O Grêmio e o Marketing – I

0 Postado por - 19 de junho de 2012 - Artigos

O Marketing é, para muitos, aquela cadeira chata, sem pé nem cabeça, que está na grade da faculdade para encher o saco (ou os bolsos da faculdade). Cheia de achismos, chutes e “verdades absolutas” que se adaptam muito bem aos Estados Unidos e são aplicadas aqui, para dizer, depois, que não dá certo. A parte mais difícil do Marketing é que ele é, quase todo, desenvolvido nas empresas que, ao invés de pensar, testar e teorizar, preferem fazer, fazer e fazer. E ela não pode dizer seus segredos para a concorrência, então não troca informações sobre esses testes e nada vai pra frente. Embora tenha muito tempo de pesquisa, elas praticamente começam do zero, já que quem fez uma pesquisa parecida não conta para o outro. Só não começam do zero porque todas, invariavelmente, começam do Philip Kotler.

Assim, esse pequeno texto começará abordando uma das coisas faladas pelo Kotler para organizar o Marketing de uma empresa: o mix de marketing. Qualquer plano que se preze precisa ter em mente: o seu produto, que é o que a empresa oferece ao seu consumidor; o preço, que é, capitalisticamente, o valor justo, ou seja, aquilo que dá o melhor lucro ao fabricante e o comprador aceita pagar; a praça, ou o lugar, como disponibilizar o que é vendido a quem se destina o produto; e, finalmente, a promoção, ou seja, a maneira pela qual convencemos o nosso cliente potencial que ele precisa adquirir o nosso produto. Isso é conhecido academicamente como “os 4 P’s”.

E o Grêmio? O que é o nosso “produto”? Bem, a primeira resposta que, aposto, é dada lá pelas bandas do Marketing do Grêmio, é “paixão”. E, por isso, é uma coisa difícil de estipular um preço – por isso a camiseta do tricolor tem o preço da camiseta dos outros times, ou seja, o preço do “mercado da paixão”. A praça é algo que não precisa nem saber o que é, basta saber que o mais importante é que pessoas vem de carro desde Passo Fundo todos os jogos do Grêmio e voltam para as suas vidas de madrugada – quase como se a praça fosse a praça de esportes onde ocorrem os jogos. E, finalmente, a promoção, são os resultados de campo.

Isso é, na minha humilde opinião, uma imensa bobagem. E é um dos principais motivos do nosso Marketing ser tão fraco. Pecamos nas coisas mais básicas. “Ah, é, espertão, e o que é o produto do Grêmio?” Simples: depende. O Grêmio não é um ser sobrenatural que sobrevoa as nossas cabeças. O Grêmio é um conjunto de atributos sociais, comerciais e, por que não, “sentimentais”. E, dependendo do que se aborda, a resposta é diferente. Por exemplo, o Grêmio, em relação ao simpatizante do futebol, tem como seu produto a marca Grêmio. O preço é o quanto custa para saber do Grêmio, ver uma partida do clube, conhecer mais de perto sua história. A praça é a quantidade de pessoas que tem acesso para desfrutar das informações. Finalmente, a promoção é o resultado de campo, o desempenho nos campeonatos e o plantel que a equipe forma.

Por outro lado, o Grêmio também oferece outro tipo de produto: a associação ao clube. Uma carteirinha que diz que tu “é de Grêmio”. Aí existe um preço associado a uma promoção diferente: embora os resultados de campo ajudem a passar uma pessoa da condição de simpatizante para sócio, são outras as estratégias que devem manter o cliente satisfeito com o produto – ou seja, a promoção deve ser diferente. Da mesma forma, o Grêmio é moda: as pessoas adquirem produtos com a marca Grêmio para se sentirem identificados. O preço deve ser proporcional ao alcance e volume das linhas vendidas, bem como deve-se estabelecer a praça onde esses produtos podem ser disponibilizados (com a internet e os correios, alcance nacional é o mínimo). O Grêmio também vende o produto Espetáculo de futebol, que são os jogos em casa. Também vende o produto direitos de imagem para as empresas de televisão. Vende produto espaço de patrocínio, para as marcas interessadas em expor seus produtos.E assim vai.

Um clube de futebol tem diversos produtos. E mais outros três p’s diferentes para cada um deles. São vários negócios Grêmio para serem administrados. Para cada um desses Grêmios o clube precisa ter uma estratégia de Marketing. Cada uma delas dá um retorno diferente. Mas todos eles exigem cuidados.

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4 + comentários

  • Gustavo 19 de junho de 2012 - 17:22 Responder

    Fagner, tá tri o texto, especialmente pelo caráter explanandor. Após lê-lo, fiquei pensando se, com tantas áreas para o marketing cuidar, não seria mais apropriado descentralizar esse setor, em vez de deixá-lo na mão de uma só figura, no caso o Paulo César Verardi? Assim, cada área receberá a devida atenção e se alguma delas falhar, não comprometerá a outra. O que tu achas?

    Há algum tempo li um texto muito interessante a respeito do mesmo assunto, escrito pelo Adriano Brandão. Vale a pena dar uma conferida.

    Um abraço.

    P.S.: Ontem, o Fausto fez um comentário muito pertinente. Após lê-lo, decidi fazer um apelo aos autores e leitores do blog. Não sei se alguém leu, mas como julgo-o importante em face do presente momento, peço que leiam e que, quem puder, por favor, encaminhe a sugestão.

  • Mateus Couto 20 de junho de 2012 - 15:26 Responder

    Como gremista tenho vergonha do nosso mkt, qualquer aluno do primeiro semestre desta cadeira manja mais que o seu Verardi, infelizmente nosso clube virou a casa da mãe ijuana.

  • Cícero - CWB 21 de junho de 2012 - 11:24 Responder

    “Largado as palhas”
    Dia de jogo, nenhum post atualizado…
    Hey, já caimos fora ou ainda tem 90min???

    Na boa, nada pessoal, mas vão vcs e vosso -pessimismo tomar bem no meio do C*!

    Sds

  • Tito 21 de junho de 2012 - 12:44 Responder

    Dica do dia para os panacas. Siga o GrêmioLibertador no Twitter e no Face. Bastante material fresquinho e pra togos os gostos. Não gostou? Chupa.

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