Grêmio Libertador

Clichê: Grêmio 1×0 Bahia

Se eu gostasse de clichê faria um post aproveitando alegorias do dia dos namorados. Afinal, a torcida do Grêmio é uma apaixonada. E o relacionamento dela com o time é arrebatador. Daqueles que beira o irracional, que desdenha o Luan e se rasga pelo Miralles. Que prefere Saja ao Grohe, o goleiro batedor de pênalti ao que defende pênalti. Essa paixão nem sempre correspondida, que cobra um preço alto (nos ingressos) mas que tá sempre ali. Na boa e na ruim.

Mas eu não gosto de clichê. Então não vou dizer que o Grêmio chamou sua enamorada torcida pra sair. Aproveitou a boa fase e apostou no restaurante padrão europeu: La Posse du Bola. Era pra ser assim, com desfalque do seu maior goleador, que abre defesas e permite ao Luan desfilar o seu futebol entre linhas. Uma escalação coerente. E deu errado. Sim, o cardápio era bom, mas, pra variar, o restaurante tava lotado. 8 na defesa, em duas linhas de quatro, tiraram todo o brilho. Assim, não tava dando pra engolir quando terminou o primeiro tempo e a única alegria tinha sido uma tentativa de cobertura do Pedro Rocha. O elogiado ataque não andava, parecia o do ano passado.

A ideia de clichê ficaria prejudicada na hora de tentar arrumar uma maneira de fazer uma alegoria ao segundo tempo. Os times voltaram sem mudanças. Seria o momento da chegada da sobremesa? A vontade seria de sair daquele lugar, lotado. Mas o preço era caro: perder em casa, assim, cobra a conta lá na frente. Se ao menos o Grêmio escolhesse o feijão com arroz, um Tudo Pelo Social com Everton já no início. Se o Gata Fernandez estivesse ali, se o Miller já tivesse voltado. Mas não. Pra tentar arrumar, então, poderia dizer que a entrada do recém artilheiro no lugar do Arthur era investir em um pudim de leite com chocolate. Não tem como ser ruim.

Mas já tava muito difícil. O barulho era intenso, Pedro Rocha errando, tava tudo arruinando a ideia de um texto clichê de jantar de namorados. Parecia que todos pegariam o Uber pra cada um ir para a sua casa, ou pra mesma casa, mas em camas diferentes. Fernandinho na vaga do Rocha foi tipo uma bala de Mumu que adoçou o cafezinho já na fila, em pé, quando o Lincoln substituiu o Maicon. O 8 cansado como a ideia de cometer clichês.

Uns vinte mil abraçados, se amando. Foto: Lucas Uebel/Grêmio Oficial (via Flickr).

Eis que, enfim, o Grêmio resolve resgatar o clichê. Aos 40 do segundo tempo, Luan, a joia, no escanteio escorado pelo Geromel, pro Cortez meter pras redes. Sim, aos 40 choveu, choveu pingos de amor e a gente já era, outra vez nós dois. Aquele Grêmio salafrário, aquele Grêmio que os amigos dizem que não presta, que nos levam pra final de Libertadores e levam cinco do Boca. Aquele Grêmio que nos ilude, que nos compra com presenças na Copa, estava lá, lindo, segurando o segundo lugar, de joelhos.

Obviamente, transamos. Só pra fechar o clichê.

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