O coração de Renato

12 Postado por - 3 de junho de 2015 - Artigos

O texto abaixo foi publicado pelo César Cidade Dias no seu Facebook. Mostra um Renato bem diferente daquele que acostumamos a ver nas coletivas e ainda mais ídolo.

Histórias do futebol: O coração de Renato

Estávamos no Chile para uma decisão que valia vaga nas quartas de final da Libertadores de 2011. Precisávamos vencer e o clima não estava dos melhores. Estávamos com alguns desfalques e sabíamos que o jogo seria muito difícil. A história que eu vou contar, no entanto, nada tem a ver com futebol.

Chegamos em Santiago na segunda e o jogo seria na quarta. Na terça a tarde, fizemos um treinamento no local da partida e alguns torcedores do Gremio foram prestigiar. Alguns chilenos curiosos, alguns gaúchos que moravam lá e alguns torcedores que foram para ver a partida. Cerca de 10 pessoas estavam acompanhando o trabalho. No meio deles um menino com pouco mais de 10 anos e uma câmera fotográfica. O treino terminou, a maioria foi embora e o menino se aproximou e começamos a conversar.

O menino era chileno, filho de um brasileiro e fanático pelo Gremio. Contou que a sua paixão vinha do pai e que nunca tinha tido a oportunidade de ver o Gremio de perto. Aos poucos, o menino foi ficando emocionado e nos contou que o pai havia morrido hà pouco mais de um ano e o Gremio aproximava ele do seu pai.

Naturalmente ficamos muito sensibilizados com o carinho do menino. Foi aí que chegou o técnico Renato. O menino disse, aos prantos, olhando fixamente para o treinador:

Pai, ele existe mesmo, disse o menino, como se estivesse falando com a alma do próprio pai.

Renato riu, brincou, fez a alegria do menino, que ficou muito feliz. Todos já estavam no onibus e somente eu, Renato, Vicente, Simões e o menino seguíamos no campo conversando. O menino, então, nos disse que a câmera dele havia ficado sem bateria e que não tinha como registrar aquele momento. Além disso, não havíamos dado nenhuma lembrança do clube para aquele anjo que apareceu naquele final de tarde no nosso treino. Nos despedimos. O menino, com um sorriso aberto, saiu caminhando pelo campos da universidade e nós fomos para o ônibus.

O ônibus demorou ainda alguns minutos para sair e nós quatro não trocamos uma palavra sequer, como se estivéssemos adormecidos pela história. O onibus manobrou e começou a sair do complexo. Foi quando Renato deu um grito mandando o motorista parar o onibus.

– Motora, para aí, para aí. Abre a porta por favor.

O motorista abriu a porta e o Renato desceu correndo. Ele havia visto o menino, sozinho, voltando para a sua casa com a câmera sem bateria e sem nenhuma lembrança daquele momento. Foi então que ele tirou a própria camisa e deu para o menino. Esse guri pulava e abraçava o nosso treinador como se tivesse ganho um campeonato mundial.

Renato voltou para o ônibus com um sorriso aliviado no rosto.

Perdemos a partida no dia seguinte e fomos eliminados, mas o futebol me mostrou que pode ser muito maior do que uma derrota ou uma vitória e Renato, o ídolo eterno de todos os gremistas, mostrou o tamanho do seu coração.

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15 + comentários

  • Jorge 3 de junho de 2015 - 17:32 Responder

    Esse sim, sempre honrou o manto!!!

  • cleomar jose breda 3 de junho de 2015 - 17:49 Responder

    Muito Bom, ser Gremista é ser muito mais q gostar de futebol. OHbrigado por tudo au Renato por fazer parte da historia do GREMIO.

  • João 3 de junho de 2015 - 17:57 Responder

    Baita texto, Histórias como essa nos fazem acreditar que existem pessoas que amam o Grêmio assim como nós torcedores lá dentro do clube, não apenas pessoas que vão sugar o $$$ do clube.

  • vinícius 3 de junho de 2015 - 18:04 Responder

    alguém me consegue um tubo de old spice, por favor. estou suando masculamente pelos olhos.

  • Adilson 3 de junho de 2015 - 18:23 Responder

    São essas coisas que nos deixam cada dia mais apaixonado pelo Imortal Tricolor, mesmo estando penando e com vários anos sem títulos. Renato será sempre o MAIOR ídolo da torcida do Grêmio. Salve Renato Portaluppi !!!!

  • Suelci Silva 3 de junho de 2015 - 18:38 Responder

    Algumas estrelas, como Renato, viveram pra sempre, são eternas mesmo em vida.

  • Edemir cavalheiro 3 de junho de 2015 - 19:29 Responder

    Renato Gaucho realmente é um Homem que ama o Grêmio assim como nos.

  • Lena Maria Schneider 3 de junho de 2015 - 20:00 Responder

    Minver, sem palavras para tão belo texto! Não é de admirar que Renato tenha feito isso. Sempre teve uma maneira especial de ser, de cativar as pessoas. Que sorte nós tivemos em tê-lo no Grêmio, como jogador e como treinador. Quando Koff o chamou na época da sua campanha, ele veio correndo para ajudar seu mestre. Tenho fotos guardadas da ocasião. Ele é meu ídolo!!!

    O CORAÇÃO DE RENATO, se me permites, será copiado e guardado. Obrigada pelo “presente”!!!

  • João 3 de junho de 2015 - 21:12 Responder

    Já fui agraciado pela generosidade do Renato. Encontrei o Grêmio em um hotel, o saudei como “o nosso homem-gol”, estava junto com meu filho, e o ídolo nos presenteou com um regalo gremista. Grande sujeito, grande pessoa. Uma pessoa admirável

  • Gno_jr 3 de junho de 2015 - 23:23 Responder

    Se existissem mais Renatos o mundo com td certeza seria muito melhor …
    O único título q o Grêmio teve nos últimos anos e a Carolsinha… Quemdiria hem … O mestre Renato fez o serviço tão bem feito que tornou-se um fornecedor de primeira …

  • Thiago Kury 4 de junho de 2015 - 00:18 Responder

    Que baita história. Renato é o símbolo e nosso ídolo máximo. Acredito que o cargo de treinador já não basta pra ele. Ele deve ser sim o nosso embaixador e fonte de inspiração tanto para a molecada da base como para o torcedor.

  • Impzone 4 de junho de 2015 - 01:19 Responder

    Torcer pelo Roger à frente do Imortal é como torcer pelo Renato: é diferente do que seria se fosse outro técnico. Espero que seja um baita sucesso. Ele e Renato sempre terão meu apoio à frente do Tricolor

  • Renan 4 de junho de 2015 - 09:55 Responder

    Renato é foda. Muito mais que palavras, fazia acontecer em campo e como técnico tem seu valor. Ídolo eterno, merecia mais reverências. Talvez por ele não curtir morar aqui no RS, preferir uma praia e tal, ele não seja tão reconhecido assim, mas é sem dúvida um grande sujeito e ídolo imortal.

  • Alceu Jose Pinto 4 de junho de 2015 - 11:45 Responder

    Renato fez o que fez, não foi por ser Gremista,
    fosse ele Flamengo, Inter ou Vasco, ELE FARIA
    A MESMA COISA, Nossos sentimentos desembocam
    em nossas PALAVRAS E AÇÕES – Deus seja Louvado neste
    4 Junto de 2015. Daqui à pouquinho de novo NATAL 2015.

  • Claudio Roberto Klein 18 de junho de 2015 - 20:44 Responder

    Sempre emocionando e surpreendendo.

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