Estrelando: o COMÉDIA da imprensa e o PILANTRA

3 Postado por - 5 de agosto de 2014 - Artigos

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Era uma vez, numa província não muito distante, a história do desesperado por vender jornais.

Cansado de viver no ostracismo do clubismo pequeno, o desesperado cansou de ser diminuido.

– Quem eles pensam que são pra me chamar de Boquinha?

O desesperado, então, bolou uma ideia genial: – Vou abrir o bocão na rádio e nos jornais da província. Eles vão ter que me engolir.

E lá foi o desesperado, buscando informações, tentando subir na vida no tropeço de pessoas de bem. Usou de artimanhas pra enganar um pobre velhinho, mal afeito às tecnologias de sua época, que, coitado, deixou o telégrafo fora do gancho.

Boquinha foi lá, saracoteando seu desespero, e cunhou o termo “ovelhinhas”. Sucesso absoluto. Furo de reportagem. A moral e a ética não precisam ficar preocupadas. Afinal, Boquinha pensou: “se eu não revelar o nome, a fonte está protegida”.

Esqueceu, ou se fez esquecer, que vivia em uma província.

Vai, volta, retoma, Boquinha sentiu o gostinho do sucesso.

– Agora todos me conhecem. Eu sou alguém. Eu sou o cara das ovelhinhas!

Começou a ser chamado para churrascos. Suculentos e festivos. Sentiu o gostinho do poder.

Viu que sua falta de moral não foi contestada pelo chefe. Ao contrário! Agora o Boquinha era o Bocão!

Ledo engano.

O tempo passou. As pessoas se acostumaram com o uso do telégrafo. E Boquinha se via à mingua na busca da informação.

Viu seu prestigio diminuir. E com ele os convites pro churrasco e os quilos de alcatra no banco.

– “Preciso fazer alguma coisa”, pensou.

E como um bom desesperado, encontrou o caminho mais fácil:

– Já sei: serei um contista! Crônica é muito complicado. Notícia mais ainda. Sou criativo. E a vida mais ainda. Se todos gostaram da história das ovelhinhas, eu posso criar outras – e melhores.

E lá foi o desesperado, buscando histórias para contar. Não encontrando, achou por bem inventar.

– Isso não é antiético. Afinal, sou um contista, não um jornalista!

Eis que surge um menino prodígio no clube azul da província. O que tinha de talento, faltava em caráter. E não é que a realidade ajudou a ficção?

O garoto prodígio fugiu. Entre juras de amor eterno, não deixou um centavo nos cofres do clube que o projetou. Sua saída deixou mágoas, tudo o que o Boquinha precisava para voltar a brilhar alguns anos depois.

Entre idas e vindas do destino, o garoto prodígio ganhou o mundo e colecionou desafetos por onde passou. Por todos os clubes, deixou a mesma marca: futebol demais, caráter de menos.

Eis que um velho caudilho da pequena província viu ali uma oportunidade de, como Boquinha, se promover.

Instalou lindos gramofones pelas ruas da província para anunciar a volta do garoto prodígio. E foi enganado novamente.

Boquinha não perdeu a oportunidade para criar dezenas de teorias.  Mesmo após juras de ódio eterno pela maior metade de habitantes da província, insistiu que aquele mesmo clube amargurado estaria trazendo o garoto prodígio de volta.

Desta vez, ninguém mordeu a isca.

Pelo contrário, Boquinha foi ridicularizado por milhões de habitantes da pequena província.

O que ele fala, hoje, não é escutado por ninguém. Apenas por seus colegas da mídia, que viram na rápida ascensão do Boquinha uma desculpa para a falta de critério, moral ou ética.

– “Se o Boquinha cresceu aos olhos do chefe inventando histórias para vender jornal, por que nós temos que trabalhar sério em busca da verdade?”, pensaram eles.

Nas redações, à boca pequena, entoava-se um novo lema: – ABAIXO O JORNALISTA, VIVA O CONTISTA.

Como fogo na palha, as barrigadas se espalharam como cabritos selvagens. Ninguém mais sabia o que era mentira ou verdade. O que valia era a história, e quantos cliques e jornais ela vendia.

Enquanto isso, Boquinha e seus amigos começaram a lotar os saguões dos aeroportos. Alguns esperam até hoje o técnico chorão. Outros estampam na primeira página do jornal a volta do Pilantra.

Uma a uma, as histórias acabaram valendo o mesmo que a palavra do garoto prodígio: nada.

E a comédia rola solta, à boca pequena, pelas rádios e redações da pequena província…

Tem que rir pra não chorar.

 

 

Essa é uma história de ficção. Qualquer semelhança com personagens ou fatos reais é mera coincidência.

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14 + comentários

  • rodrigo restelato 5 de agosto de 2014 - 12:28 Responder

    boa!kk

  • Adilson 5 de agosto de 2014 - 12:44 Responder

    Quem está fora da provincia não sabe quem é o boquinha. Me falem aqui, ok?

  • Lucas Lencina 5 de agosto de 2014 - 12:55 Responder

    Que eu lembre era o Diogo Olivier e o L.H. Benfica que ouviram uma conversa particular entre os dirigentes do Grêmio fazendo críticas ao Tite.

  • Heinrich 5 de agosto de 2014 - 13:21 Responder

    Notícias sobre a volta desse cara pro nosso clube eu não leio pq sei que é caça cliques. E pelo jeito dá certo pois eles postam sempre.

  • Jean 5 de agosto de 2014 - 13:29 Responder

    excelente

  • Fausto 5 de agosto de 2014 - 13:52 Responder

    Alison, como diz a nota de rodapé, trata-se de uma história de ficção e qualquer semelhança é mera coincidência.

    Ele não está falando do LUIS HENRIQUE BENFICA da Zero Hora/ClicRBS/RBS que publicou duas matérias de capa no site especulando sobre uma possível ida do pilantra para os USA, jogando por 6 meses no tricolor pra pagar sua dívida moral com o clube.

    Essa sim foi uma verdadeira barrigada, pois deixa bem claro que os dirigentes do clube dos USA negam qualquer contato e interesse, dirigentes do Grêmio negam contato e interesse e com o empresário do jogador não conseguiram sequer contato. Mesmo assim ele dá varios detalhes de como funcionaria a operação, sempre recheado de verbos no futuro do pretérito (acertaria, assinaria, estaria) e sem citar fonte alguma.

  • Israel 5 de agosto de 2014 - 14:00 Responder

    Belo texto, e olha que normalmente não gosto dos teus textos…

  • Irajá 5 de agosto de 2014 - 14:34 Responder

    Por falar em ficção, o M.”Risadinha” S , ou ainda M. “Harrarra” S., como é conhecido no Meio Jornalístico , coloradão, desesperado com a chegada do Felipão, continua a tecer matérias esportivas de pura ficção !

  • leandro 5 de agosto de 2014 - 14:52 Responder

    Como sempre o texto é ótimo, mas ficou por demais davicoimbraniano…

  • vinicius 5 de agosto de 2014 - 15:18 Responder

    Benfica e Diogo Oliver, acompanhados de perto pelo Zini.
    Este matéria tem dedo de todos.
    Estes são os pilares das barrigadas do Grupo RBS.

  • Daniela 5 de agosto de 2014 - 17:20 Responder

    Ótima história de FICÇÃO!

  • Marlon Tolksdorf 6 de agosto de 2014 - 10:40 Responder

    O pior de tudo é que o pastor das ovelhinhas, garoto prodígio e o técnico chorão, todos eles, ganharam uma Libertadores, mas não no Grêmio.

  • Eduardo 8 de agosto de 2014 - 04:41 Responder

    E como o Felipão recebeu o Benfica na coletiva?
    Ironicamente…

    Benfiquiiinha, tu não cresceu nada, hein…

    (Como quem diz, a mesma merda, o mesmo baixo nível carniceiro).

  • Felipe 8 de agosto de 2014 - 20:06 Responder

    Contando os dias para o Boquinha colocar um drone em cima do Olimpico/CT/Arena em dia de treino fechado e divulgar a escalacao no dia seguinte. Bem que podia acompanhar os 130… (ou 250)

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