Primeiras impressões de uma nova rotina

Não estive na inauguração e nem mesmo no Jogo Contra a Pobreza. Não concordava em ter que pagar ingresso como sócio e ao mesmo tempo queria que minha estreia fosse necessariamente em um jogo do Grêmio. Meu primeiro jogo foi contra a LDU, o primeiro embate oficial da nova casa, onde eu e o Grêmio acabamos de pé quente. Estreava também uma nova rotina para mim, com a decisão facilitada pela Arena, de não mais ir de carro para os jogos do Grêmio. Não participarei dos engarrafamentos, não disputarei vagas de estacionamento e a cerveja estará na mão com a minha consciência tranquila, na ida e na volta.

A Estação Anchieta foi o start dessa nova rotina. 20 minutos desde Sapucaia e estou a 1,5 Km a pé da Arena no tempo exato de duração do primeiro latão, sem mais nenhuma preocupação. Está justificada a decisão. A partir da rótula, as residências que não viraram bar se transformam em uma espécie de quiosque de portão, o valor da cerveja é os mesmos quatro pilas da concorrência, mas provavelmente na compra de três por 10, tu ganha ainda o direito de sentar lá no sofá com a vó da família e debater a novela. Ainda fica a dica para quem vencer o receio (ou algum preconceito) de se aventurar pelas ruas paralelas vila adentro e encontrar cerveja de garrafa a R$ 5,00.

Estando “pronto” para o jogo e com o voucher em mãos fui em busca da minha rampa. Isso foi fácil, o difícil foi encontrar o fim da fila dela, que acabou andando rápido em relação as do Olímpico. A diferença é que na Arena tu tem que abrir o olho para não ser atropelado por uma Tucson procurando seu estacionamento. Sobrevivendo a isto, chegando até a rampa, passando pela revista da Brigada, já está quase lá. E a primeira visão da Arena cheia é de faltar o fôlego, seja pela emoção ou pelas escadarias recém subidas.

A angulação íngreme da superior pode causar vertigens em alguém, mas te deixa com uma visão perfeita do campo até mesmo na fileira mais alta. Talvez pelo clima europeu que a Arena proporciona, achei a galera daquele setor muito “sentada”. O que pode ser inclusive uma falta de consideração com o pessoal do setor geral, que agora luta pelo DIREITO de torcer em pé.
Aquela fuga inadiável ao banheiro durante o jogo é facilitada. Dá pra ir, se aliviar, sacudir direito, lavar as mãos e voltar perdendo só uns 3 minutos de jogo contra os, no mínimo, 10 do Olímpico.

No intervalo do jogo fui dar uma volta pelo saguão e quando percebi já estava do outro lado da Arena. Assisti cada tempo de jogo atrás da goleira correspondente ao ataque do Grêmio e os pênaltis, os valores eram iguais nestes setores, mas se eu quisesse ter ido para as cadeiras centrais o acesso estava livre.

Fim de jogo, classificação com a cara do Grêmio e o Grohe finalmente pegando um pênalti (na noite certa para começar), em menos de 5 minutos já estava na rua para o trajeto de um latão até a estação Anchieta. A Trensurb colocou trens extras saindo desta estação com paradas apenas para desembarque em todas as estações. Espero que seja um procedimento padrão para jogos do Grêmio neste horário, sem que tenhamos que esperar o “Grêmio SOLICITAR”, como a empresa me respondeu pelo Twitter.

Na volta chamou atenção a quantidade de gente que estava utilizando o metrô e também os raros brigadianos no trajeto até a lá. Logo descobri que estavam em grande quantidade deslocados a fazer um corredor polonês na passarela da Estação Anchieta. Talvez uma prioridade em proteger mais o patrimônio público do que o público propriamente dito.

Resumindo a estreia da nova rotina, me senti plenamente satisfeito como torcedor e também como consumidor e cidadão. Talvez outros não tenham tido a mesma sorte que eu e tanham passado por perrengues de diferentes escalas em suas estreias (principalmente quem foi de carro ou estava na avalanche), mas da minha parte, saí com a impressão que com alguns ajustes por parte dos envolvidos na administração e logística de uma Arena desta magnitude, em breve vai ser possível ter uma noite perfeita de futebol no que depender da rotina do torcedor.