2019 é logo ali. Quem vai transmitir o Brasileirão?

4 Postado por - 1 de março de 2016 - Artigos

Interrompemos a vibe Taça Libertadores por um motivo importante:

Como todos vocês sabem, o grupo Turner, através do Esporte Interativo, está entrando força no mercado da bola brasileiro. O grupo que começou a ganhar os direitos dos campeonatos do Nordeste (entre eles a Liga de lá), passou para voos maiores. A emissora já detém o contrato exclusivo da Champions League, por exemplo, tirando da boca da ESPN. E o próximo alvo é a Globo, detentora dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. Como os contratos (e aquelas “maravilhosas” estratégias de adiantamento de cotas) assinados foram longos, novos ares mesmo só aparecerão em 2019. E é aí que o grupo quer fincar uma mordida no futebol nacional.

Antes de falar sobre o presente, um pouco de passado. Se você acha que essa é uma discussão inútil, não esqueça que foi forte o suficiente para acabar com o Clube dos 13 e as negociações coletivas de direitos. Em 2011 o começo de ano não foi só tomado por uma negociação com um [$PILANTRA$] e a perda do Jonas. Odono fez mais negociatas e foi o primeiro a fechar os valores com a Globo de maneira isolada, implodindo de vez as tentativas de negociação em bloco. A tal da diferença que “não seria maior que 30%”, como ele disse ao conselho, se mostrou respeitada apenas de uma faixa pra outra, deixando o tricolor recebendo menos que a metade do que Corinthians e Flamengo no volume total em 2016. Antes de 2011, os clubes da “faixa 1” recebiam R$ 9 milhões a mais que o Grêmio (que recebia R$16 milhões). Em 2016 serão R$ 170 milhões contra o R$ 60 milhões do Grêmio. Ou seja, a diferença passou de absurdos 36%  para pornográficos 65% (dados do infográfico aqui).  O resultado tá aí: em cinco anos, dois campeonatos brasileiros pro clube paulista (não dá pra justificar o que o Flamengo faz com verba parecida).

Todo o mundo sabe que o dinheiro no Brasil é porcamente dividido. Outros lugares premiam a participação esportiva – tanto a simples participação no campeonato quanto o resultado final – não só o ibope. Novamente o Grêmio tem em mãos propostas que prometem ser um marco na negociação de direitos de TV. E, dessa vez, não de maneira prejudicial ao futebol. O EI está tentando comprar os direitos de TV fechada da competição. O valor é tentador: 550 milhões que serão distribuídos pelos 20 participantes da Série A da seguinte forma: 50% igualmente, 25% pela posição no campeonato e 25% pela audiência. E isso significa concorrência ao invés de monopólio, que é a nossa situação atual.

Conversamos com o pessoal do EI para esclarecer algumas dúvidas. Eis um relato:

  • O que está sendo negociado? O direito de transmissão de TV Fechada hoje pertence a Globo/SporTV. Ou seja, é aquele jogo que passa com transmissão pra todo o Brasil. Eles não concorrem com os da TV aberta. É isso que está sendo negociado por esse valor. Atualmente, o valor que a Globo/SporTV pagou até 2018 seria de R$60 milhões no total por ano para todos os clubes.
  • TV Fechada e Pay-per-view não é o mesmo. Ou seja, o Grupo Turner/EI está competindo com a Globo/SporTV, não com a Globo/Premiere (muito menos com Globo/RBS – no caso do RS – da TV Aberta). Como não apareceu ninguém querendo disputar com a Globo, é provável que a situação de quem assina jogos nessa modalidade não mude.
  • Se um clube assinar com a Globo e outro com o EI o jogo é transmitido? Não, ele não pode ser transmitido (seria vedado pela Lei Pelé). Na prática, significa que nem Globo, nem Turner podem veicular jogo no horário em que passa na TV Fechada. Porém, o jogo pode ser transmitido pra TV Aberta (se estiver na grade para isso) e no Pay-per-view. Ou seja, vai ser transmitido de alguma forma.
  • Quantos jogos estão nessa negociação, por rodada? Os direitos da TV Fechada garantem até 2018 que o SporTV transmita 2 jogos por rodada: um deles no Sábado e outro Domingo, no horário vespertino (18h30). Nas rodadas do meio de semana um deles é quarta, 19:30 e o outro na quinta, 21hs, geralmente.
  • Já tem clubes acertados? Essa questão não foi aberta pelo contato do EI que tivemos. Porém, procurando na Inernet, é fácil descobrir que a tendência é que Atlético PR, Coritiba, Bahia e Santos oficializem a negociação com o EI, enquanto o São Paulo já fechou com a Globo. Palmeiras e Grêmio estariam em vias de concluir suas negociações – há quem diga que essa semana, por isso escrevemos esse texto.
  • O valor muda em caso de algum time ficar fora do pacote? Sim. A nossa fonte na Turner/EI disse que os valores serão divididos em cotas. Ou seja, sem o São Paulo, o valor não é mais R$550 milhões. Pensando em manter a lógica da proposta de equidade de valores que o canal está pregando, o valor total cairia para R$522,5 milhões (divisão de cotas em R$550/20). Se Grêmio e Palmeiras fecharem com eles, já terão somados R$165 milhões em prêmios por ano (4x mais que todo o pacote de TV Fechada do contrato 2017-2018 que os clubes assinaram).

Tirando o dinheiro, o canal ainda se compromete com coisas básicas que eram tratadas como “por fora” pela Globo,  que quer participação no negócio (pelo menos no contrato vigente): chamar as Arenas pelo seu Naming Rights (pois é, lembra do interesse do ICBC?), parar de focar apenas NA CARA do jogador para não mostrar patrocínios do Clube (ou pedir pra tampar, como vivem fazendo) e transmitir um número mínimo de jogos de cada clube, não como é hoje, onde parece que o jogo do SporTV é sempre Corínthians x Qualquer outro (ou Flamengo).

Por outro lado, a julgar pela posição já tomada pelo São Paulo, a proposta da Globo/SporTV é bem parecida: R$500 milhões, com 40% divididos igualmente, 30% por desempenho e 30% por Ibope. Olhando assim, isso já garante uma verba maior pra Corinthians e Flamengo do que a da Turner/EI . Da mesma forma, isso também dá uma grana a mais pra quem for o campeão.

Os detalhes do release lançado pelo EI estão na página deles no Facebook. O momento é agora. E tu, se tivesse que escolher, o que faria? Será que não é melhor aceitar a proposta pra oxigenar o mercado? Será que uma vitória do grupo Turner sobre a Globo (no jogo capitalista, não em uma competição de quem é mais bonzinho) não seria melhor pro futebol como um todo? Enfim, é hora do Grêmio se posicionar – inclusive, vamos buscar essas informações com eles. E a gente queria saber a tua opinião.

Recado do EI para os torcedores

Recado do EI para os torcedores

OBS: Sobre a situação que os assinantes da Sky estão enfrentando (ausência dos canais EI), há conversas adiantadas desses canais aparecerem na grade ainda no segundo semestre desse ano. Em 2017 é 100% certo que isso ocorrerá – segundo a fonte informou.

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14 + comentários

  • Pablo 1 de março de 2016 - 12:25 Responder

    Se for um contrato curto… pode ser. Ser boi de piranha por um longo período é um esparro grande demais.
    E o dinheiro gerado com publicidade na TV fechada, os clubes levam alguma coisa da Globo?

    • Fagner 1 de março de 2016 - 15:30 Responder

      A princípio seria um contrato de cinco anos, como foi em 2011. Porém, em 2014 a Globo fechou com os clubes uma extensão até 2018. Então, há possibilidade do próximo contrato ter a mesma duração desse. O São Paulo fechou com a Globo para os próximos 5 anos (ou seja, até 2024).

      Não. A publicidade é toda da Globo. Ela paga aquele valor justamente para ter o direito de lucrar com a venda dos espaços publicitários.

      Saludos,
      Fagner

  • rodrigo restelato 1 de março de 2016 - 12:39 Responder

    Eu acredito que não vai dar certo para a Turner, a Globo vai jogar sujo. Seria ideal a quebra do monopolio, torço para que o Gremio feche com o Esporte Interativo!

  • Jonatha Zimmer 1 de março de 2016 - 12:40 Responder

    A qualidade técnica (filmagem, equipamento, corte) do EI é bem ruim. Maaaaaas, acredito que é muito interessante a mudança e dará uma boa sacudida no mercado.

    Jogos do Grêmio no Brasileirão quase nunca são passados na TV Fechada. Como o contrato tem como base apenas uma competição, acho que vale o tiro.

    • Fagner 1 de março de 2016 - 15:31 Responder

      Se não me engano o Grêmio, em 2015, jogou bastante na quinta e sábado. Esses jogos são do pacote de TV fechada.

      Saludos,
      Fagner

  • Edinardo 1 de março de 2016 - 12:43 Responder

    Acredito que seja a hora de oxigenar o mercado. Mais que isso desmembrar as cotas, TV Aberta, Fechada, PPV e Internet. Dessa forma teríamos uma injeção de receitas interessantes e a abertura de mercado inexplorados em termos financeiros e que movimentam uma grande soma como a internet por exemplo. Esta abertura estimulará a troca de idéias e de cases, não deixando nosso futebol estancada de novidades como está hoje. E possibilitaria abrir mão do controle da CBF, que hoje monopoliza as decisões e o futuro do nosso esporte preferido. Equiparando e aumentando as cotas teríamos um campeonato mais homogêneo e com aumento gradual da qualidade técnica, trazendo novamente público aos estádios e tornando nosso campeonato comercialmente mais interessante a outros mercados que hoje, nem dão mais bola a nossa principal competição.

    • Fagner 1 de março de 2016 - 15:35 Responder

      As cotas já são desmembradas. Segundo o EI, ninguém havia apresentado proposta para enfrentar a Globo na TV aberta, nem PPV e Internet. Mas, com certeza, seria uma ótima alguém conseguir fazer frente à Globo nesses quesitos. Inclusive eu gostaria que o Grêmio não vendesse os direitos de Internet – ficasse com ele mesmo e usasse como investimento na Grêmio TV.

      O mais interessante é que os valores pra TV fechada já são quase iguais ao que foi dado para todas as plataformas na última negociação. Ou seja, já há efeitos positivos.

      Saludos,
      Fagner

  • Ezio 1 de março de 2016 - 13:20 Responder

    Demorou pro GRÊMIO fechar com a Turner, basta desse monopólio da RGT. aos que alegam que o GRÊMIO vai se ferrar fechando com a Turner. Mesmo que feche com a RGT estará ferrado igual. Dá raiva de ver todos os canais da TV Fechada transmitindo o mesmo jogo (invariavelmente da chinelagem de itaquera) e ninguém passando o do GREMIO. Por mais que a qualidade do EI seja meio duvidosa pelo menos é uma garantia a mais de que poderemos ver algum jogo do GRÊMIO. Bem lembrando de mais um desserviço que o pavão do Odone prestou ao GRÊMIO Fagner. Já bastou deixar o Jonas ir embora e não garantir o Ronaldinho Pilantra expondo o clube a mais um mico histórico.

  • Eduardo Ribeiro 1 de março de 2016 - 16:32 Responder

    Só para constar, o GREnada dos 5×0 foi transmitido pelo Sportv, ou seja, TV Fechada, bem como Grêmio x Vasco, Grêmio x Atlético-MG, do gol mais belo do ano. Aliás, um dos jogos que sempre passa na TV Fechada do Grêmio é contra o Coxa….

    Hasta!
    Eduardo R.

  • João Hernández 1 de março de 2016 - 16:39 Responder

    Seria legal mostrar um cálculo do quanto o Grêmio teria recebido em 2015 caso esse contrato com o EI tivesse sido fechado, acho que isso exemplificaria bem e tiraria muitas dúvidas. Grêmio ganha hoje 60 milhões com a globo, a cota de 550 milhões divididos por 20 clubes nos renderia 27 milhões. Não consegui entender se esses 50% igualitários seriam sobre o valor desses 550 milhões. Porque se forem, o valor cai para 13,5 milhões igualitários. Sinceramente, gostariam que expusessem melhor para que não ficassem dúvidas.

    Abraço

    • Fagner 1 de março de 2016 - 20:23 Responder

      Vamos providenciar um cálculo mais preciso (embora hipotético), João. Mas já adianto o resultado nosso: se fosse feito o formato que o EI sugeriu no ano passado, com os resultados de ibope e campeonato, o Grêmio ficaria perto dos R$ 50 milhões – R$ 13,5 do valor comum (225 milhões/20) e o restante divididos proporcionalmente. O Grêmio ganha 60 milhões hoje no valor TOTAL (ou seja, TV Aberta, TV Fechada, Internet e PPV). O valor só da TV Fechada é R$60 milhões para TODOS os times repartirem (e a divisão é proporcional pela audiência, apenas).

      Saludos,
      Fagner

  • Fabiano 1 de março de 2016 - 16:55 Responder

    Acho uma boa até para quebrar esse monopólio da Globo, pra ela ver que os clubes estão de saco cheio dela também e não só da CBF, eu assinaria com a Turner, a hora é agora e o cavalo está passando. Espero que o Grêmio tenha sabedoria para se posicionar e escolher a melhor proposta para si, confio no nosso presidente atual. Uma coisa é certa, do jeito que está não dá, Flamengo e Corinthians dão audiência? Sim, isso é indiscutível mas este não pode ser o principal critério para a divisão da grana em um país com doze grandes clubes de massa, e este escalonamento onde Grêmio e Inter aparecem à frente somente dos catarinenses, nordestinos, paranaenses e goianos é ridículo. Grêmio e Inter recebem menos do que Vasco e Botafogo, piada!!

  • FSBazul 1 de março de 2016 - 19:18 Responder

    No capitalismo, tal e qual na democracia, a alternância de poder faz bem. A Globo (m)anda sozinha no futebol brasileiro há muito tempo. Criou relações no mínimo pouco transparentes com a CBF. Fez o que pôde para quebrar a posição do Clube dos 13.
    O EI não tem novela na grade, o que poderia facilitar horários menos absurdos, pelo menos nos jogos em que não houver TV aberta.
    Não faria mal a ninguém experimentar algo diferente. Nem que seja para que a Globo respeite os naming rights e patrocínios nacionais assim como são respeitados os internacionais.
    Se Olimpíada e Copa Libertadores já passaram por esta experiência, porque não o Grêmio?

  • Gabriel 10 de março de 2016 - 11:42 Responder

    Primeiramente, achei que os clubes tinham um expectativa de não ter mais brasileiro em 2025. E sim uma Liga, organizada pelos clubes. Ver estes contratos acontecendo, chamam atenção neste sentido. Uma vez que tivéssemos uma liga, A Liga deveria vender estas cotas, e não serem negociadas clube a clube. Sem dúvidas todos ganhariam assim. E entendo que o ideal seria estabelecer um valor para cada uma das categorias sem exclusividade. Ou seja, quer transmitir? É tanto! E cumpra algumas normas, como por exemplo Naming Rights dos estádios em suas transmissões. Daí sim o jogo estaria virado em prol dos clubes e do futebol brasileiro.

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