A difícil arte de jogar futebol

0 Postado por - 25 de agosto de 2016 - Artigos

O futebol mudou. Mesmo?

Agora todo mundo fala em europeização do esporte (esquecendo que ele foi inventado na Inglaterra).

Os esquemas táticos são variações do mesmo tema.

Carrossel Holândes, tiki-taka, pega ratão.

Em todos eles tem quem defenda, tem quem ataque e tem quem defenda e ataque.

 

No meio disso tudo, já há quem compare Roger ao Guardiola (aka Rogerola).

É inegável que, como Luan há 3 anos, Roger também está melhorando, crescendo e amadurecendo como técnico de futebol.

O processo é lento. Por isso a comparação é desproporcional e injusta.

 

Injustiça talvez seja a palavra mais comum no futebol atual.

Se joga bem é gênio. Se joga mal é burro.

Não me excluo da turma rápida no gatilho do julgamento.

É da torcida. É da paixão. E se é da torcida e da paixão, também é do futebol.

 

Mas tem uma injustiça que me incomoda desde a primeira passagem do Douglas no Grêmio.

A de que ele é lento. É descompromissado. É ruim. É cachaceiro.

 

OK, ele é cachaceiro. Ele é festeiro. Ele é Don Juan.

E não poderia ser diferente.

Afinal, Douglas é humano.

A diferença é que ele tem um estilo todo dele. E com isso divide a torcida entre os que o odeiam e o amam.

 

Eu não odeio, nem amo.

Mas me identifico.

Eu também falo o que eu penso. Eu também bebo todas. Eu também uso meu cérebro pra desempenhar melhor meu trabalho.

 

A diferença é que eu não sou craque.

Não dirijo um Bentley.

Nem nunca na minha vida acertaria uma pifada de letra como a de ontem (nem nos meus áureos 15 anos de idade).

 

Edilson (a melhor contratação do Grêmio este ano), acabou o jogo ontem afirmando que Douglas é o último camisa 10 do Brasil.

Ele tá errado. Douglas não é mais um 10. Roger (justiça seja feita) entendeu que o seu “camisa 10” é muito mais do que isso.

 

Discordando respeitosamente do Edilson, vou mais longe: Douglas é o último velho-moleque do futebol brasileiro.

O último craque que soube envelhecer, que soube se adaptar ao futebol da rotularização.

 

Douglas não e craque porque é maestro, pifador, camisa 10, cerebral.

Porque corre com e sem a bola.

Porque tem barriga de cadela.

 

Ele é craque porque é original.

E originalidade, essa sim, é a arte cada vez mais rara no futebol brasileiro.

 

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Pode fumar, Douglas. Pode beber. Pode até caçar pokemon sem pokebola se tu quiser.

Só não pode deixar de ser quem tu é.

Pra cima deles!

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11 + comentários

  • Adilson 25 de agosto de 2016 - 20:57 Responder

    Pensamento e atitudes de um cachaceiro, igual o Douglas e como ele um zero a esquerda, que vamos endeusando até passar mais um ou dois anos sem título. babacas que se acham os reis !!!

    • Ezio 26 de agosto de 2016 - 07:21 Responder

      Mesmo com o Douglas dando o gol pro Miller tu não te convence da utilidade dele pro time ?

      • Adilson 26 de agosto de 2016 - 08:53 Responder

        E depois ficou 85 minutos trotando em campo e errando passes, escanteios e faltas. Muito pouco para quem ganha mais de 300mil por mês. Enquanto isso, continuamos sem títulos porque endeusamos um cachaceiro, fumante e barriga de cadela. Até quando ?

        • Augusto 26 de agosto de 2016 - 10:23 Responder

          Fera é o Adilson aqui, conhecido no Brasil todo por seu trabalho. Parabéns Adilson! Ídolo de ninguém e craque de coisa nenhuma.

          • Adilson 26 de agosto de 2016 - 18:00

            Obrigado pelo reconhecimento !!!!

        • Ezio 26 de agosto de 2016 - 18:08 Responder

          Pois só que em 5 minutos ele decidiu a partida. Se Palmeiras, Corinthians e CAM que são nossos maiores concorrentes ao titulo tivessem o Douglas em seus times já estariam comemorando o campeonato… Só isso que te falo…

  • Marcelinho Gaúcho 26 de agosto de 2016 - 01:41 Responder

    Estamos falando de atletas de elite, de um dos maiores clubes do mundo. Profissionais bem pagos pra cuidar do seu corpo.
    Imaginem Ronaldo, Ronaldinho, Adriano e até o Walter com o profissionalismo do Zé Roberto.

    O problema é que assim o Douglas nunca vai dar 100% do seu potencial – lembrando que a técnica acompanha o físico.
    Talvez o máximo que ele pode atingir hoje são, mais ou menos, uns 85%.

    Admiro seu futebol e até páginas de humor do Facebook.
    Mas, infelizmente, é pouco pro tamanho do Grêmio.

  • Artur Wolff 26 de agosto de 2016 - 09:56 Responder

    É impressionante o contraste de opiniões de um grupo de pessoas sobre o que passou em um jogo de futebol.
    No jogo contra o CAP, que não passa de um time mediano, novamente tivemos pelo menos 4 lances de cabeça em nossa área demonstrando novamente uma atuação fragil de nossa zaga. Não tomamos gol por mero acaso.
    Não li nem ouvi uma linha sobre o assunto.
    O que ocorre? Vencemos. E isto apaga tudo. A maioria somente vê resultado.
    Principalmente na nossa chamada “mídia esportiva” que tirando 2 ou 3 o resto não passam de “peitudos” dando palpite em algo que entendem quase nada. São os “comentaristas de resultado” cuja opinião vai de 0 a 180° de acordo o placar dos jogos.
    O fato Douglas tem muito disto. Faz um lance belíssimo como o da partida e esta garantido, ungido, idolatrado nos próximos jogos, mesmo que produza no resto do período destas partidas quase nada.
    Para um clube que quer ser campeão, é muito pouco 3 ou 4 lances em 5 partidas, ainda mais na área de campo em que joga. E o pior de tudo; fecha a porta para a possivel ascensão ou contratação de jogadores que realmente possam agregar qualidade de forma mais regular a ponto de encaminhar o clube ao título do Brasileiro.

    • dexter holland 26 de agosto de 2016 - 12:15 Responder

      Parabéns pela lucidez, Artur. Assino embaixo em tudo que você falou!

    • Ezio 26 de agosto de 2016 - 18:11 Responder

      Apesar desses lances o GREMIO sempre esteve mais próximo do gol que o CAP. Só o Luan errou uns 2 gols que poderiam jogar quarta mesmo a pá de cal neles. A questão não é analisar o resultado mas sim o time. E é inegável que essa formatação pra jogos fora de casa merece ser repetida. A propósito o Sport é bem pior que o CAP e ganhou do GREMIO de 4 X 2 e sem o GREMIO usar esse esquema.

  • dexter holland 26 de agosto de 2016 - 12:16 Responder

    Essa frase pegou mal, hehe: “É inegável que, como Luan há 3 anos”

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