Administração e Gerenciamento de Futebol – Post I – Introdução

0 Postado por - 6 de dezembro de 2011 - Artigos

(Começo agora uma série de posts, de hoje até sexta, com algumas considerações sobre a administração de clubes de futebol sob a luz da própria administração que se estuda na academia. Por se tratar de um blog, as referências bibliográficas foram omitidas. Embora, no início, não pareça ter algo a ver com futebol, creio que o assunto exige uma padronização de conhecimento de modo a enriquecer o debate. É a partir dessa padronização que as ideias vão se encaixando).

Mundo capitalista, anos 60. Depois de dez anos de reconstrução, o lado Ocidental, encabeçado pelos Estados Unidos, está em alerta: desde 1949, o lado Oriental (liderados pelos Soviéticos) estourou a sua bomba atômica e, há um, financiou a primeira vitória no “quintal” ianque (a revolução Cubana). Embora o governo de Fidel nunca tivesse se tornado submisso ao de Stálin, a vitória vermelha fora de casa foi um sinal dos tempos. Além disso, fazia três anos que Stalingrado tinha mandado a cadela Laika para o espaço. Era o auge da guerra fria, e os serviços de investigação (tanto a CIA quanto as universidades) tentavam buscar entender uma pergunta contundente: Como uma economia não capitalista conseguia ter sucessos tecnológicos que exigiam tanto capital em tão pouco tempo?

Com essa pergunta na cabeça, os pensadores da administração e da economia capitalistas começaram a se debruçar sobre aquele modelo econômico, dito planificado, para buscar as origens daquele sucesso. Dessa busca surgiu um grande expoente, Peter Drucker, que refundou a administração moderna e adaptou a lógica ao que conhecemos hoje como Planejamento Estratégico. Exatamente da mesma forma que os planos plurianuais bolcheviques, sua ideia consistia em planejar, com prazos cabíveis (cinco, dez anos), lugares aonde queremos estar e como podemos chegar até lá, criando, a partir daí, táticas de curto prazo para atingir os objetivos. Ironicamente, o que hoje é o suprassumo do “capitalismo moderno” e bem administrado veio diretamente do comunismo. Um modelo tão difundido que está expresso em um documento guardado a sete chaves no nosso próprio Grêmio. Para muitos, sem isso não existe sucesso.

Porém, não foi apenas esse movimento que surgia no horizonte da administração de grandes corporações. Na mesma época, estudiosos das recém-reconhecidas faculdades de Administração, na Inglaterra, começaram a estudar as empresas de sucesso em seus segmentos particulares na busca da melhor maneira de se administrar uma empresa. Viram que algumas das maiores corporações daquele país seguiam ainda os modelos Tayloristas (que primavam o estudo de tempos e movimentos, além da remuneração como estímulo para tarefas) mesmo depois de quase cinquenta anos. Também viram grandes corporações com pessoas em grupos multidisciplinares e democráticos. E esses estudiosos, chamados de Analistas da Contingência, chegaram a uma conclusão: a melhor maneira de se administrar depende. O que funciona num lugar, não necessariamente funciona em outro. Não existe uma receita para este bolo.

Depois de mais cinquenta anos, ainda tem gente que acredita que o Planejamento Estratégico é o caminho. Porém, ele não é a garantia de nada. Por quê? Por que também depende. Principalmente das pessoas que trabalham onde ele se aplica. Para Peter Drucker, um bom planejamento estratégico depende do “sentimento” de quem tem a responsabilidade. A tarefa que está envolvida deve ser factível no tempo a que se propôs, sem ter aquela tradicional “gordura” nem a falta. Assim, quanto mais empenhada com a empresa a pessoa estiver, maior será a precisão do planejamento, e maior a tendência de sucesso. E como faz para uma pessoa querer trabalhar para a empresa? Isso é assunto para outro post.

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8 + comentários

  • leandro 6 de dezembro de 2011 - 11:07 Responder

    MAS É EXATAMENTE POR ISTO Q ESTAMOS NUMA M….. E O GREMIO VIVE DE PASSADO, OS CARAS DE LA SO PENSAM NA PROMOÇÃO PESSOAL E ARENA……..SOLUÇÃO???????/ SIM 2013…..SÓ ISSO.

  • Daniel - jlle 6 de dezembro de 2011 - 11:11 Responder

    Lá vai um problema a curto prazo pro Pelaipe: E A ZAGA??

  • TIAGO - GREMISTA DE PASSO FUNDO 6 de dezembro de 2011 - 11:18 Responder

    Muito bom, vou acompanhar, gostei muito da abordagem.

    Eu acho que, dentro da mediocridade do pensamento Odononiano, Antoniniano e cia, surgiu um sonho.
    De se libertar da doença viciosa que assola os corredores do Olímpico e principalmente o Conselho Deliberativo.
    Talvez (espero…) na cabeça dos protagonistas da Arena a mudança de casa e aos olhos da OAS que visa lucros, os dirigentes imaginam divorciar-se de suas burradas, partindo para um modelo de gestão mais coerente.
    É um sonho, apenas… por enquanto. Agora na prática, só vejo bizarisses vaidosas de um bando de filha da puta que acham que o Grêmio é seu palanque eleitoral.

  • Tiago 6 de dezembro de 2011 - 12:00 Responder

    Porra. Esse texto parece aquele de como escolher um técnico, diz um monte de coisa pra no final não concluir nada…
    Ao menos não é mais uma fórmula mágica.
    Não resolve o problema, mas também não cria outro.

  • Gabriel 6 de dezembro de 2011 - 12:38 Responder

    Também pode se citar o 7S Japonês, acho que é dos anos 70, mas é empregado em conjunto com o planejamento e é usado até hoje em indústrias, vale a pena dar uma olhada, nem que seja só para a vida pessoal.

  • Giovanni 6 de dezembro de 2011 - 13:32 Responder

    Não acredito que o Fagner quisesse ter a presunção de solucionar o problema do Grêmio. Pra falar a verdade, nenhum de nós aqui, meros torcedores, temos a resposta do que é que acontece há dez anos em nosso time. É um conjunto de fatores, alguns aparentemente explícitos e outros bem escondidos. E não acontece só no Grêmio, toda instituição tem seus percalços.

    A ideia é discutir alguns deles. Espero pelos outros posts.

  • Daniel 6 de dezembro de 2011 - 15:50 Responder

    Planejamento estratégico do Odone:

    – Objetivo: Ser reeleito.
    Prazo: Último ano de mandato.

    – Objetivo: Ser campeão.
    Prazo: Quando der…

  • PRG 7 de dezembro de 2011 - 10:49 Responder

    Sou Tricolor carioca mas acompanho o blog e já contribuí com ele. O Fagner está dando um show e quando ele chegar ao futebol com certeza vai arrebentar. Um clube de futebol é uma organização como outra qualquer com a vantagem de ter clientes fiéis até a morte, portanto as teorias aplicadas às empresas também valem.

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