Reforçando com pouca grana

O Grêmio não é o mesmo que disputou a Libertadores. Com 3 milhões de reais desembolsados resolvemos o problema da lateral direita, conseguimos um zagueiro pra disputar posição com o Fred e temos um atacante para tirar a pressão dos guris – Pedro Rocha e Everton. Pagamos por apenas uma negociação: Wallace. Edilson veio de graça  e Negueba foi trocado por Edinho.

Tenho bastante curiosidade na estreia do Negueba pelo Grêmio. Porque acho que o Giuliano, embora seja um bom jogador, deveria jogar mais atrás, junto com o Walace. Tem o mesmo poder de marcação e o passe em profundidade do Maicon, mas muito mais velocidade de raciocínio pra executar e correr com a bola. Sem contar que é infinitamente melhor na finalização. Assim, abre uma vaga no time titular para um ponta esquerda, já que o Everton, em ótima fase (principalmente tática) tá se adonando da direita. E o Negueba tem jogado por ali (*), o que facilita.

Quando o Alberto Guerra assumiu, a promessa do Romildo era grana pra contratações. Não tendo mais sangrias para resolver na defesa (de repente um zagueiro fora de série pra sobra), há tempo para avaliar boas contratações para a janela de transferências. E, ao invés de nomes, o que mais me preocupa é um perfil. Temos duas joias com etiquetas de preço na paleta que são importantíssimas para o time: Walace e Luan. É aí que precisamos nos concentrar.

Treinamento. Foto: Lucas Uebel/Grêmio Oficial (via Flickr)

O futebol do Grêmio precisa de volantes que joguem bola e atacantes que não fiquem plantados. Essas posições são as mais difíceis de reforçar porque são muito valorizadas. Embora doa na carne, mercadologicamente a melhor venda para 2016 é a do nosso camisa 5. E, preferencialmente, para o futebol português. Isso porque é o local de onde o Roger tira as suas ideias. Não seria novidade para ele se adaptar, daria resposta e seria vendido em uns três anos para um centro maior. Casemiro chegou na seleção (e é titular inconteste no Real) depois de “aprender a jogar” no Porto. Para o São Paulo uma venda ao Porto seria muito mais importante financeiramente, pois a passagem do volante em Portugal só valorizou o seu passe para os merengues.

Juntando o útil ao agradável, o Benfica acabou de vender por um gordo cheque o Renato Sanches. Volante de ótima saída de bola, rápido e desarmador, é uma função que pode ser bem desempenhada pelo nosso meia já no início da temporada. E o mais importante não é o valor do passe que ainda é do tricolor: são os negócios que podem ser feitos. Por exemplo, se falarmos de um valor de 10 milhões de Euros, não é preciso vender o Luan. Mas podemos, para o próprio Benfica, em 2017, por um valor maior. E, porque não, trazendo o Jonas para o seu lugar, para encerrar a carreira aqui (já vai estar fazendo 34) e dar tempo para alguém da base surgir (como o homônimo goleador do Sub-20 do Grêmio). Aí o alvo passa a ser um volante em idade olímpica com potencial para render o que o Walace rende vindo do mercado estrangeiro; e, talvez, outro, mais velho, para dar espaço para que bons valores da base surjam (essa é a minha maior bronca em investir uma grana absurda no Maicon, ele não é um jogador acima da média).

Claro que os negócios não precisam ser, necessariamente, assim. Mas é importante ter essa visão: temos pouco dinheiro; uma contratação cara, vendas pensando em negócios futuros e jogador veterano só para dar tempo para as revelações da base. Óbvio, né? Infelizmente, na maior parte das vezes o óbvio é justamente o que não é feito no Grêmio.

(*)EDITADO: Embora eu tenha visto o Negueba jogar pelo lado esquerdo na maior parte das vezes, ele é DESTRO, e não canhoto, como eu havia escrito.