Mais sorte… de campeão!

O jogo era fora e, pela terceira ou quarta vez esse ano, o treinador resolveu mandar o time pra campo num 3-5-2. A última que me lembro foi no jogo contra o Ipatinga, na Copa do Brasil. Não posso falar muito, gosto desse esquema para as peças que temos (óbvio, com o Júlio César na esquerda e um lateral na direita). Até porque com o Vílson nós temos um zagueiro de sobra que pode sair para dar o combate quando as situações do jogo permitirem, mais ou menos como o Edinho faz com o Abel e como o Lugano fazia com o Muricy (e fica bem no meio do caminho desses extremos).

Porém, desta vez não foi o caso. E foi por causa das peças. O Tony era realmente a melhor escolha para três zagueiros e até foi bem, fazendo finalmente o que eu cansei de pedir aqui: vai jogar no contra ataque, alguém tem que ser rápido. Não tem o Bertoglio, vai o Tony (como deu certo contra o Cruzeiro) ou o Rondinelly. O problema foi o Pico. O nosso lateral esquerdo tem jogado de zagueiro – assim como o Pará quando vai para a direita. Assim, demoramos para encaixar uma marcação razoável no ataque deles que girava muito. Tanto que quase sempre estávamos no mano a mano na defesa, o que é  absurdo quando se tem uma sobra. E foi na falha do Werley Marques que matou o Vílson na sobra que o Marcelo fez o primeiro milagre da noite.

A marcação estava muito atrasada em relação à velocidade do ataque deles, o que rendeu três amarelos já no primeiro tempo (até o Elano levou, o que é raro). E o juiz não parecia de sulamericana – parecia mais de Dilmão, marcando todas as faltas. Seguimos dando espaços – quando não era na zaga, era nos volantes que voltavam demais. Foi assim que, numa bola de pivô, um meia deles deu uma paulada, obrigando o Grohe a fazer o seu segundo milagre. Ainda levamos uma bola na trave antes de nos darmos conta que o juiz estava marcando todas as faltas. Aí conseguimos uma sequência de ataques que acabou culminando na falta e gol do Werley Marques.

Houve uma grande pressão no segundo tempo principalmente porque os jogadores do Grêmio não se deram conta de que todas as bolas atiradas na lateral eram entregues na mão do batedor, o que nos pegou de calças curtas pra caramba. O Pico não se acertou até o Tony ser expulso, antes dos quinze. Aí entrou o Gago e o time fez duas linhas de quatro, com o volante fazendo as vezes de Zé Roberto defensivo na frente do Pico. Mas o que melhorou mesmo o jogo pra gente foi o treinador deles que empilhou atacantes até não ter mais time em campo, mesmo com um a mais. Só duas chances claras: um chute de fora da área (e a terceira grande intervenção do Marcelo) e uma cabeçada no escanteio, salva pelo Gago. No fim do jogo começamos a ficar com a bola novamente e sofrer faltas, o que deu certa tranquilidade.

Alguns números do jogo (tradicionalmente oferecidos pelo Footstats):

– Fernando realizou 6 desarmes e cometeu 4 faltas. Um dos seus melhores jogos no ano em números;

– Pico estava tão perdido que passou errado 14 vezes, perdeu 4 bolas e fez 5 faltas, sendo o pior do time nesses quesitos;

– O Tony, embora tenha ido ao fundo (aleluia!) não acertou nenhum dos dois cruzamentos que tentou;

– Mais uma vez, finalizamos apenas três vezes na goleira (7 no total) enquanto o Marcelo fez 5 defesas (três muito difíceis) e o Gago mais uma.

No fim, uns podem dizer que tivemos mais sorte do que juízo. Eu prefiro dizer que tivemos sorte de campeão. Fica com a versão que mais te agrada.