudes antidesportivas em campo – e por isso tanta gente te vaiou semana passada.

Mas eu não posso achar que integrantes da nossa torcida, ao tentar “agredir” ele, um homem negro, aos berros de “alemão” ou “branca de neve”, depois de tudo o que aconteceu, não deixem de ser racistas. Ou burros.

Chega hora que chega.

Isso é coisa de guri mimado e turrão que não consegue entender a hora de parar. E geralmente só entende quando acaba de castigo.

No caso de pessoas adultas, o castigo é a prisão. No caso do Grêmio, muito provavelmente, esse castigo vai vir na confirmação da desclassificação na Copa do Brasil. No prejuízo à imagem do clube. Na pecha de racista que todos, culpados ou não, enfrentaremos por muitos e muitos anos.

Agora me ajudem: isso foi inteligente?

Esse joguinho ridículo de semântica é coisa de quem conseguiu entender a gravidade da situação? Seja ela o que “racismo” significa, ou o que isso significa para o clube e seus milhões de torcedores?

Nesse cabo de guerra, quem vai sair perdendo?

Ou melhor: será assim tão difícil entender que, independente dos seus atos em campo e entrevistas para a imprensa, até agora só existe uma vítima nessa história. E essa vítima é o Aranha?

Vou repetir: racismo não é questão de opinião.

Não importa o que você ache. Não importa o que o David Coimbra ache. Não importa o que o Preiss ache.  Simplesmente não importa.

O que importa é que A ÚNICA MANEIRA DE NOS TORNARMOS VÍTIMAS NESSA HISTÓRIA É SE NOS FIZERMOS DE VÍTIMA. (Sim, isso que acusaram o Aranha de fazer, é exatamente o que atitudes como o chamar o cara de “branca de neve” faz.)

Se tu ainda não entendeu o que eu quero dizer, me responde com toda a sinceridade, por favor: por que contra a Chapecoense nós fomos perfeitos, civilizados, educados, e contra o Santos caimos nas armadilhas da imbecilidade? 

Não, não somos racistas. Mas infelizmente, anda faltando inteligência pra nossa torcida.

http://globoesporte.globo.com/jogo/brasileirao2014/21-09-2014/gremio-chapecoense.html

 

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