Carta aberta a Fábio Koff – futebol

Queridos leitores, inauguro aqui uma série de posts em formato de carta aberta ao futuro presidente do Grêmio. Hoje é o futebol. Os próximos serão sobre marketing, quadro social e relação com os sócios/torcedores, gestão e institucional, não necessariamente nesta ordem.

Fique ligado!

PS.: Eu já tinha escrito uma carta aberta ao presidente Koff. Aqui. Mas acho que preciso e devo ser mais específico.

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Caro Presidente eleito Fábio André Koff,

Primeiramente, parabéns (atrasado) pela conquista da cadeira mais importante que um Gremista possa almejar. Tiveste uma vitória inconteste e ampla. E mesmo que eu tenha apoiado outro candidato, neste momento, pós eleição, voltamos todos a sermos um só nome: Grêmio. Não importando qual movimento que cada um integre, seja de situação ou de oposição.

Há evidentes urgências que deve saber, e certamente já está prestando atenção. Outras, que vou apontar neste texto e que espero que o senhor, mantendo a promessa de diálogo com a torcida que fizeste na campanha, as cumpra. Pois, senhor Presidente, o Grêmio necessita muito de mudanças e muito, mas muito carinho. Com o clube, e principalmente, com o torcedor.

O principal negócio do Grêmio, um time forte, capaz de conquistar novamente títulos de relevância se faz mais do que urgente. Patinamos nos últimos anos no detalhe, e também na falta de planejamento. Muitas contratações foram feitas, a rodo muitas vezes, outras foram equivocadas e outras foram apostas que não deram certo. Nos últimos anos, podemos contar nos dedos os jogadores que deram realmente certo aqui, mesmo que em muitos nomes depositamos esperança e não deram certo.

Uma coisa que urge: uma política clara de futebol. Com objetivos claros e metas. Bem como um resgate (que já tem sido feito e executado, porém incompleto) da alma do Grêmio, seu estilo de jogo.

Pra mim, e pra muitos outros torcedores, são visíveis as carências do grupo. Obviamente, nesta reta final de ano, não convém abrirmos nomes, ainda mais pra quem está chegando de volta ao clube, pra não tumultuar o ambiente sempre frágil, e muito sensível ao exterior, do vestiário. Mas as carências são nítidas como a água.

Comecemos pelo nosso elenco atual, que traz os seguintes jogadores (titulares atuais em bold):

Goleiros: Marcelo, Busatto e Matheus
Laterais: Anderson Pico, Edílson, Fábio Aurélio, Gabriel, Julio César, Pará e Tony
Zagueiros: Werley, Gilberto Silva, Saimon, Naldo, Pablo, Vilson e Douglas Grolli 
Meias/Volantes: Bertoglio, Elano, Felipe Guedes, Felipe Nunes, Fernando, Gago, Marco Antônio, Marquinhos, Rondinelly, Souza, Wangler e Zé Roberto
Atacantes/Centroavantes: André Lima, Kléber, Leandro e Marcelo Moreno

Desses nomes citados aí em cima, já temos uma ideia de quem pode e quem não pode ficar, bem como onde precisamos contratar e pra quê.

Vamos pular os goleiros, pois em anos não estavamos tão bem servidos nessa posição. Podemos colocar qualquer um deles de titular, pra ser franco. Evidentemente que o Marcelo conquistou seu lugar. Mas quando chegar o tempo, Busatto, o pegador de penais, estará pronto.

As laterais são um ponto nevrálgico do Grêmio. Praticamente nenhum deles sabe cruzar uma bola de maneira satisfatória. A quanto tempo não vemos uma jogada de lateral, com um cruzamento da linha de fundo, pro Marcelo Moreno ou outro centroavante cabecear e correr pro abraço? Eu respondo, desde Cruzeiro x Grêmio. E isso que o cruzamento foi feito pelo Elano, um meia. Isso explica, em partes, o pouco aproveitamento do nosso ataque. Enfim, das peças que temos, Fábio Aurélio, quem nem sequer pisou em campo por uma fatalidade, o que temos em casa são laterais médios pra ruins, ou que um ou outro tenha potencial, como o Tony, por exemplo (mas urge um grande trabalho de fundamentos, com todos). Precisamos de reforços. Vasculhemos o mercado sul-americano, principalmente o Paraguaio, terra de grandes defensores e laterais, como foi o Arce.

A zaga está um pouco melhor que as laterais, certamente. Entretanto, temos dois zagueiros confiáveis, que são os titulares Gilberto Silva e Werley. O restante é jogador de grupo, mas não um grupo que almeja ser campeão de alguma coisa. Aqui precisamos de reforços, já que quando um dos dois não joga, é sempre uma incerteza, um filme de terror. Novamente: precisamos de reforços. E acho que o nome do Lugano, recentemente, e novamente especulado, já é um nome velho, e que não tenho certeza de que possa realmente ser o Xerife que precisamos. Acho que se procurarmos, podemos achar bons nomes no Uruguay, na Argentina e mesmo no Paraguai. Bem como aqui no Brasil.

O meio de campo do Grêmio, ao meu ver, é a parte mais bem servida da equipe. Que time no Brasil não gostaria de contar com jogadores do quilate de Elano, Zé Roberto, Souza, Fernando? Mas aí que mora o problema, apesar de tudo. As peças de reposição são muito aquém dos titulares. E mesmo entre os titulares temos dois grandes problemas: Souza está sob empréstimo do F.C. Porto, tradicionais duros negociadores, ainda mais agora que estão sentados sobre 50 milhões de Euros da venda do Hulk. E o Fernando, ao que consta, teve 70% do seu “passe” vendido. Como vamos ficar se esses dois jogadores? Outra coisa: Zé Roberto tem seu contrato encerrado em 31/12/2012. Desnecessário dizer que precisamos renovar com ele, né? Portanto, o setor da equipe que aparentemente é o mais bem servido, duma hora pra outra pode virar um pesadelo. Pois todos aqui sabemos que com Marquinhos Paquita, Marco Antônio, Gago entre outros não dá pra ir muito longe, ainda mais numa Libertadores. E isso que não falei do Bertoglio, Felipe Guedes e Nunes e do Rondinelly, que pra mim, são tudo promessas.

E o ataque? Temos somente quatro jogadores nesta posição. Não é à tôa que sofremos tantos anos com ele. Apesar de que a dupla Marcelo Moreno e Kleber venha dando certo, precisamos de substitutos à altura, ou mesmo pra brigarem pela titularidade. Não temos hoje um jogador de drible, capaz de furar uma retranca como a Ponte Preta nos impôs em casa, no último sábado. Dos quatro, o único com essa característica, e mesmo assim fica devendo, é o Leandro. E já vimos, mais de uma vez, que o Leandro não é lá essas coisas. Portanto, mais um setor da equipe que precisa de reforços, pois como a bola não entra por acaso, é preciso ter alguém capacitado ali pra pôr pra dentro. E seguido.

E nas categorias de base, precisamos de constância. Atualmente, poucos jogadores acabam sendo aproveitados na equipe titular. Porquê? Ora, muitas vezes pela preferência do clube em ser comprador ao invés de ser formador, ora porque as categorias de base não estão suprindo à altura o time profissional. Acho mais que importante o clube valorizar suas categorias de base, com profissionais capacitados pra tanto. Pois aí é a chave, ou uma das chaves de uma equipe vencedora, uma base forte. Pois como tu mesmo falaste na tua campanha: o teu último time campeão, em 94/95/96 e mesmo o de 1997, tinha muitos jogadores criados no clube, como Carlos Miguel, Danrlei, Arílson, Roger, João Antônio, Alexandre Xoxó, Jacques, Emerson, entre outros.

Ao fim, vemos que o desafio é enorme. O monstro é grande e pisa forte, como cantava Mercedez Sosa. E pra vencer o monstro, precisamos de uma equipe forte, e acima de tudo, compentente e focada no resultado.

Tens minha confiança, presidente. E minhas fiscalização e cobrança também.

Boa sorte a todos nós gremistas!

À vitória!