Adaptação

0 Postado por - 12 de abril de 2013 - Artigos

Toda vez que vejo esse bombardeio de reclamações sobre a Arena, lembro de vários momentos na minha vida onde tive algum tipo de transição. Mudar de casa, de emprego, cidade, estado civil, de carro, etc. Olhando para essas situações vividas foi possível que eu estabelecesse um padrão de comportamento meu que seria mais ou menos assim.
1ª fase – expectativa. Essa fase inicia-se quando se define a mudança que vai ocorrer. Vem uma expectativa enorme do que vai ser a sua vida após a mudança ocorrer. Fantasio coisas legais, mas ao mesmo tempo penso no momento atual, mas a expectativa positiva acaba por tomar conta dos sentimentos.
2ª fase – pré-mudança: a mudança está prestes a acontecer. Aí cai a ficha, Começo a olhar na minha volta e me dou conta de que por melhor que seja o que está por vir, o que eu tenho hoje vai deixar saudades. Lembro de momentos legais, situações divertidas, etc.
3ª fase – a mudança: Tudo é festa, tudo é maravilhoso, tudo é lindo, como é que eu tinha vivido até hoje sem isso e por aí vai.
4ª fase – início da adaptação: Passou a euforia. Começamos a ter uma visão um pouco mais realista dessa nova realidade. Vejo que o que tenho agora é muito melhor do que o que eu tinha, mas que também tem seus defeitos, não é a imagem da perfeição. Começo a perceber que algumas coisas que eu nem sabia que gostava hoje me fazem falta. E outras coisas que eu nunca tinha parado pra pensar me incomodam.
5ª fase – fim da adaptação: passou a euforia, passou o sentimento de perda, me adaptei às novas situações, o que eu achava que tinha mudado pra pior não é assim tão ruim, na verdade é tão bom quanto, só que diferente. Vejo que no fim das contas saí no lucro, evoluí. Estou melhor.
Hoje, eu me sinto numa situação de mudança em relação a Arena, acho que estou na 4ª fase. Estou lá no 4º pavimento, numa cadeira confortável, livre da chuva, mas ás vezes tenho saudade de quando fica encostado na mureta. Xingava o adversário, bandeira, árbitro, etc. Eu ia pro Olímpico, muitas vezes sem marcar com ninguém, não era preciso, a gente se encontrava ali do lado da Beth.
Venho de Novo Hamburgo, assim hoje é muito mais prático me deslocar pra Arena, vou de trem. Na época do Olímpico eu tinha desistido de assistir jogos que começassem às 19h30min, e olha que até 20h30m tava ficando complicado. Hoje faço uma viagem de 35 minutos de trem e depois de uma caminhada de mais 20 estou dentro da Arena. Isso é muito bom.
Sinto a Arena ainda um ambiente frio, tipo casa nova, emprego novo. O entorno é a mesma coisa. Onde é que eu tomo uma ceva? Onde eu como um churrasquinho? Onde eu encontro minha turma?
A ceva do Olímpico era mais gelada? O gato do Olímpico tinha pedigree? O pastel menos vento? Não. É tudo igual, só que diferente. Diferente porque eu ainda não conheço, porque ainda é novidade. Pudera, a assisti cinco jogos apenas, todos à noite.
Aí me deparo com uma outra questão. Essa novidade toda não é só pra mim, e não é só para os torcedores. Mudou muita coisa pra muita gente. Está todo mundo tendo que se adaptar a uma situação nova. Todos estão no mesmo barco que eu e quando digo todos estou falando de torcedores, de funcionários do Grêmio, de funcionários da Arena, da comunidade do Humaitá, da Brigada, da imprensa, enfim, todas as pessoas que hoje tem a Arena como uma nova realidade estão passando por um período de adaptação. É óbvio que isso não justifica uma série de coisas, mas também pode justificar outras. Existem pessoas com muito boa vontade que estão se esforçando pra acertar e claro, outras sem a mínima. Mas essas também estavam no Olímpico, com uma vantagem: como no olímpico tudo fluía, a inteferência negativa deles, pouco aparecia.
Mas de uma coisa eu tenho certeza, da mesma forma que hoje sei de uma padaria legal perto da minha casa, vou saber onde a ceva tá sempre gelada na volta da Arena. É tudo uma questão de tempo. Tempo pra eu me adaptar a Arena, tempo pra Arena se adaptar a mim.

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2 + comentários

  • Marcelo 12 de abril de 2013 - 14:10 Responder

    Só não mudou pra BM, que continua despejando cacetada e agindo com violência contra quem aparece pela frente. Com tantas mudanças, bem que a autoridade pública também podia tomar coragem e mudar o que deve ser mudado dentro dessa instituição. Nem bandido é tratado do jeito que os torcedores foram quarta à noite. Isso tem que ter fim!

  • Zaia 13 de abril de 2013 - 17:47 Responder

    Texto maravilhoso e comentário do Marcelo também. São inadmissíevsis algumas cenas protagonizadas por BMS, e olha que não faço parte da GERAL. Eu gostaria de ser protegida pela Brigada e não espancada.

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