Novos tempos

0 Postado por - 11 de junho de 2014 - Artigos

Vi ontem o jogo de Portugal contra a Irlanda, na preparação para a Copa do Mundo. Cristiano Ronaldo, que leva o time nas costas, entrou em campo e jogou um tempo e meio. O resultado foi um estrondoso 5×1, sem nenhum gol do melhor jogador do mundo. Vi também Portugal x México, que foi sem ele. E, no caso, entre duas seleções que jogarão a Copa do Mundo. O resultado foi um 1×0, com gol nos acréscimos. Como é que pode uma diferença tão grande nas atuações?

grohe

Há vários fatores. Mas um deles me parece claro: o medo do Cristiano Ronaldo faz qualquer equipe jogar diferente contra eles. E o treinador sabia disso. Quando sem a bola, momento onde, por exemplo, o Grêmio defende com 9 jogadores, Portugal fazia duas linhas, uma de quatro na defesa e outra de três no meio. Os atacantes – três também, no caso – não faziam nada além de impor medo na defesa irlandesa. Seguravam quatro jogadores lá no meio de campo, descompactando o time. Ronaldo e Valência com muita mobilidade, sendo que o último ficava mais na direita, e Hugo Almeida na frente, centroavantão. E o resultado? A marcação impecável no CR7 impediu ele de fazer qualquer gol. Já o 9, fez dois até ser substituído quando estava 3×0 (o outro foi contra).

“Tá, mas por quê tu tá enchendo o saco com isso?” Uma das coisas é óbvia: o CR7 NÃO FEZ GOL, e Portugal goleou. Isso por que os outros atacantes ficaram mais livres quando todo o mundo se preocupava com ele. Mal comparando, olha o Grêmio: mesmo quem ainda tem medo do Barcos (se depender da torcida esse número é algo muito perto de zero), se eles colocam dois mara marcar ele, quem faz gol? Quando puxamos um contra-ataque, lançamos a bola pra ele e ele faz o quê? Senta e espera enquanto o resto do time tá vindo lá da defesa? Se a defesa não tem medo do nosso ataque, ela sobe e até faz gol.

A segunda coisa é menos óbvia: Portugal também é um exemplo dos times onde o Enderson “fez sucesso” (leia-se o Goiás). Em 2012, na série B, o então renegado Ricardo Goulart caminhava para o ostracismo. Mas teve a melhor temporada da sua vida, metendo 25 gols. O esquema era ele e mais dez. Foi campeão. Em 2013 o time perdeu o cara. Mas aí foi a vez do Walter desencantar. De melhor opção para centroavância, virou a referência técnica do time. Decidiu um monte de partidas (o Dida que o diga). E, mais uma vez, o time era Walter mais dez. O caso de Portugal.

O Barcos não está numa temporada nem próxima do que foram as do Ricardo Goulart e Walter. Nem sei se ainda vai ter. Mas temos um jogador que está desequilibrando: Marcelo Grohe. Como não dá pra ganhar jogo com ele, quem sabe a gente não deixa de pensar tanto na defesa (a melhor do campeonato APESAR do Werley e sem o melhor zagueiro) e começamos a nos preocupar em atacar? Já que ele tá brilhando lá atrás, por que não liberar o Dudu de funções defensivas e colocar outro cara agudo pra fazer companhia pra ele e o centroavante? Pra que a preocupação com o Barcos possa funcionar (e, não te ilude, os times se preocupam com ele afú), precisamos de mais gente chegando. E o modelo português, com três caras lá só pra atacar, me pareceu bem interessante. E nem o Pará deles (o Fábio Coentrão) parece tão ruim quando está praticamente só defendendo.

Hora de pensar no resto do ano.

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13 + comentários

  • Rosauro 11 de junho de 2014 - 18:18 Responder

    “Quando puxamos um contra-ataque, lançamos a bola pra ele e ele faz o quê? Senta e espera enquanto o resto do time tá vindo lá da defesa? Se a defesa não tem medo do nosso ataque, ela sobe e até faz gol.”

    Acho que você não ta assistindo os jogos do Grêmio.

    Num contra-ataque, lembro o Bressan chegando primeiro que o Barcos, aliás, o Bressan chegando e ele não.
    Outra coisa : senta na bola não, pisa na bola.

  • Fagner 11 de junho de 2014 - 18:20 Responder

    Acho que tu não tá vendo, Rosauro. Contra o Palmeiras, durante o primeiro tempo, as nossas melhores jogadas ocorreram em contra-ataques onde ele tinha gente perto para fazer o pivô. E no gol que o Rodriguinho perdeu, o Dudu podia já ter finalizado ao invés de passar de calcanhar. A pifada que recebeu do Barcos foi de cinema.

    Mas, no fim, isso é o de menos. Se o Barcos é ruim, imagina tendo que ser o único que tem a responsabilidade de fazer os gols.

    Saludos,
    Fagner

    • Rosauro 11 de junho de 2014 - 20:04 Responder

      Veja bem,
      todos, disse todos os escanteios contra o Grêmio o Barcos esta na nossa área.
      Como fazer um contra-ataque, com um centroavante lento, tendo que atravessar o campo todo?

      • Fagner 11 de junho de 2014 - 21:41 Responder

        Contra-ataque não acontece só no escanteio. Bem pelo contrário, bolas paradas são situações especiais do jogo. Se a defesa está funcionando, roubar a bola é bem mais frequente.

        Saludos,
        Fagner

  • FÁBIO GREMISTA 11 de junho de 2014 - 18:25 Responder

    Cara, é uma perspectiva interessante.

    Eu venho pensando em um repeteco daquele esquema do Tite. Em 2001 não tínhamos um centroavante, um homem de referência, fixo na área, e foi uma das formações do Grêmio mais ofensivas de toda a história.

    Qual a tua opinião sobre isso?

    Abraço!

    • Fagner 11 de junho de 2014 - 18:43 Responder

      Eu acho, Fábio, que, hoje, precisamos de reforços pra fazer isso. Tinha que ser algo como: Grohe, Rhodolfo de líbero, Geromel e Bressan; Ramiro plantado, Riveros, Ruiz centralizado; nas alas fica um vazio (nem o Marquinhos nem o Breno na esquerda, talvez o Dudu), talvez o Matíaz na direita (com o Pará não ganhamos nada atacando); e falta ataque, tem que apostar na base ou comprar. Não tem nenhum atacante rápido e goleador no elenco.

      Saludos,
      Fagner

  • Felix Nuñez 11 de junho de 2014 - 20:23 Responder

    No esquema atual em que a bola chega na base do balão ou rebatida da zaga adversária, nem Jô, nem Fred, nem ninguém faria muito melhor do que Barcos está fazendo.

    Digo e repito: Barcos vinha fazendo uma bela partida contra o Palmeiras. Poderia sim melhorar a finalização, mas aí dizer que grande problema é o cara é pura ilusão. Podem vendê-lo pro futebol mexicano e botar quem quiser lá na frente, continuaremos na mesma. Faz tempo que nenhum atacante presta no Grêmio para torcida.

    A bola parada do Grêmio é trágica. Não temos triangulações nas laterais e o meio de campo raramente alimenta o ataque com qualidade. Quando acontece é nas raras vezes que Dudu é mais agudo e vai pra cima. Ou quando Maxi entra e tenta ser vertical, mas aí erra 2 bolas e o mundo desaba sobre o cara.

    A falta de título e a seca está cegando demais a torcida. Também sinto raiva da situação, mas essa relação impaciente entre torcida x time só piora a situação. A carga de cobrança tem de estar em cima da Diretoria que insiste nos erros tornando o ciclo vicioso.

    Abraços

    • Fagner 11 de junho de 2014 - 21:48 Responder

      É exatamente no chutão que tô pensando, Felix. Se ele tem três atacantes, o Barcos mete uma casquinha e pega alguém ali. Se houver três possibilidades de receber o chutão, fica difícil pra defesa marcar. Ou seja, se é pra seguir no chutão, é bem melhor ter três atacantes altos e rápidos.

      Saludos,
      Fagner

      • Felix Nuñez 12 de junho de 2014 - 11:54 Responder

        Entendi. E gostem ou não, o Barcos tem se virado bem na frente com os chutões. Falta finalizar melhor.
        E está pipocando na imprensa vermelha a chegado Fernandinho. Tu vês ele como um atacante?
        Eu acho ele meio parecido com o Dudu, só que canhoto. Só que com mais qualidade também! Acho um baita jogador, mas se entrar tanto no lugar do Rodriguinho como do Dudu, melhora a qualidade, mas as características do time permanecem as mesmas. Sem falar no Luan, o cara terá de cavar um lugar para ele. No atual momento é titular!

        Abs

  • João 12 de junho de 2014 - 01:17 Responder

    Gostei da ideia Fagner, mas tu poderia ser mais prático dizendo qual escalação tu usaria pra jogar desse jeito? Não acha um desperdício(e uma baita tristeza) deixar o Pará de titular(mesmo que seja só pra marcar) tendo o Matías no time? E com a provável vinda do Giuliano quais alternativas tu acha que vai gerar pra escalação da equipe?

    • Fagner 12 de junho de 2014 - 22:32 Responder

      Pra mim, não temos no elenco hoje. O Everton pode fazer, mas é aposta. De repente apressar a subida do Nicolas Careca, que tem altura, bom domínio de bola e bom arremate. Nem Dudu nem Luan servem para fazer isso, na minha opinião. Mas nada impede de seguir a mesma escalação dos últimos jogos com o Luan no lugar do Rodriguinho, só que os três – Dudu, Barcos e Luan – procurando espaço para servir de opção pro contra-ataque. É mais uma ideia de postura do que de mudança de nomes.

      Saludos,
      Fagner

  • Israel 12 de junho de 2014 - 12:43 Responder

    Cara, esse é quase o dilema de Tostines.
    Se a defesa está boa é porque o ataque está ruim, ou o ataque está ruim porque a defesa está boa? Explico: nossa defesa SEGUE sendo ruim, se temos a segunda melhor do campeonato é porque os alas estão se sacrificando. Com a saída do Pará (vou levar pedradas agora) a defesa vai ficar ainda pior. Se liberar os alas a defesa vai continuar boa? O ataque vai realmente melhorar? Talvez, mas não é tão certo assim.
    Vi o jogo da Argentina, no segundo tempo com Di Maria, Aguero e Messi de falso nove. O Messi voltou até próximo da grande área pra roubar uma bola. Tem jogador mais temido que o Messi? Ele poderia ficar no campo de ataque com dois ou três em volta dele para que os outros fizessem os gols, mas Sabella preferiu ele jogando.

  • Fausto 12 de junho de 2014 - 17:40 Responder

    Pelas contratações especuladas, o Grêmio não pensa em mudar a forma de jogar, somente em aumentar a qualidade do time titular e do elenco por tabela. O que não é uma idéia de todo ruim.

    Muitos problemas nossos acabam vindo de posturas adotadas ao longo dos jogos, coisa que independe de jogadores e esquema.

    Outros vem da falta de um meia de criação, mas isso nem é comentado pela diretoria, nem tem nomes especulados. Até porque é mais difícil achar bons camisa 10.

    Se confirmarem Giuliano, Fernandinho e Felipe Bastos, além do Matías, podemos já ter um time bem mais interessante. Só ficaria faltando mesmo é um zagueiro confiável pra fazer companhia pro Rhodolfo (essa zaga que é a melhor do campeonato, também é a mesma que tomou 4 buchas no Gre-nada e se formos analisar, o Grohe tem feito vários milagres por jogo… dia que não fizer….):

    Grohe
    Matías
    Rhodolfo

    Breno
    Edinho (Felipe Bastos)
    Riveros
    Dudu (ou Luan)
    Giuliano
    Ferandinho
    Barcos

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