Quando de dentro do bolo sai um mico.

0 Postado por - 16 de setembro de 2020 - Artigos

Tinha estúdio. Tinha convidados especiais. Tinha mestre de cerimônias. Tinha bandas. Tinha transmissão em canal de TV fechada. Tinha pioneirismo, marca registrada do tricolor.

Só não tinha talento, criatividade, profissionalismo e organização.

É triste perceber que o que deveria ser uma festa se tornou um velório. 

O Grêmio copero e imortal de 2016, 17 e 18 foi infectado pelo vírus do convencimento, passou 2019 no respirador e foi enterrado ontem em uma cerimônia muito aquém do tamanho das suas conquistas.

A comemoração de uma das datas mais importantes na história do Grêmio é um retrato atual do clube dentro e fora de campo.

Ontem o Grêmio conseguiu, em uma celebração, reproduzir toda decepção que a torcida vem sentindo a cada jogo. Após um espetáculo deprimente, mal dirigido e produzido com vídeos toscos, os gremistas foram dormir com raiva.

É como se a produção horrorosa da festa fosse os laterais que não apoiam. A escolha dos personagens, os balões pra área. As pessoas passando em frente às câmeras, a falta de marcação e compactação do meio pra frente. O despreparo, e até desprezo, da delegação no Chile, a falta de treino e jogadas ensaiadas.

E por favor, não me venham com números de audiência para justificar um “sucesso” – como fazia a tragicômica gestão Obino. 

Não coloquem a culpa da raiva sentida na frustração de uma expectativa criada pela própria diretoria em torno de uma contratação extremamente difícil.

Em 5 minutos, o esforçado (e não mais que isso) mestre de cerimônias poderia muito bem eliminar qualquer expectativa da torcida em torno do anúncio de uma contratação.

Pelo contrário: durante a semana, e a cada minuto do evento, o roteiro da live e as redes sociais oficiais do clube estimulavam a fantasia dos torcedores. 

Como uma pessoa carente de atenção, o Grêmio gritava totalmente nu, em cima de um poste, com uma melancia pendurada no pescoço, filmando tudo numa selfie no TikTok. 

E neste quesito, parece que vestiário e diretoria estão perfeitamente entrosados.

Nosso técnico é um ídolo. 

Um vencedor na vida e no esporte. 

Um personagem. 

Ele pode ser fanfarrão e folclórico. 

A instituição, não.

O Grêmio é maior que todos nós: comissão técnica, jogadores, diretoria e torcida. Mas parece que somente a torcida vem fazendo a sua parte. Mantendo a mensalidade em dia, comprando artigos oficiais, acompanhando os jogos – e eventos – mesmo à distância.

Não consigo ver a mesma seriedade e comprometimento do lado de lá do balcão.

Algo precisa ser feito para se recuperar a humildade. E a solução para isso não está restrita ao vestiário, ou resultados em campo.

O Grêmio é grande. Enorme. Planetário. Mas fica menor a cada dia que passa nas mãos de quem não entende a sua real grandeza.

Não é momento de brincar com os sentimentos do principal patrimônio do Grêmio. Nós, torcedores, não merecemos isso.

Escolhendo com muita tristeza cada palavra acima, assina Tiago Russell.

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