Histórias da Carochinha II – De León, o breve

0 Postado por - 10 de julho de 2012 - Artigos

Depois de um bom tempo deixando esse trabalho de lado, volto a trazer a este espaço a série “Contos da Carochinha”, que tenta relembrar um pouco da relação entre Odone e 2005, tão alardeada por ele como uma mãozinha que ele deu para o tricolor. Para quem perdeu o primeiro, publicado em fevereiro, leia aqui. Porém, ao invés dos três originalmente propostos, a série foi dividida em quatro partes.

Ah, mas os resultados da eleição do Odone em 2006 são reflexo direto da ótima administração que ele fez no Grêmio, tirando um time quebrado da segunda divisão com um jogo épico que fez o torcedor voltar a se orgulhar do time. Será? Em primeiro lugar, vou analisar o que foi a administração Odone com relação ao futebol.

Começamos o ano de 2005 com pelo menos uma certeza: teríamos um diretor de futebol remunerado, inovação do estatuto. A busca começou logo depois da eleição. A ideia original era trazer Eduardo Maluf, do Cruzeiro, na época considerado um profissional do quilate do Rodrigo Caetano hoje (um daqueles que ganham horrores). Porém, depois de idas e vindas, não se confirmou. Também não deu o que a imprensa largou como B, nem C, nem D. Assim, como presente de natal, Odone anunciou Mário Sérgio para a função. Obviamente, uma convicção do presidente.

Como técnico, também, a ideia era um vencedor para tirar o time da desgraça. O plano A era, segundo os jornaleiros, Tite. Porém, os urubus de plantão, também falavam em Roth (para variar). Mais uma vez, veio um plano C. No final, no mesmo dia que anunciou o diretor de futebol, também colocou de volta aos pagos um ídolo gremista: Hugo de Leon. Já a comissão técnica, pela primeira vez, seria toda do Grêmio e foi encabeçada por Flávio Trevisan e Chiquinho Cersósimo.

E o grupo de jogadores? Bem, Odone vive dizendo que começou o ano sem nem mesmo um plantel. Muito disso foi resultado da reunião que teve com o ex-vice de futebol Hélio Dourado (o interminável), que havia assumido depois da desistência de Saul Berdichevsky do comando do futebol de 2004. Ele tinha uma lista dos que não serviam para o Grêmio. Com os nomes de quem devia sair já acertados, a história era buscar, com pouca verba, substitutos para um campeonato que valia muito para o Grêmio. A situação era tão precária que até o Gallato chegou a jogar na linha em um coletivo antes da estreia no Gauchão.

Ficaram no Olímpico e se reapresentaram:

Goleiros Laterais Zagueiros Volantes Meias Atacantes
Andrey Tiago Prado Leânderson Bruno Marcelinho
Galatto Renato Élton Pitbull
Glauber
Saraiva

 

 Depois da Taça São Paulo, se juntaram ao elenco o lateral Luiz Felipe, o volante Nunes, o meia Anderson e o atacante Samuel.

Para Mario Sérgio, “Se jogarmos como um time da Série B, estaremos nos igualando aos demais. O Grêmio não é time de segunda”. Por isso, tinha que ir às compras. E, coincidentemente, ele é pai do Bruno Paiva, da Think Ball, que cuida do passe de um ex-jogador que andou por aqui recentemente. Foi daí que veio o primeiro reforço do tricolor, Márcio Alexandre, lateral. Lembra dele? Um que ficou debilitado durante um certo jogo contra o Bahia, na Copa do Brasil. Para simplificar a apresentação, fiz uma tabela com todos os contratados com Mário Sérgio como Diretor Executivo de Futebol para começar o ano de 2005:

Goleiros Laterais Zagueiros Volantes Meias Atacantes
Márcio (R) Márcio Alexandre Denis Douglas Silva Ênio Somália
Eduardo Gustavo Márcio Oliveira Marcus Vinícios Carlos Arangio Fábio Bala
Marcelo Oliveira Alessandro Lopes Jeovânio Paulo Ramos Pedro Júnior
Michell Cássio
Alessandro
Escalona

 

A filosofia de trabalho de Odone seguia uma linha: o despeito. Piadinhas, tiradas e “impaciência” com as negociações foram muito comuns, principalmente no trato com a imprensa. E a mania de deixar a imprensa especular milhares de nomes, dizendo que estão em tratativas, também. Mas não foi só com eles. O grupo foi recebido e ficou em regime de concentração já na apresentação.

Depois de uma série de jogos horríveis, onde brigávamos para ver se passaríamos de fase no Ruralito, algumas mudanças de rumo já começaram a ser tratadas. Cássio, meia que havia estava treinando em separado foi reintegrado ao time, tornando-se titular para o jogo seguinte (alguém já viu isso acontecer por aqui?). Porém, a desculpa do Diretor Executivo de futebol seguia a mesma: como tinham poucos jogadores no início do ano, esse se tratava de um time emergencial e que não poderia haver cobranças pelos resultados.

No meio dessa confusão, veio o problema do contrato do Anderson. Vários urubus estavam em volta e mais de um empresário se dizia representante do meia que foi atirado como promessa. A maneira de administrar essa crise foi injetando muita grana. Depois disso, Odone, discordando de Mário Sérgio, considerava que já tínhamos uma equipe forte para entrar na Série B, mesmo com o que apresentava no gauchão. Porém, não foi bem assim. Depois de um péssimo primeiro turno, com 46% de aproveitamento, houve melhora no segundo e apenas uma derrota, embora os 50% de aproveitamento, o que não foi suficiente para ir à final, pelo quinto ano seguido.

Odone afirmou que, com isso, era hora de verificar o trabalho até o momento. A conclusão era de que as bobagens foram grandes. Arangio (???), contratado como craque para o meio de campo, foi dispensado depois de dois meses sem nem mesmo entrar em campo pelo tricolor. Dos 24 jogadores contratados até aquele momento, seis não haviam estreado e apenas Somália, que fazia quase todos os gols do Grêmio, parecia dar certo. Anderson, Nunes, Luis Felipe e Samuel, outros destaques, eram da base. Bruno, Elton e Marcelinho, também da base e do time de 2004, figuravam quase sempre entre os titulares. Um aproveitamento ridículo em contratações.

Assim, mais reforços vieram. Para a meia cancha, Eduardo Ratinho e o volante Pedrinho. Houve tempo para apenas uma dispensa, com a venda de Marcelinho para o São Caetano. Depois de levar 3×0 do Fluminense na ida da Copa do Brasil escalando apenas um volante, De Leon pegava o chapéu e, para seu lugar, era contratado Mano Retranca Menezes, que tinha cansado de vencer o Grêmio no gauchão. Nome de Odone, que nem fez questão de consultar o Diretor Executivo.

EDITADO: O episódio do Marcinho foi lembrado pelo amigo Rafael Pinto. Valeu. EDITADO 2: Não sei como, tornei inacessível comentários a este post quando coloquei no ar. Já está corrigido. Foi completamente sem querer.

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