Grêmio Libertador

Eleições escancaram a negligência dos grupos políticos do Grêmio

Foto: Lucas Uebel/Grêmio Oficial (via Flickr)

As eleições que renovaram 50% das cadeiras de Conselho deliberativo (CD) do Grêmio para os próximos SEIS anos acabaram. Eis os resultados finais: dos 38 mil aptos a votar, cerca de 6500 gremistas efetivamente o fizeram. Desse total, 1900 de maneira presencial e 4600 pela internet. A chapa 1, do Grêmio do Prata, ficou abaixo da cláusula de barreira e seguiu sem eleger ninguém. A 2, do Danrlei, ficou em penúltimo, com 19%, elegeu 34 membros. Praticamente empatada com a 3, dos caras que salvaram o Guerreiro, que elegeu 35. Em primeiro ficou a situação, com 46% dos votos e 81 conselheiros.

E, pra variar, muita gente nas redes sociais foi lamentar a falta de participação do associado. Então, me obriguei a repetir o post pós-eleitoral de 2013. Não vou repetir tudo o que eu já disse naquela época, mas quero chamar a atenção para um dado. Em 2013 também eram 38 mil os aptos, mesmo com menos sócios. Mas 8500 foram os votantes.  Comparando esses números, parece um decréscimo no número de envolvidos de 22% para 17%.  Porém, não é bem assim. Naquela eleição foram 1260 pessoas divididas em 7 chapas. Agora, 720 em 4. Proporcionalmente, a cada 7 votantes, um era candidato. Agora, a proporção mudou: em cada 9, 1 era candidato – ou seja, um aumento. Se em 2013 85% dos votantes não estavam nas nominatas, agora foram 88%.

Então não podemos afirmar que a quantidade de envolvidos diminuiu. Manteve uma proporção: menos candidatos, menos eleitores. Isso é meio óbvio, já que as pessoas tem parentes. E isso escancara que os movimentos políticos do Grêmio estão, cada dia mais, minguando. Fazendo política para si e, muito mais grave, entre si. Em três anos não haver mais envolvimento significa que o CD não devolve pro sócio um mínimo que valha a pena. Só os diretamente envolvidos e alguns fanáticos se importam.

70% dos eleitores votaram pela internet. Eu vivo na internet. Você, que está lendo, provavelmente também. Redes sociais, e-mail. E nenhuma das 4 chapas veio me perguntar o que eu quero do Grêmio. Mesmo a chapa 1, do Grêmio do Prata, que fez a sua campanha em cima do Grêmio que eu Quero, veio falar comigo. E não é que eu não tenha tentado. Assim que começou a campanha me dirigi para elas com uma questão:

Sabe quantas chapas me responderam? Isso mesmo. Nenhuma. A chapa “Danrlei” nem tinha uma @ pra qual pudéssemos mandar perguntas. Todas apenas sabiam dizer “vote em mim que eu te farei campeão”. Como se o CD entrasse em campo para fazer gols. O trabalho do CD deveria ser melhorar o clube, ampliar o número de sócios, promover a integração clube-torcida, pensar em preços de ingresso, novas formas de associação. Não títulos. Essa é uma preocupação que deve ser do futebol. O CD não pode atrapalhar o futebol. Vazar informações, legislar em causa própria. Justamente o que faz (afinal, se reelegeram conselheiros que nem deveriam estar mais no Conselho de tantas faltas – como o Minwer, ex-conselheiro, explicou aqui).

Então, caros CHAPISTAS, antes de sair chorando no Twitter, trabalhem. Mas trabalhem de verdade. Criem foruns, perguntem AO TORCEDOR, AO SÓCIO, saiba por que não somos todos sócios, saiba que temos 50% de público feminino (e que, como a Cris Charão previu ontem, DUAS mulheres foram eleitas em 150 nomes, 1%). Que LGBT gostam de futebol e nem sonham ir ao estádio. Que tem negros que não gostam do Grêmio só porque acham que o clube é racista. Lutem para que o Grêmio inclua. Se não, vocês vão continuar votando entre si em vocês mesmos. Inversamente proporcional aos seus egos.

PS: eu não votei mais uma vez. Pra mim, inclusão é prioridade. Só votarei em quem fizer força para isso.

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