Erros e acertos

0 Postado por - 14 de fevereiro de 2014 - Artigos

Acho que jogar contra o Nacional foi a melhor coisa que podia acontecer ao Grêmio em uma estreia de Libertadores. Viajamos pouco, para um clima parecido com o nosso, para jogar contra um time que sabe que tem que respeitar o Grêmio, porque, afinal, fomos os vice-campeões do melhor campeonato do continente e qualquer ponto é ponto no grupo da morte. Isso fez com que nossas falhas fossem bem atenuadas. Então, uma parte do bom desempenho se deveu ao adversário não se atrever a ir pra cima. O melhor momento deles foi quando perceberam que os zagueiros e os volantes tendiam a jogar em linha, com o Edinho na meia lua. Aí o camisa 16 deles fez o que pouco fazemos: despejou tiros de média distância. Isso durou alguns minutos, até o meio mudar a maneira de jogar e o Pará prestar atenção no cara.

Riveros (com a 16 que pula sozinha) faz o gol. Foto: Lucas Uebel, do Flickr do Grêmio Oficial

Aí veio o segundo erro do time: quando o Pará marca um atacante, mesmo que, no caso, ele fosse um meia avançado,  alguém precisa proteger o lateral. Tomamos um xerox do gol do Inter no Grenal. Dessa vez o Ramiro conseguiu se atirar na bola, mas só deu certo porque o jogador deles é ruim e só faria o gol se estivesse absolutamente sozinho (o ruim do Inter foi a maior prova disso). O terceiro erro do time foi a lentidão. A zaga do Nacional precisava pegar um taxi toda a vez que nós contra-atacávamos. Mas perdemos muitos contra-ataques principalmente porque toda a bola passava pelo Zé Roberto, que carimba a jogada e passava de lado. Os passes mais profundos que tivemos vieram dos pés do Luan (um deles BISONHAMENTE perdido pelo Barcos). O quarto erro foi a insistência em segurar o time que estava “fazendo um bom jogo”. Nós quase não levamos sustos, mas pouco assustamos. E o jogo deu sinais de que estava pra gente ainda no primeiro tempo. O esquema estava errado pra jogar contra um time encolhido. Só fez mais sentido depois do nosso gol. E, mesmo assim, faltava um cara pra carregar a bola até a linha de fundo, ou para jogar os atacantes lá pra frente e passar rápido com precisão.

Pra encerrar os erros, as mudanças, quando vieram, pioraram o time. Pelo segundo jogo seguido. “Ah, isso mostra que ele não devia ter mexido”. Não,  isso mostra que ele mexeu errado. Trocar o Léo Gago pelo Ramiro, embora surpreendente, não é de todo inexplicável. Era um volante com menos saída, mas descansado. Mas tirar o único jogador pra puxar contra-ataque e colocar um zagueiro é a garantia do passaporte para o inferno. De trem bala. Era para terem saído o Zé e o Barcos, colocar o Deretti e o Maxi, ou o Ruiz, ou até o Everaldo. Tínhamos que partir pro contra ataque rápido e sentar em cima da bola na linha de fundo, cavar escanteio e catimbar na cobrança. É o b-a-ba da conservação do resultado.

Os acertos  também foram muitos. O primeiro: a manutenção dos três volantes sempre deixa o time assim, seguro. E não vão dizer que ficaram surpresos com isso. É o time do ano passado, com menos ataque ainda. Eu sempre fico tranquilo sobre não tomar gols com essa formação. Só não peçam criatividade contra retrancas. Segundo: os passes certos. Embora fiquem na memória as bobagens, individualmente erramos pouco. O que mais errou foi o Edinho (5), embora tenha tido 90% de acerto. O Zé errou 4 e ficou  com 88%. Riveros, Wendell e Werley erraram só um cada, e o resto dois. Em início de temporada e apenas no segundo teste de verdade é um bom índice.

O outro acerto foi, quando o BOM treinador deles anulou quem mais brilhou no primeiro tempo, colocando um cara nas costas do Wendell e uma blitz com sobra no Luan, foi a vez dos volantes aparecerem. Essa é a melhor parte da dupla Riveros e Ramiro. Eles não só marcam, mas aparecem muito lá na frente. E, dessa vez, fizeram o gol com uma pintura de pivô do Barcos. Quarto acerto: a mentalidade. Não acredito em “garra” (a desculpa padrão dos amantes do Sobrenatural de Almeida), mas o foco é fundamental. E faz parte do foco entender que, pra surpreender, tu tem que decidir a jogada de vez em quando. Esse é, a meu ver, o nosso maior diferencial com relação à Libertadores 2013. Naquele time, só o Elano decidia (e olhe lá). O resto era problema do ataque. Ontem, não. Houve menos toquinhos de lado, mais jogadas verticais e viradas de jogo. Característica do Rhodolfo, do Wendell, do Ramiro, do Riveros e do Luan, principalmente. Meio time buscou o jogo. Mantendo assim, a tendência é de mais variações e mais futebol pros próximos jogos.

E, finalmente, o  quinto e mais importante acerto foi ter vencido. Não existe nada melhor que voltar a vencer fora de casa na Libertadores já pra começar. E, não se iludam: tem time que vai perder pontos pra eles lá. Mesmo que o time de Montevideo não seja lá o bicho.

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11 + comentários

  • Deivid_Icomp 14 de fevereiro de 2014 - 12:44 Responder

    PERFEITO -> “Era para terem saído o Zé e o Barcos, colocar o Deretti e o Maxi, ou o Ruiz, ou até o Everaldo. Tínhamos que partir pro contra ataque rápido e sentar em cima da bola na linha de fundo, cavar escanteio e catimbar na cobrança. É o b-a-ba da conservação do resultado.”

    Acrescento um erro, Edinho era o primeiro a armar as jogadas, MUITAS jogadas começaram por ele, por isso apareceram tanto os erros de passe dele, essa função deve ser de Ramiro ou Riveros

  • Thiago Piovezan 14 de fevereiro de 2014 - 13:54 Responder

    Caro Fagner.
    Belo texto, porém devo discordar de você em um ponto.
    “. Mas tirar o único jogador pra puxar contra-ataque e colocar um zagueiro é a garantia do passaporte para o inferno. De trem bala. Era para terem saído o Zé e o BARCOS, colocar o Deretti e o Maxi, ou o Ruiz, ou até o Everaldo. ”
    BARCOS. Está ai seu erro! Ele é o único que não pode sair. Basta olhar meia duzia de jogos do Grêmio para ver que ele é o nosso melhor ZAGUEIRO contra bolas paradas.
    E final de jogo, contra um time que joga PRINCIPALMENTE na bola aérea, o BARCOS é o único jogador, junto com os zagueiros, que não deveria sair.
    Acredito ser por isso, que nenhum treinador tira ele nunca em jogos no momento em que estamos tentando manter o resultado!
    De resto, concordo em gênero, número e DEgrau!
    Abraços!

  • Mano 14 de fevereiro de 2014 - 13:59 Responder

    Pois é, o curioso é que a montagem do meio campo permanece meio misteriosa. Os 3 volantes continuam, sendo que o Zé tá mais pra um quarto volante que um meia.
    Acho boa e natural essa formação pra um jogo difícil desses fora de casa. Mas tivemos a mesma formação no Grenal.
    Então, continuamos dependendo da aproximação dos volantes pra fazer gol. Não temos meias no grupo ou estes não tem condições de fazer mais do que praticamente 4 volantes em campo?

  • Fagner 14 de fevereiro de 2014 - 14:46 Responder

    Thiago, a melhor estratégia pra matar abafa não é colocar o teu time todo dentro da área. É tirar o time deles da área. Como se faz isso? Contra ataca. Faz outro gol e fecha a conta.

    Saludos,
    Fagner

  • Fagner 14 de fevereiro de 2014 - 14:48 Responder

    Mano, é precisamente isso. No ano passado a criação era dos atacantes e não deu nada. Agora, tinha que experimentar. Com o Dudu chegando, é provável que seja ele e o Luan. Mas é correria, não é armação. Ou seja, parece que caminhamos para uma bela retranca e gols de contra ataque. Bem Goiás.

    Saludos,
    Fagner

  • Gabriel Batista 14 de fevereiro de 2014 - 14:59 Responder

    eu não tiraria o Barcos do time, pra mim fez um jogo muito bom, fazendo muito bem o pivô e segurando bem a bola na frente. Ramiro saiu pq estava cansado, correu demais, entrou o Léo Gago descansado e que quase saiu o segundo gol na bola parada dele. Tb achei certo a entrada do Bressan no lugar do Zé, já no final do jogo perdendo de 1 a 0 e com o Recoba o time uruguaio iria usar muito a bola parada, então acho que o Enderson pensou bem o jogo, bola parada defensiva que fomos IMPECÁVEIS por sinal. gostei muito da leitura de jogo do Enderson ontém ao não abrir mão do Barcos.

  • Cruyff 14 de fevereiro de 2014 - 14:59 Responder

    Uma retranquinha fora de casa não faz mal a ninguém, mas tem que tomar cuidado, quando o jogo nos oferece algo mais que o empate, temos que correr atrás e fazer algumas modificações, achei que o Enderson demorou a mexer na equipe, o Zé era pra ter saído no início do segundo tempo, dando lugar ao Maxi Rodriguez.

    Temos que ganhar os próximos dois jogos que temos em casa, para nos garantirmos de forma mais segura.

    Em pensar que uma vitória fora de casa significa o mesmo que três empates sofridos… esse resultado foi DIMÁÁISS.

  • Fernando Audibert 15 de fevereiro de 2014 - 09:24 Responder

    O Thiago Piovesan resumiu, o problema do Grêmio chama-se Barcos. Com ele jogamos com um a menos.

  • Mr. White 15 de fevereiro de 2014 - 11:27 Responder

    Fagner parece que treinador do Lajeadense está para cair, tu não quer te candidatar ao posto?

  • NASIM 15 de fevereiro de 2014 - 14:32 Responder

    Concordo contigo, mas no meu ponto de vista para não ficar com a pressão do final do tempo como aconteceu tiro um volante + o Luan e colocaria Maxi e Alam , ai o Grêmio voltava a colocar pressão no Nacional de novo como o 1° tempo e não sofreríamos como sofremos no finalzinho q tivemos a sorte de que o juiz não cobrou pênalti ….
    ……..

  • Fábio 15 de fevereiro de 2014 - 18:51 Responder

    Ah.quanto pitaco. Tudo igual ao jornalismo oficial.

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