Grêmio Libertador

Era outro jogo

A primeira coisa que mais me irritou hoje é, parece, ninguém ter percebido que o Santos que veio jogar aqui não era o Santos que jogou a Copa do Brasil. Explico: ao invés de ter aquele técnico famoso por fazer times competitivos (e, geralmente, faltando alguma coisa) e jogar de igual pra igual aqui, na Bombonera ou no Cáucaso, não estar mais treinando a equipe. Veio pro jogo um Playmobil de tendência Rothiana. Era óbvio, portanto, que seria um jogo muito complicado em razão do não-jogo que teríamos que enfrentar.

Felipão foi extremamente conservador ao manter o esquema que vinha jogando bem contra times abertos e parindo uma bigorna contra times fechados. Porém, principalmente uma bigorna precisa de uma ajudinha para ser parida. E essa ajudinha passava por três situações: o Fillipe Bastos jogar entre as linhas de defesa do adversário, forçando o erro e puxando contra-ataques; a entrada na área do Giuliano para ajudar o Barcos; a própria presença do Barcos. Não tínhamos duas três coisas. Os zagueiros não tem medo do Lucas Coelho e jogam bem tranquilos. E, pra ajudar, o filho do Ender sabe jogar como time pequeno.

Mesmo com duas boas conclusões (uma no poste), o Coelho perdeu o gol mais feito. Foto Lucas Uebel, Grêmio Oficial

O Santos veio com um 4-2-3-1 claríssimo pro jogo. Defendia no manjado 4-3-2-1, com o Robinho bem aberto dando combate no nosso pior lado (ou seja, qualquer um dos dois que quisesse, mas no Rodriguez). Como tinha sempre no mínimo dois entre as linhas, o Bastos não achou espaço, não marcou, não apoiou, não fez absolutamente nada. Mesmo quando o Luan descia e dava o mano a mano, o cara não entrava na ponta e perdíamos um atacante para armar. Mas, mesmo assim, essa foi nossa melhor jogada: Dudu ou Luan descer para o meio e, de frente para a jogada, lançar para o atacante em velocidade. Assim quase fizemos o gol duas vezes no primeiro tempo e cavamos diversos escanteios. Enquanto isso, o Grohe ficou fazendo polichinelo.

Antes do fim o Riveros já estava aquecendo. Estava completamente óbvio que precisávamos de mais alguém junto com o Lucas para enfrentar a defesa quando ela estava montada. O lateral marcava o ponta quando ele ia pra ponta; o volante que subia para ajudar na tabela ficava marcado e o lateral quase não podia subir porque tinha alguém sempre nas suas costas. E, mesmo quando ia no fundo,  tinha que mandar para um brigar contra dois zagueiros, com um lateral sobrando. O paraguaio é o único além do Giuliano dos meias do Grêmio que não tem medo de fazer isso. Aliás, El Loco chega muito bem na frente e foi um diferencial com o Renato por isso. Ele deu uns dois piques, quase cabeceou uma bola e quase chegou  para dividir com o Aranha uma enfiada de bola. E MORREU. O que era de esperar de um cara com mais de 30 e diversas semanas parado.

Pra mim era claro:  a única maneira de fazermos gols era com alguém enfiando bolas de trás pra velocidade. E foi assim que o Lucas foi lançado mais uma vez e perdeu um gol sozinho com o goleiro, praticamente. Mas o Felipão não enxergou assim: preferiu botar mais um atacante, o Fernandinho, e tirar o cara que mais estava participando (embora apagado naquele momento de domínio Enderson – ou seja, improdutivo – do Santos), o Luan. Aí os passes errados do Biteco e do Ramiro, que era a única opção sempre pra sair de trás, simplesmente tiraram todo o estádio do sério. Na frente, ficou pior ainda: um ponta espetado em cada lado, pra ser facilmente marcado pelo lateral; um centroavante pra dois zagueiros; ninguém entrando na área (Riveros mortinho) pra dar trabalho pros dois volantes que podiam cobrir muito facilmente.

Aí entrou o Wallace e não havia mais possibilidade lógica de fazer gol. 0x0, um segundo empate seguido (o que é mais merda que ganhar uma e perder outra) e um putaquepariu entalado na garganta. Perdemos a melhor chance de ingressar no G-4 e abrir no final de semana (duvido que o Corinthians ganhe do São Paulo). E se o Ruiz tivesse entrado e os dois pontas tivessem ido para a entrada da área, hein, Felipão? Abrindo espaço pros laterais irem no fundo ou tabelarem? Pensa nisso pro próximo momento retranca. Ele tá logo ali, na frente. E dois empates só são melhores que merda se tem uma vitória no próximo jogo.

Nota ao imbecil que foi ao estádio vaiar o Aranha: tu é o tio do Pavê. Um cara completamente sem noção exigindo o direito de ser escroto. Um nenê de três aninhos babo com o tio Alanha bobo e cala de meleca que num mi dexa xingá. A tua vaia foi a coisa mais vergonhosa de TODOS os tempos do Grêmio. Um imbecil sem moral que se acha injustiçado como um cara que atropelou uma criança e põe a culpa nela porque ela estava fora da faixa. Tu é o que eu mais desprezo no mundo. E espero mesmo que o Grêmio tome 145 jogos de suspensão, só pra tu te foder mesmo. Cresce, otário.

(Não se aplica, obviamente, à minoria irrisória que não se deixou levar pelos babacas. A vocês, muito obrigado por serem gente).

PS.: Ficou irritado com o último parágrafo? Então lê isso.

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