Xô Quase

4 Postado por - 27 de janeiro de 2016 - Artigos

Nos últimos tempos fomos submetidos a conviver com o quase, e não nos demos conta disso. Quase ganhamos, quase contratamos, quase compramos, e isto talvez, inconscientemente, tenha nos deixando descrentes, desconfiados de tudo o que possa vir.

Em 2002 Tite era nosso treinador, e conseguiu a proeza de deixar o Grêmio em terceiro lugar em todos os campeonatos que disputou: Copa Sul-Minas, Supercampeonato Gaúcho (não é uma ironia, era o nome mesmo), Libertadores e Brasileiro e deixou uma sensação de “ah, que pena, quase lá”, mas no geral se considerou como um ano bom.

Mal sabíamos, porém, que aquele 2002, provavelmente por causa daquele jogo encardido com o Olímpia, se constituiria num carma. Hoje se sabe, 2002 foi o primeiro de uma série de quinze anos em que o Grêmio não ganhou nada de decente que se disputasse passando a elegante ponte pênsil sobre o Mampituba. Tite seguiu pra se tornar esse colecionador de taças que é hoje, enquanto o Grêmio se tornou um exímio colecionador de terceiros lugares.

Em 2006, no Brasileiro, foi assim. Pareceu bom, tínhamos um elenco pra lá de capenga, estávamos voltando de um passeio no inferno, terceiro era bacana. Em 2009, porém, foi na Libertadores. Tínhamos perdido o Brasileiro “daquele jeito” no ano anterior, e a Libertadores parecia a chance de acabar com a seca de títulos. Porém, caímos no conto da mídia local, demitimos Roth, trouxemos Autuori, o time desencaixou de vez e perdemos pro Cruzeiro na semifinal – terceiro lugar. Roth, só por birra, foi lá e ganhou a Libertadores com o inter no ano seguinte. Autuori enganou mais alguns otários por aí e segue nesse ramo, lá no Oriente, onde sua conversa mole ainda rende alguma coisa.

Chegou 2010, e lá fomos nós pra Copa do Brasil; porém, no meio do caminho havia o Santos do Neymar e do Ganso, que estava destruindo o que viesse pela frente. O Grêmio jogou bem, não ganhou por detalhe – mas sina é sina, e caímos de novo na semifinal, de novo em terceiro. No Brasileiro ficamos em quarto; o terceiro foi o Corinthians, do Tite. Voltamos com tudo à nossa vida de terceiros lugares com Pofexô, em 2012: fomos terceiros no Gauchão, na Copa do Brasil (com requintes de crueldade: eliminados pelo Palmeiras do Felipão, que acabaria rebaixado) e no Brasileiro. Pior que isso era ouvir o capitão Zé Roberto, dizer que tudo aquilo era um aprendizado.

Em 2015, a gente devia ter se dado conta mais cedo de que esse bom desempenho do time do Roger nada mais era que a história se repetindo outra vez. De novo, o Grêmio nadou, nadou, e na hora H não teve força pra disputar o título, e mais uma vez acabamos em terceiro. De novo, nosso autoengano nos fez pensar que dessa vez daria certo e poderíamos fugir da sina.

Pelo menos o fato de começarmos 2016 com praticamente o mesmo time, dá indícios de que este ano será melhor. Porém, se não chegarem no mínimo 2 reforços (meia e atacante de verdade) podem escrever, viveremos mais um ano de quase.

Que venham logo os reforços, que brilhe a estrela de algum guri e que este ano seja também de terceiro, mas não daqueles, e sim do terceiro título da Libertadores do tricolor.

Avante Grêmio.

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6 + comentários

  • Lucio 27 de janeiro de 2016 - 13:00 Responder

    Na boa to de saco cheio destes dirigentes do Grêmio, até o Sport do falcão se reforçou melhor, se não contratarem um meia armador de verdade para o lugar do Douglas (ex jogador) e um atacante que faça gols( o ultimo que passou por aqui foi o Jonas), será mais um ano sem títulos, no ano passado o Grêmio pressionava e não conseguia fazer gols, este ano começou assim de novo, jogo treino contra o sindicado 1 a zero cagado, e 1 a 1 contra o Danubío que ontem empatou pelo mesmo placar com o time B do inter.

    Todo mundo patrola o time do sindicato, e não me importa se é inicio de temporada, a verdade é que o Grêmio voltou este ano com o mesmo problema do ano passado, ninguém sabe fazer gol nesta bosta de time.

    • Gilso 28 de janeiro de 2016 - 16:14 Responder

      Contra o Sindicado foi 3 X 0 brother!!!

  • Júlio Mattos 27 de janeiro de 2016 - 21:55 Responder

    Parabéns André. Resumiu com precisão o que se passou com o nosso imortal nestes últimos anos.

  • \m/ 27 de janeiro de 2016 - 23:03 Responder

    Concordo com o texto. Ainda me pergunto como deixamos escapar a Libertadores de 2007 e o Brasileirão de 2008. Teria sido perfeito…

  • Fernando Audibert 27 de janeiro de 2016 - 23:06 Responder

    Parem de criticar a diretoria que tem feito um ótimo trabalho, sem esse pé no freio teríamos um futuro muito pior. O Grêmio precisa de jogadores criados aqui e que saibam defender a camisa como antigamente.

  • Fabio d 4 de fevereiro de 2016 - 22:18 Responder

    Baita texto. Viramos o time do quase. Algumas vezes a ansiedade em chegar acabou atrapalhando . Quem sabe o atacante que vai fazer a diferença não esteja no grupo atual? Quem sabe não será a gurizada que irá nos reconduzir aos títulos ? Tenho muita esperança que esse será o ano do nosso retorno.

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