Aprendizados da Copa

3 Postado por - 20 de junho de 2014 - Artigos

Não há como não se contagiar com a raça uruguaia. Difícil uma pessoa sem envolvimento com a Inglaterra ter torcido pros ingleses ontem.

Sou suspeita pra falar, pois admiro o futebol uruguaio desde sempre. O livro mais incrível sobre futebol que já li foi escrito por um dos maiores escritores existentes (na minha humilde opinião), Eduardo Galeano, uruguaio. O livro Futebol ao Sol e à Sombra foi um presente do meu pai e foi devorado em 2 dias. Ao falar sobre os grandes acontecimentos do futebol, logicamente o autor cita muitos feitos da Celeste. Já admirava o estilo de jogo daquele país pequeno no tamanho, mas com tamanho suficiente pra criar grandes jogadores de futebol, mas depois de ler esse livro, passei a simpatizar mais.

Duas coisas chamaram bastante a minha atenção na partida de ontem: a raça uruguaia e como um bom cruzamento pode mudar uma partida (aliás, essa observação é pra quase todos os jogos da Copa).

luis-suarez-comemora-com-cavani-apos-gol-na-vitoria-uruguaia-por-2-a-1-sobre-a-inglaterra-1403215771538_1920x1080

A raça, o Grêmio sempre teve. Só falta um motivador no clube, que claramente não é o nosso técnico.

Meio triste falar isso, mas não há nenhum lateral muito bom atuando no Brasil e, como não tenho conseguido acompanhar muito os jogos de fora, acabei me acostumando com cruzamentos ruins. É lógico que é uma Copa, mas enche os olhos ver esse tipo de jogada dar certo.

Estou ansiosa pra ver Marquinhos Pedroso e Matías Rodriguez atuando pra ver se muda alguma coisa em relação aos cruzamentos no Grêmio e se começamos, pelo menos, a fazer mais jogadas indo até a linha de fundo.

Essa Copa tá sendo a melhor que já vi na vida (não lembro claramente de 94 porque era pequena) e tá servindo pra ver como os times agem e reagem nos jogos que, querendo ou não, são de vida ou morte. Espero que nosso técnico e nossos jogadores estejam assistindo fervorasamente e estejam aprendendo com ela. Se voltarem da parada com a raça do Uruguai já tá me servindo bastante.

 

 

 

Comparilhe isso:

5 + comentários

  • João 21 de junho de 2014 - 12:37 Responder

    O Chile também tá jogando MUITO. E um dos principais jogadores do Chile é o Vargas, que há pouco estava no Grêmio, uma boa parte do tempo NO BANCO, e a torcida parecia que achava normal. Temos de refletir sobre isso, pois parte da torcida fica numa idealização do Grêmio e escolhe os ídolos errados. Ao invés de escolher os que jogam, escolhe pela nacionalidade, ou por critérios tipo “copeiro e peleador”. Aí jogamos milhões pela janela. O Grêmio tinha um time razoável quando essa direção assumiu, mas mandamos embora vários jogadores e ficamos pagando os seus salários por muito tempo, para trazer PIORES jogadores, pagando muito mais. Pelo menos aquele time não dava vexame em Gre-Nal. Depois culpam o contrato com a OAS, mas para jogar pela janela tem dinheiro. Temos bons jogadores, como o Pará, mas ele não tem grife, acho que esse é o problema. A torcida quer grife, o Grêmio paga milhões mas o jogador não joga, é muita expectativa em cima do cara. No tempo em que o Grêmio ganhava títulos bastava o cara ter algum futebol, ter técnica e não só garra, e querer muito jogar no Grêmio. E a torcida acolhia o cara, não ficava xingando e vaiando. Tivemos muitos bons jogadores que mandamos embora. Os caras querem que o lateral acerte todos os cruzamentos, qual lateral que acerta todos? Lateral tem de marcar em primeiro lugar, ele é jogador do sistema defensivo. Quem tem de criar jogadas e atacar é o meio de campo, mas preferimos jogadores como o Zé Roberto, que nunca jogou nada, só dá toquinho pro lado. Mas tem grife. O Leandro, que ia pra cima, e era do Grêmio, tinha gremistas que odiavam. Mas gostam do Maxi Rodriguez, só por que é uruguaio. Os Biteco, que são criação do Grêmio, tem vontade de jogar, esses não tem grife. O Grêmio diz que não tem dinheiro, mas parece o Real Madrid, que quer contratar os medalhões. E a maior parte da torcida fica “só no radinho”, não dá um tostão pro Grêmio enquanto o Inter tem o dobro de associados. Tem de agir mais e idealizar menos se queremos ser de novo um time vencedor.

  • Fagner 21 de junho de 2014 - 21:59 Responder

    João, o Vargas é reserva onde joga. Era no Nápoli, era no Grêmio, é no Valência. O Sanchez, idem. Nunca emplacou em Barcelona. Não acha que é muita coincidência que esses “baita jogadores” só joguem bem no time que tem o SAMPAOLI?

    Chile é uma seleção medíocre muito bem treinada. Não te ilude.

    Saludos,
    Fagner

  • Cruyff 23 de junho de 2014 - 14:08 Responder

    Nenhuma seleção é muito bem treinada, isso não existe, não há tempo suficiente para tal feito! É claro que o Chile tem ótimos jogadores, inclusive Vargas e Sanchez

  • Fausto 23 de junho de 2014 - 17:18 Responder

    Concordo em partes e discordo em partes do que se tem comentado.

    Existe seleção bem treinada sim. O segredo para combater a falta de tempo para treinar é implantar uma filosofia de jogo. Treinador que acha que é só convocar os 22 melhores e por pra jogar, aí fica reclamando que não tem tempo. Quando tá bem definido o “jeitão” da seleção jogar, a repetição das convocações vai fazendo ela ficar cada vez melhor treinada. É o que acontece, entre outros, com o Chile.

    Mas o Chile acho que não dá pra classificar como medíocre não. Sem tirar os méritos do Sampaoli que são muitos, a safra é boa!

    Quanto ao Vargas ele era titular em La U (ok, treinado pelo Sampaoli também), mas quando foi reserva nos outros clubes os titulares não eram Kleber e Barcos. Traçando um paralelo, o Aranguiz se for pra Europa periga ficar na reserva (assim como o Paulinho no Tottenham), mas no Inter é titular absoluto. Acho que foi nesse sentido que o João apontou como estranho o fato dele ter sido reserva maior parte de sua passagem no Grêmio.

    Eu acho que o problema do Vargas no Grêmio foi justamente a falta de uma filosofia de jogo. Trazem os caras por trazer, porque são visados por outros clubes, porque se destacam jogando em tal lugar ou então, porque eliminaram algum time brasileiro na Libertadores, aí vira craque. Aí o cara vem e não sabem direito nem em que posição escalar o cara!

    A Julia colocou que era pequena pra lembrar da Copa de 94, portanto também era pequena pra lembrar de 1995, o ano do bi da Libertadores e de como aquele time foi montado. Totalmente voltado para uma filosofia. Muitos dizem que aquele time tinha grandes jogadores e jogava muita bola. Em partes até é verdade, principalmente se analisar a equipe depois de pronta e jogando, mas quando foi montada poucos apostavam e os jogadores foram trazidos a dedo pra implantar o estilo de jogo que o Scolari queria. Foi assim que o Arce veio parar no Grêmio, o Dinho, o Rivarola e outros jogadores que foram fundamentais naquela campanha. O Rivarola por exemplo, não jogava nada! Veio porque batia até na mãe e era isso mesmo que o Grêmio queria, um zagueiro pra jogar do lado do Adilson que era mais técnico e que jogasse sempre com a caixa de ferramenta aberta. Um eterno risco que valeu uma Libertadores e custou um Mundial.

    Já outros foram forjados aqui, na base da perspicácia do treinador e dos treinos. O Jardel que veio do Vasco escurraçado, veio pra ser o reserva do Magno que veio mais badalado do Flamerda. Mas o treinador percebeu que ele era matador e que armando bem os cruzamentos ia dar samba! E o badalado Paulo Nunes também era um surfista que veio de contra-peso, só sabia correr e driblar e cavar faltas inúteis quando jogava no Rio. O Felipão falou pra ele “tchê, para com essa frescura de cair e joga que nem homem. Tudo que tu tens que fazer é correr até a linha de fundo e de lá cruzar na marca do penalti, o resto é com o Jardel” … deu no que deu!

    Eram outras épocas claro e mesmo considerando a síndrome de “no meu tempo tudo era melhor” da pra dizer que o pessoal naquela época sabia o que tava fazendo.

    Vamos ver se o Enderson e o Rui Costa sabem também …

  • João 24 de junho de 2014 - 17:11 Responder

    Fagner, é isso que me refiro. O pessoal olha ideias e não a realidade. Decide antecipadamente que o time do Chile é ruim, e o do Uruguai é copeiro e peleador, e aí n ão interessa mais nada, a realidade tem de se enquadrar. Se o cara cai nas graças da torcida, às vezes por esses critérios idealizados, não joga nada mas fica meses e anos ganhando. Como o Fausto falou bem acima, quando ganhávamos o Gremio administrava o que tinha, dava mais certo. Alguns torcedors querem que o gremio contrate os titulares da Europa, mas não tem como!!!! A maioria de nossos ídolos pegavam reserva em outros times do Brasil, que dirá de fora. E nos últimos tempos mesmo, lucramos mais com jogadores contratados do Juventude do que dos “hermanos”. Eu penso que o Gremio é um time BRASILEIRO, sempre que ganhou aliou a garra ao talento do futebol brasileiro. Depois que inventamos essa de “alma castelhana” não ganhamos mais nada. OK, temos coisas do Cone Sul, mas o pessoal exagera nessa idealização, acaba que ficamos muito artificiais.

  • Deixe uma resposta