A elitização do futebol me pegou. Mas não sou vítima.

0 Postado por - 9 de março de 2013 - Artigos

 

Quando fui morar em São Paulo, tive que desistir de ser sócio do Grêmio. Não sobrava dinheiro nem pra comer o mês inteiro, quanto mais pra pagar mensalidade de cadeira e não ir ao jogo.

Voltei pra Porto Alegre um pouquinho antes do Odono inaugurar a Arena, desempregado e sem a menor condição de locar qualquer cadeira na nossa nova casa.

Na inauguração, tive a sorte de conseguir uma credencial de uma famosa cronista colorada que odeia futebol (e, mesmo assim, recebeu o direito de ver nosso primeiro jogo na casa nova).

Nas duas primeiras partidas da Libertadores, contei com a generosidade da Juliana de Brito (que cedeu dois convites para a área da Toyota) e do Comendador Snel (que estava de férias) para estar nos jogos.

Já para o jogo contra o Caracas, eu teria que pagar. E, como um cidadão de Classe C descendente, fiz as contas e vi que seria impossível. O dinheiro do ingresso faria falta em alguma parte do orçamento doméstico – comida, contas, o que fosse.

O jeito é assistir pela TV.

É a elitização do futebol? Talvez.

Sou uma vítima dela? Não.

Sou vítima de um mercado de trabalho que paga pouco para profissionais com mais de 20 anos de experiência.

Sou vítima de decisões profissionais equivocadas.

Sou vítima de mim mesmo.

Porque eu nunca fui ingênuo de pensar que o preço do ingresso na Arena mais moderna da América Latina seria o mesmo que no Olímpico, mas não me preparei para isto.

O Gaúcho da Geral tá sempre lá. E não acho que ele seja milionário.

Aliás, tem um monte de gente que deve ganhar tão mal ou menos do que eu e que vai ver todos os jogos na Arena porque se associou quando dava, migrou para um lugar com preço bacana, etc e tal.

A Arena será frequentada pelos mesmos gremistas que iam ao Olímpico. Porque ninguém se engane que as pessoas que realmente não têm dinheiro para nada iam ao futebol quatro vezes por mês, ou mesmo uma vez por mês.

Por isso, acho o papo de elitização do futebol uma babaquice.

Principalmente, quando um ricão escroto tipo o Cagalo Silveira Martins fica berrando sobre o assunto com a mesma propriedade que gritou sobre pagar R$ 1.800,00 pelo estacionamento e não ter vaga certa.

Não é de hoje que futebol não é para chinelões como eu.

A gente pinta no estádio de vez em quando, quando sobra algum dinheiro, ou algum amigo sócio não pode ir.

O resto, na boa, é demagogia e mimimi.

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