Ruralito se matando e o presidente aplaudindo.

0 Postado por - 25 de janeiro de 2014 - Artigos

Ruralito é uma merda. Sempre disse isso. Mas precisava ser assim? Não. Existe um culpado? Não. Existem vários. Começando com o presidente da FGF, o Noveletto, e a corja que acompanha ele. E é muito fácil ver como a gestão interminável dele é incompetente. Basta comparar com os catarinenses. Noveletto assumiu a federação em 1999. Nessa época tínhamos três times gaúchos na série A, nenhum na B. Em 2000, depois da chinelagem da João Havelange, o RS tinha dois representantes na série B e três na A. Hoje temos dois na A e dois na C. Santa Catarina, desde o mesmo período, nunca se firmou. Geralmente o que subia caía, entrava outro, e, em vários anos não tinha nenhum representante na A. Hoje eles tem 3 na série A e dois na B.

Foto de Lucas Uebel para o Grêmio (retirada do Flickr oficial)

Isso significa que eles são melhores administradores do que o Noveletto? Também. Nem tanto por ser resultado direto da federação essa situação. Eles consideram que tem cinco grandes clubes: Joinville, Criciúma, Figueirense, Avaí e Chapecoense. E, como diria um amigo meu, eles se equimerdam: tem praticamente o mesmo tamanho, pequeno. Tanto que os três da série A estão falando em orçamentos de 40 milhões de reais pro ano inteiro (cerca 3 mi por mês). Isso agora, porque as folhas são menores na série B. Assim, clubes menores tiveram chance de fazer um papel mais digno nos campeonatos regionais dos últimos quinze anos: a distância não ERA tão grande. Embora desde 99 os cinco tenham se revezado nos títulos estaduais (Figueirense com maior predominância), o quadro é muito mais parelho que o do Ruralito onde só os dois da Série A vencem (menos o ano de 2000, quando o Caxias venceu).

Por isso não posso dizer que é apenas a direção da federação catarinense que ajudou na “parelhice”. Mas, com toda a certeza, foi essa condição que levou três equipes à série A de 2014 e mantém mais dois ali, pertinho, na B. Agora é que o bicho pega. Os valores recebidos por esses três times se tornará maior que o de Joinville e Avai, além de muito maior que o dos outros cinco (sim, são apenas 10 na primeira divisão deles). Aí veremos se os que ficaram para trás conseguirão acompanhar o rojão. Eu acho difícil, pelo nosso exemplo. É hora da FCF trabalhar. Até agora foi fácil.

Então, isso significa que os estaduais vão morrer? Não. Significa que se alguém não fizer algo pelos clubes, o campeonato, que já é moribundo, capota de vez. Qual é a receita que os clubes do interior, segundos culpados na ordem, querem, hoje em dia? Receber as bilheterias dos jogos contra Grêmio e Inter. O prêmio pelo título nem adianta, não vai rolar. Fica só a Copa FGF, que dá vaga pra um campeonato onde eles nem grana tem para participar. Como daria para corrigir isso? Tirando os times da Série A do certame. Faz um ruralito onde se distribua o dinheiro de acordo com critérios esportivos (verba de TV unificada e prêmios por posição) e que dê a chance dos dois primeiros disputarem um campeonato “todos contra todos” com os times da Série A (chama de superqualquercoisadavida). Isso dá ao menos um jogo com cada um da capital e, quem sabe, mais uma partida da final entre os dois primeiros. Marca lá pro fim de janeiro, dando vantagem técnica pros pequenos pegarem os grandes ainda fora de forma. E libera os clubes para acertarem amistosos de preparação com Grêmio e Inter no mês de fevereiro. Março férias, Abril pré temporada e Ruralito de maio até dezembro.

Por que tirar os times da série A é tão importante? Para garantir que todos tenham condições reais de serem campeões. Novo Hamburgo, Caxias, Juventude, etc, os “grandes” do interior, não são tão diferentes dos outros. Pelotas e Brasil de Pelotas que o digam. Organizando, mantendo as equipes niveladas e criando uma identidade própria (como a Lampions League) a tendência é de um campeonato mais forte que coloca mais clubes nas “categorias de cima” do Brasileiro. Aí, quando outro gaúcho chegar a Série A, se discute uma nova fórmula, até que se alcance um mundo perfeito, um Gauchão de verdade, com 10 clubes, quatro na A, quatro na B e dois na C.

Infelizmente, isso não ocorrerá também por causa da Globo, a terceira culpada. Existe solução, mas ela dá trabalho. Aí complica. Né Noveletto?

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3 + comentários

  • Fausto 25 de janeiro de 2014 - 16:56 Responder

    Fagner, moro em SC há anos e acompanho e torço mesmo p/ o Joinville. Já que não basta sofrer pelo tricolor, arrumei um sofrimento catarina aqui.

    Não tem como fazer o menor tipo de comparação entre os dois estados, visto que os cinco grandes aqui somados tem zero títulos brasileiros e uma Copa do Brasil e pra isso o RS pode mandar o Juventude que já faz frente! Muito menos pode-se cair no erro grave de, por qualquer razão que seja, elogiar a FCF, cujo presidente eh um pilantra de marca maior, do mesmo naipe dos que estão no comando da CBF.

    A parelhice dos times no catarinense se deve a pequenez mesmo. Os catarinenses estão chegando em maior numero na serie A e B porque estão se organizando, indo na contramão da maioria dos clubes brasileiros onde a zona esta imperando. Os cariocas tao sempre na zona. Agora que o Atletico-MG se organizou os paulistas resolveram fazer merda. A dupla GRE-nada ta meia boca e ai sobram os times do nordeste, ai fica fácil pro pessoal daqui competir.

    O Joinville so não esta na serie A, porque assim como no tricolor, os dirigentes insistem em fazer pequenas merdas que nos separam da gloria. Uma delas inclusive fizeram em conjunto. O JEC dispensou o Eduardo, ao invés de renovar o contrato do cara e negociar, simplesmente rescindiu o contrato e liberou o cara pra ir de grátis pro Criciuma. E o Gremio não contratou a barbada. De certo vai esperar o guri fazer uma baita serie A pelo Criciuma pra buscar pagando caro.

    No mais, a outra diferença que eu vejo do ruralito pro catarinense e que aqui não existe um zagueiro fazer o que fez o zagueiro do Noia no jogo contra o Inter com a conivência da arbitragem. Aquilo ali e motivo pra dupla se retirar do campeonato pois cada jogo e um risco de lesão seria pros nossos jogadores. Tabem não existe grama sintética, outra palhaçada.

    Agora, a formula que tu citou eh a barbada pra solucionar o problema da maioria dos estaduais. Não sei se exatamente com esse calendário, mas não tem porque não fazer exatamente isso. Um campeonato longo, com todo se matando pra passar para uma fase onde entram os clubes da serie A (eu colocaria os da B também já que a formula e igual da A e a maoria disputa a Copa do Brasil também). So acho que poderia ser a fase final disputada em março, com os grandes já de pré-temporada feita, ate pra valorizar as eventuais conquistas dos times do interior, quando ocorressem.

  • Fagner 26 de janeiro de 2014 - 11:46 Responder

    Fausto, bom que alguém de lá confirma a minha suspeita. É parelho porque está nivelado por baixo, no caso. É assim que penso que qualquer campeonato deve ser: com equilíbrio esportivo.

    Saludos,
    Fagner

  • Rafael Hansen Quinsani 27 de janeiro de 2014 - 19:07 Responder

    Fagner: eu, o Guazzelli e o Arlei conversamos sobre isso numa banca e foi colocado a questão da identidade como um fator para isso. A falta de um gauchismo em SC e sua vinculação com a dupla grenal levou a isso. Mas concordo com todos os teus argumentos.
    Abraço, RAFAEL HQ.

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