Grêmio Libertador

É muita injustiça com o Grohe

É muita injustiça com o nosso camisa 1. Já começou no jogo contra o Fluminense, quando o Michel não ficou no seu adversário a ser marcado e deixou ele surpreender o nosso goleiro. Agora com a expulsão. Claro, não dá pra criticar um goleiro por tomar 0,33 gols nos últimos 3 jogos. Então tem torcedor que procura qualquer coisa pra reclamar do cara. Como eu falei no pós-jogo, achei o vermelho um exagero do juiz. Se o Marcelo HABLASSE aí ia ser chamado de COPERO Y PELEADOR (aliás Danrlei era muito mais fazedor de cera que o Grohe). Mas a torcida tá enchendo tanto o saco que resolvi contar uma historinha.

O Marcelo subiu para os profissionais em 2005. O Grêmio tinha, na época, o Márcio e o Eduardo, dois péssimos goleiros. O Galatto era o terceiro. Mas eles eram tão ruins que o Mano Menezes dispensou ambos. Aí, pra fechar os três, subiram o Cássio e ele. O quarto goleiro era um guri da  base (atual melhor goleiro e craque do Ruralito). Até jogaram algumas partidas, o Grohe tava no elenco do jogo contra o Náutico, mas era quebra galho.

Em 2006, seu segundo ano como profissional, era goleiro reserva. Teve chances, tomou um frango monumental contra o Farroupilha de Pelotas. Mas não era o segundo goleiro garantido. Cássio jogou mais pela seleção do que pelo Grêmio naquele ano. E tava voando. Era o melhor jogador defensivo daquela seleção sub-20 disparado. A sua fase era tão boa que queriam ele titular no lugar do Galatto. O goleiro que era titular por estar na sua melhor fase era contestado e com razão. Mesmo tendo se lesionado muitas vezes, não era um goleiraço.

Por isso em 2007 o Grêmio contratou o Saja. Galatto virou reserva e a terceira vaga era uma disputa entre o Grohe e o Cássio. No meio do ano o guri de Veranópolis desistiu. Trocou de empresário e resolveu brigar com o Grêmio para ser vendido (um pouco antes, ainda, nesse mesmo ano, o futuro Craque do Gauchão 2017 começou a sua saga de empréstimos). Realmente ele era melhor que o Galatto e o Saja. Aliás, o Saja era lindo, mas não era um goleiro incontestável. Mas HABLAVA, então houve comoção quando o Grêmio deixou ele sair e trouxe um tal de Victor do Etti Jundiaí.

Victor virou uma dinastia dentro do Grêmio. Teve um 2008 absurdo, sendo escolhido o melhor da função no campeonato. Tomou 0,83 gols por jogo na campanha do vice-campeonato. Mas não ganhou nenhum título de expressão (só Ruralito). Aí as cornetas começaram a soar contra ele. Foi considerado “azarado”, na melhor das hipóteses. E aí foi vendido para o Atlético MG depois de ser titular do Grêmio até 2012. Cinco anos.

Finalmente o Grohe virou titular do Grêmio. Veja bem, são SETE ANOS sendo reserva. E fez um ano muito bom. Victor saiu com 6 jogos e 3 gols sofridos no Brasileirão. Com Grohe titular tomamos mais 30 em 32 jogos (0,9 gols/jogo) e o Grêmio teve a melhor defesa do campeonato, empatado com o Fluminense. Mas não foi suficiente para seguir titular para a próxima temporada. Mais uma injustiça, Dida veio pelo pojeto. Mas o Grêmio terminou o Brasileiro de 2013 mais uma vez com a melhor defesa, 35 gols em 38 rodadas.

Apenas em 2014 o Grohe voltou a ser o responsável pelas traves do Grêmio. Mesmo em um ano em que a gente fez um campeonato pífio, a melhor defesa voltou a ser do Grêmio com 24 gols em 38 partidas (0,63 gols/jogo). Grohe foi o bola de prata da Placar por ter tomado apenas 22 em 35 jogos (0,62 gols/jogo). Isso rendeu convocações para a seleção e uma série de desfalques no Grêmio de 2015. Mesmo assim o time levou 32 gols em 38 partidas (0,84 gols/jogo). Grohe sofreu apenas 12 em 23 jogos (0,5 gols/jogo) e foi, mais uma vez, bola de prata da Placar. Ano passado foi a primeira vez em muito tempo que o Grêmio terminou o Brasileirão com uma média de mais de 1 gol tomado por jogo (44 gols em 38 rodadas, ou 1,2). Mas não por culpa do Grohe. Titular em 23 oportunidades, levou 18 gols, menos da metade (0,78 gols/jogo).

Um monstro e o Rogério Godói. Foto: Lucas Uebel/Grêmio Oficial (via Flickr)

Grohe participou de 19 partidas nesse ano e levou 14 gols (uma média de 0,74 por jogo). É uma senhora média para a posição. Mas, como mostrei, não é uma média incomum para o nosso camisa 1. Ele nunca fechou qualquer temporada em que foi titular com mais de um gol por jogo. Aliás, na sua 4ª temporada como titular foi importantíssimo para tirar o time da fila de um título, levando apenas 5 gols em 8 jogos (0,63 gols/jogo). E não faltaram defesas difíceis.

E é aí que eu fico mais irritado com a injustiça que cometem com ele. Tecnicamente é ANOS LUZ melhor que o Danrlei. A diferença é que a múmia de faixas virou titular logo. Contou com a sorte da lesão do Emerson, que era um baita goleiro (tecnicamente melhor que ele, inclusive) e aproveitou bem. A única coisa que Danrlei era melhor que o Grohe era no 1×1. E, olha, não que o Grohe seja ruim no quesito – é o melhor do Brasil – mas o Danrlei era o melhor de todos os tempos nesse tipo de jogada. E, mesmo assim, o Danrlei foi titular do Grêmio de 1994 até 2003 – isso dá 9 anos, cinco deles com títulos de importância nacional (Copa do Brasil 94-97-01, Brasilerio de 96 e Libertadores de 95). Nada impede o Grohe de conseguir a mesma coisa. Ele já tem um título nacional em 4 anos como titular. Como tem 30 anos pode, tranquilamente, passar mais cinco no Grêmio (2017-22). Faltam só mais 4.

Não sei até onde vai a birra. Só sei que não faz o menor sentido.

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