A Falha

1 Postado por - 15 de junho de 2014 - Artigos

O futebol é feito de falhas. Muito mais falhas do que acertos. Entre dois times de mesmo nível e bem preparados, vencerá aquele que cometer menos falhas. Gols serão marcados nas falhas do adversário. Claro que, após cometida uma falha, é necessário ter competência para que a redonda entre na meta. Nem sempre, na verdade. Tem gente que falha(?) e ainda assim faz o gol. A falha é parte de todos nós, seres humanos e até mesmo dos animais. Não sei se plantas podem falhar.

Complicado é quando, quem não deveria falhar, falha. E esse cidadão é o homem de preto que comanda o jogo para que este seja o mais justo possível. A falha deste personagem não é admitida. Ele não está ali para isso. Ele precisa ser perfeito no que faz. Mas o ser humano, querendo não falhar mais, evoluiu na tecnologia. E isso, quem diria, virou inimiga dos que não querem mais falhar. Não acredito que a qualidade dos árbitros tenha decaído. O problema, mesmo, é o monitoramento das nossas falhas. Temos o raio-x de tudo que acontece dentro de um campo de futebol. Umas 50 câmeras estão dentro e fora do estádio, para levar ao espectador, todos os detalhes que eles não podem vivenciar por estarem em algum outro ambiente com televisionamento.

Em Brasil e Croácia, na última quinta-feira, pela abertura da Copa do Mundo 2014, existiu a discussão sobre o pênalti sofrido pelo centroavante canarinho Fred. Uns dizem que foi. Outros dizem que não foi. No momento do lance, achei pênalti claro. Depois de ver o lance umas 123 vezes, em outros 87 programas e com 340 comentaristas diferentes, comecei a desconfiar se houve, realmente, a penalidade.

Aí começou o burburinho que a Copa estava vendida (ou comprada, como queiram). Que o Brasil não merecia ter vencido o jogo. Que algumas pessoas estavam envergonhadas por isso e não veriam mais a Copa. E é aí que percebo que essas pessoas não devem vivenciar o futebol em seu dia-a-dia. A banca paga e recebe. A falha FAZ PARTE DO ESPORTE. O futebol é um dos pouquíssimos esportes, se não o único, que o pior time PODE vencer o melhor.

Cada vez que possíveis erros e discussões sobre eles acontecem, lembro do jogo entre Grêmio e Palmeiras, pela Copa do Brasil de 1996. Eu estava no Olímpico! Era o jogo de volta e o Grêmio precisava fazer 2 gols de diferença para ir à final. O Tricolor saiu perdendo mas conseguiu virar o jogo com gols de Jardel e Zé Alcino. Teve bola na trave do Paulo Nunes. Teve Danrlei fazendo defesas importantes. Mas o terceiro gol parecia não querer sair. Foi então que João Antônio levantou a bola pra área, ela foi desviada pelo Aílton e Jardel entrou LAVRANDO grama pra meter a bola pra dentro. Gol legítimo! Grêmio em mais uma final de campeonato!

Foi então que o bandeira, Paulo Alves, levantou seu instrumento e marcou impedimento. O árbitro da partida, Dacildo Mourão, acreditando piamente em seu assistente, anulou o gol gremista. A revolta foi total. Eu, que na época tinha apenas 11 anos de idade, não acreditava no que estava acontecendo. Fui chorando, feito criança desmamada, da Azenha ao Jardim Lindóia, onde morava. Pois bem. Precisava me acostumar com as falhas, intencionais ou não, que existem no futebol.

Passo a Passo do Gol de Jardel no Palmeiras.

Passo a Passo do Gol de Jardel no Palmeiras.

Costumo rever esse video (abaixo) do jogo de 1996 quando alguém diz que, o time que estou torcendo, foi beneficiado pela arbitragem. Depois que o revejo, tudo fica na boa. Aceito a tal falha ao meu favor e sigo em frente para o próximo jogo, que poderá ter, ou não, mais falhas dos que fazem parte do espetáculo do futebol.

Dale!

As fotos são do blog Grêmio 1983.

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5 + comentários

  • Lucas Dornelles 15 de junho de 2014 - 18:19 Responder

    A FIFA é a entidade esportiva mais atrasada do universo, não é a toa que outros esportes como Futebol Americano e Rugby, ganham cada vez mais audiência. Não utilizar recursos da TV beneficia quem? Porque não dar uma ou duas chances de um time discutir uma jogada duvidosa? Isso só serviria pra trazer um pouco mais de seriedade as competições, evitando suspeitas de manipulação de jogos com ajuda da arbitragem.

  • Fagner 15 de junho de 2014 - 18:26 Responder

    Lembro desse jogo mais do que das conquistas, acho. Eram 30 do segundo tempo e perdíamos. Pensei: tem que sair um gol a cada cinco minutos pra gente ganhar. E foi quase isso. Que juizinho de merda.

    Saludos,
    Fagner

    • FÁBIO GREMISTA 16 de junho de 2014 - 01:38 Responder

      Desse aí e aquele contra o Ajax.

      Abraço.

  • marco 16 de junho de 2014 - 17:00 Responder

    Concordo com o texto.Mas esse aí o Grêmio foi claramente roubado.A imprensa do centro do país odiava o gremio , tinha o esquema parmalat , e nao admitiriam mais uma eliminaçao do “melhor” time do brasil para o “modorrento gremio e seu futebol feio e desleal”.Entao ao menos essa eliminaçao teria que ser a favor da seleçao da parmalate , nem que fosse no apito amigo..!

  • Borracho 17 de junho de 2014 - 16:44 Responder

    O 3×1 levaria o jogo para o penaltis, e não cassificava direto. O primeiro jogo foi 1×3 pro Palmeiras.

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