Grêmio Libertador

Podia ter mais Grêmio na Copa do Brasil

E onde o Grêmio estiver. E onde ela quiser. (Foto: Página Grêmio Antifascista no FB)

Estamos felizes da vida. Marcamos um gol fora em um mata-mata. Jogamos bem e bonito no primeiro tempo, suportamos pressão no segundo sem ter de xingar (muito) nossa defesa, temos a vantagem do empate em casa e segue o baile, vamo vamo tricolor, essas coisas todas.

Poderia ser ainda melhor.

Poderíamos estar, hoje, comemorando duas vitórias, duas boas largadas na Copa do Brasil, mais passes de calcanhar, mais gols, mais Grêmio.

Mas não estamos.

Pelo nada simples fato de que o Grêmio, como a imensa maioria dos grandes clubes brasileiros, desconhece um fato notório, mas que só de quatro em quatro anos, durante as Olimpíadas, parece ser percebido: mulheres jogam futebol. E muito.

Basta olhar a foto aí embaixo, com os escudos dos times que ontem começaram a disputar a Copa do Brasil Feminina de Futebol.* Difícil encontrar um escudo conhecido. Difícil reconhecer vários deles.

Tá faltando a gente aí! (Reprodução do site da CBF)

Eu fico é bem triste de não ver o Grêmio nesta competição.

Porque, como disse antes, poderíamos estar duplamente felizes.

E porque não há razão para, no século XXI, acharmos que mulheres são incapazes de jogar futebol em alto nível.

Dirão que peço muito. Que não temos títulos há 15 anos. Que tá difícil manter um time de ponta no masculino. Que as contas do clube não sei quê não seiquelá.

Bom, amigos, a megalomania é um defeito que devemos corrigir, não usar como desculpa para não fazermos o que tem de ser feito.

E o que tem de ser feito, me parece, é trazer o Grêmio para o agora.

Temos uma dívida com as muitas mulheres gremistas que jogaram futebol sem nunca poder JOGAR FUTEBOL. Sem nunca poder vestir a tricolor.

Temos uma dívida com as muitas mulheres gremistas que jogam futebol. Com as muitas meninas gremistas que jogam futebol e só tem uma entre as 90 escolinhas conveniadas dedicada a treiná-las.

Vamos pagar esta dívida também.

Pode ser aos poucos.

Pode ser aumentando o número de escolinhas. Pode ser abrindo turmas para mulheres nas atuais conveniadas. Pode ser procurando um dos times femininos do interior do estado e fazer um convênio (o Corinthians, por exemplo, tem este esquema com o Audax).

Pode ser de algum jeito menos megalomaníaco que no masculino.

Mas TEM de ser.

Porque vai ser bem legal torcer pelas mulheres tricolores sem ser para que ganhem concurso de musa.

Porque vai ser bem legal torcer mais vezes pelo Grêmio.

* Cabe aqui um registro importante: para a CBF, o nome do campeonato é Copa do Brasil de Futebol Feminina. Pra mim, a Copa é que é feminina ou masculina, pois disputada por mulheres ou por homens. O futebol não tem gênero. Ele não é masculino ou feminino. É futebol. Com as mesmíssimas regras, as mesmíssimas dimensões de campo e a mesmíssima capacidade de nos volver locos.

** As equipes femininas de futebol são tão bem tratadas pela CBF que, no site oficial da competição, faltam os escudos de cinco times: Aliança-GO, Araranguá/Satc-SC, Porto Club-RO, União-RN e Vila Nova-ES.

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