Grêmio Libertador

Quanto é ser sócio?

Uma das regras de ouro para conseguir uma sequência satisfatória de resultados é o departamento de futebol ter grana o suficiente para trabalhar e escolher os nomes menos pela etiqueta de preço do que pelos atributos que pode acrescentar ao elenco. E existem várias maneiras de fazer isso. Uma das mais importantes nos últimos anos tem sido o Quadro Social. Tanto que times estão utilizando espaços não aproveitados do seus uniformes (já que patrocínios master estão cada dia mais supervalorizados e caros) para promover seus programas. Mas a pergunta que não quer calar, faz tempo, é: quanto é ser sócio?

http://www.gremio.net/news/view.aspx?id=18287&language=0

Não, não estou falando apenas do valor da mensalidade. Ser sócio é se unir a uma agremiação. No passado era usufruir de benefícios SOCIAIS (jantares, bailes, espaço para praticar esportes, piscina, etc). Hoje a coisa passou mais a ser um híbrido entre isso e bancar o capital de uma fábrica. Não é o primeiro porque quase nenhum clube no Brasil tem essa estrutura e nem o segundo porque não recebemos participação nos lucros (que não existem, aliás) no final do exercício fiscal.

Hoje pago cerca de R$90,00 para mim como sócio titular. É a menor mensalidade que existe. Há uma série de “benefícios” (descontos em lojas próximas ao Grêmio e um programa de descontos para o qual o Grêmio se INSCREVEU, porque não criou – não muito melhor do que o que tínhamos há 3 anos) que são furados. Mas o grosso do valor que pago, dizem, é porque eu posso definir o futuro do Grêmio votando.

Pois bem, minha esposa é minha dependente. Sabem o quanto ela paga? Exatamente o mesmo valor. Bem, ela pode usar os mesmos descontos que eu (o que não é um benefício, visto que não é necessário que duas pessoas na mesma família comprem as mesmas coisas, né?). Com uma situação EXTRA: ela NÃO pode votar. Por ser dependente existe, para o estatuto CAQUÉTICO do Grêmio (revisado por múmias em algum lugar do início desse século), uma obrigação de VOTAR IGUAL AO PROVEDOR. No caso eu, só por acaso, já que ela ganha mais que eu e, inclusive, paga a minha mensalidade.

Pra fechar esse pequeno vislumbre que passo pra vocês, temos uma filha. Ela é uma gracinha, queridona, gremistona, que vai no estádio desde quando tinha DOIS meses. Em julho ela fará 3 anos. Sabem quanto ela vai pagar? Isso mesmo: EXATAMENTE O MESMO VALOR que eu e minha esposa. Ela não sabe ler, ela não compra nada e, mesmo se quisesse, não poderia votar nem ser votada para qualquer coisa dentro do Grêmio.

Em resumo, ao que parece, julgando o quanto cobra e como se pensa uma família inteira e sua relação com o clube,  o Grêmio não pensa SÓCIOS como algo a mais que alguém que dá dinheiro por mês pra poder entrar “de graça” na Arena. E, se é assim, bem, esquece 100 mil sócios, esquece ser um time nacional, esquece qualquer coisa. Não há seriedade alguma. Não há programação, não há nada. O que sustenta o programa de sócios do Grêmio é a paixão. E, sem reciprocidade (títulos, nesse caso), ela enfraquece. E aí, meu, fica difícil pra correr atrás depois.

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