Qual o papel da corneta no futebol?

Corneta é um termo meio coxinha-paulista. Mas é o termo que a imprensa atual utiliza pra definir uma das maiores graças do futebol atual: tirar onda do principal adversário.

Antigamente, a corneta era mais entre amigos. A piada surgia e crescia com a ajuda de alguns jornalistas folclóricos – alguns deles, vivos até hoje.

Mas hoje, tudo é muito mais dinâmico. E graças ao Wapp, Facebook e Twitter, quem utiliza a criatividade dos torcedores é a própria mídia.

Posso te dizer que hoje, existe um certo orgulho dos criadores da zuera quando isso acontece.

Com a gente aqui do Grêmio Libertador acontece muito. Duas das últimas, você pode ver clicando aqui.

Nessas horas a corneta muitas vezes deixa de ser um papo só entre amigos.

E, OK, todo mundo sabe que fica difícil aguentar papinho de alguém que você nem conhece direito depois de um CHOCOLATE, um ATROPELAMENTO.

Mas é do jogo. Se tu não quer mais jogar, não liga o PLAYSTATION.

Não quer se irritar, se afasta das redes sociais, foge pras montanhas, vai lamber as feridas em algum lugar longe.

Só não tenta justificar o injustificável, porque ai a piada só aumenta.

Há quem defenda os limites da corneta. Eu, por exemplo, confesso que sou vingativo: guardei os piadistas que tiraram onda da nossa derrota contra o Tigre na Arena semana passada e fiz questão de retribuir ontem.

Também há quem ache que a corneta é “coisa de gente que se apequena”. Acho justo, desde que esta pessoa não seja uma daquelas que se “apequenam” quando o seu time ganha e o do amigo perde.

Mas, resumindo, eu acho a tiração de onda entre amigos uma das coisas mais sensacionais do futebol (depois do golaço MAL ANULADO do Gignac já nos descontos do jogo de quarta-feira passada, claro).

Hoje, o futebol virou uma grande engronha de cartolas, empresários e jogadores mercenários. Gente que tem ZERO amor à qualquer camiseta, a não ser que esta camiseta seja com o número da sua própria conta bancária.

Hoje temos no mundo todo um futebol desmoralizado, com suspeitas de jogos comprados e resultados arranjados (da FIFA pra baixo).

Se a gente não conseguir rir do que acontece dentro de campo, do que adianta o futebol?

Qual o prazer que um campeonato de cartas-marcadas pode proporcionar a qualquer fã?

Do que adiantaria assistir uma partida de futebol com resultado comprado, se não pra tirar onda do amigo sofredor no final da partida?

E o mesmo vale pro nosso próprio time do coração.

Como bem disse o Fagner no Twitter: “Quem não sabe rir do seu próprio time não tá curtindo 10% do que é o futebol.”

Por isso, amigos, eu só peço 2 coisas à gremistas e colorados nestes dias sombrios que cercam a Arena e o Bergamotão: mais humor e memória, por favor.

A corneta é do futebol. E, hoje em dia, talvez seja a única coisa criativa que ainda restou do esporte.

Arrisco mais: sem a CORNETA, o futebol não teria sobrevivido até hoje ao poder do dinheiro.

Por isso, engole o choro.

Ainda tem muito campeonato e corneta pela frente.