Se achando: Defensor 1 x 1 Grêmio

1 Postado por - 27 de fevereiro de 2018 - Artigos

O Grêmio tri campeão da Libertadores, vice-campeão mundial (tem gente que não consegue, né?) e campeão da Recopa poderia entrar em campo contra o Defensor se achando. Tanto poderia que entrou.

Se achando em campo, tentando entender onde cada nova peça do xadrez pode estar – e não estar também. Mas mais importante: tentando rearranjar o xadrez num tabuleiro novo.

Note-se que os adversários que têm conseguido não perder do Grêmio entenderam que, sem o cara que faz a bola rodar suave e obediente no meio – outrora conhecido como Douglas e agora, neste lindo e maravilhoso período recente, batizado Arthur –, encher de gente entre a intermediária e a grande área é a medida mais eficiente para evitar tomar gol do outro jeito que o time do Renato sabe fazer – com momentos de velocidade e/ou genialidade de quem ataca com a bola perto do pé e de frente pro gol, concluindo ou colocando alguém na cara do goleiro.

Guardadas as devidas proporções de qualidade, o Defensor jogou igualzinho ao Independiente: as duas linhas da defesa tão próximas que zaga e meio-campo conseguiam ouvir as tripas do companheiro se contorcendo quando a bola chegava nos pés do Luan (e, invariavelmente, as tripas retorcidas impulsionam algum tipo de patada, pisão ou canelaço no guri).

A diferença de qualidade é que o Independiente apostava de fato num contra-ataque, porque podia. O Defensor, nem isso.

Daí que nesta de se achar diante de um adversário que não queria porque não sabia como jogar, o Grêmio fez um primeiro tempo bem besta. Tão besta que quase não dá pra lembrar o que aconteceu.

Dirão que Madson não funcionou na lateral. Talvez.

A lateralidade direita parecer ser mesmo a casa onde falta um peão (ou um cavalo). Mas aí talvez seja preciso olhar o tabuleiro como um todo e não a peça isolada. Cortez também não funcionou como vinha funcionando. Então é possível suspeitar que a ausência da bola rolando suave e segura no espaço entre o círculo central e a intermediária ofensiva justifique o fato de os laterais perderem muitas viagens ao ataque. E não se recuperarem tão fácil na defesa.

No segundo tempo, foi um alívio perceber o Grêmio achou algum futebol. Cícero alternando com Luan a tarefa de buscar a bola no meio de campo povoou um pouco mais o árido deserto onde Maicon demorava uma eternidade para encontrar alguém livre para tentar um passe.

E Cícero ali no meio campo e não de 9 falso (diferente do Falso 9 Luan de outros tempos) é uma das coisas que se pode achar com alguma certeza.

Tanto que foi possível ouvir, naquela frequência em que apenas gremistas se escutam, a massa tricolor pensando que Jael deveria estar em campo.

Antes desta troca, porém, Renato sacou Madson e colocou Alisson. A puxada de Ramiro pra lateral mais uma vez comprova a teoria do vazio da lateralidade direita, mas funcionou. O Grêmio achou um jeito de ser ofensivo e começou a chutar de longa distância porque agora tinha quatro peças armadas para atacar de frente o muro maciço do Defensor.

Aí entrou Jael. E mais do que isso, aí Cícero assumiu o meio campo. Exatamente como nos melhores momentos da final da Recopa.

Então, Jael tornou-se o atacante com menos gols e mais pênaltis não marcados da história do futebol sul-americano. Só que, desta vez, a bola pulou no pé de Maicon, que ao menos desta vez não parou pra pensar: meteu o pé e mandou a bola pro gol.

Achamos o gol, ainda não um jeito certo de ganhar (Foto: Lucas Uebel / Grêmio FBPA)

Achamos que ia dar tudo certo. Até que o Defensor achou um escanteio e a instituição que nos acompanha há anos resolveu achar que era hora de funcionar. Tomamos o Gol de Cabeça no Início da Temporada.

Cedemos o empate num jogo do qual saímos achando com certeza que devíamos ter ganhado.

A boa notícia é que se achamos que o Grêmio AINDA não encontrou um jeito certo de ganhar as partidas, encerramos o primeiro jogo da Libertadores 2018 com a mesma certeza que nos acompanha há meses: não será fácil ganharem de nós.

A benção, Pedro Geromel. A benção, Walter Kannemann.

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