Dia da mulher. Dia de luta.

3 Postado por - 8 de março de 2016 - Artigos

Não. Esse não é mais um post pró-forma, apenas para “parabenizar” as mulheres pelo seu dia. O dia 8 de março é historicamente importante e, por si, já foi uma conquista. Então, parabenizar devia ser reconhecer a importância dele e lembrar o motivo dessa data ser especial no calendário mundial; ou seja, pouco mais que uma obrigação moral. Mas aquelas lutas que ocorreram desde a industrialização, quando era “NATURAL” mulheres e crianças receberem menos que homens fazendo as mesmas funções, está longe de ter acabado. Ainda tem quem ache que é mesmo natural a diferença de direitos entre homens e mulheres (spoiler: não é).

Ontem, 07/03, a Seleção Brasileira feminina venceu a Rússia por 3×0 e se classificou para a final da Algarve Cup, torneio feminino que está ocorrendo em Portugal. Quantos de vocês sabiam disso? O Grêmio não tem futebol feminino até hoje. Mulheres são desaconselhadas de irem a jogos sozinhas. Auxiliares de arbitragem são mandadas pilotar fogões. O problema de juiz ser ruim ou roubar é a mãe (e ser profissional do sexo é um problema extra). Embora não estejamos mais em 1800, agimos como se estivéssemos.

Lugar de mulher. Foto da Julia Poloni.

Lugar de mulher. Foto da Julia Poloni.

2016, pelo menos, tem se mostrado um pouco menos pior. O Mesa de Bar do Grêmio já abriu os microfones e preparou um programa especial com a participação de mulheres gremistas. A Trivela também abriu espaço pro excelente Dibradoras no seu podcast. Ou seja, há mais espaço esse ano que o passado. Por menores que sejam, já é mais.

Veja bem: somos um espaço com 9 anos de existência. E nós mesmos já fomos machistas aqui – é uma coisa que está na criação de homens e mulheres. Estamos tentando não ser mais. Já tivemos a Cláudia Tajes escrevendo sobre futebol aqui lá por 2007, por exemplo. Por diversos motivos, ela se afastou. E só chegamos a ter outra mulher no Blog a partir maio de 2014, a Julia. E é uma só num grupo de 8 pessoas. Por que tão poucas?

Então, ao invés de só ficar fazendo mea culpa, roubar protagonismo ou procurar escrever coisas bonitas, vamos fazer diferente: vamos dar espaço para as mulheres escreverem o que quiserem no nosso blog. Nós publicaremos textos de gurias que quiserem compartilhar alguma coisa sem nenhum tipo de escolha editorial de 08/03 até 31/03. Não porque depois nós nos fecharemos pra isso. A ideia é estimular que escrevam nesse período e torcer para que queiram vir ocupar esse espaço de maneira mais efetiva. Inclusive pra chamar a atenção da gente aqui. Apenas a Lena Schneider é nossa leitora assídua. Por que não mais espaço para mais mulheres falando sobre futebol?

Como participar: Mande seu texto para contato@gremiolibertador.com com o título “Dia da mulher. Dia de Luta“. Pode falar sobre qualquer coisa. Coloca,  no final do texto, como tu quer ser identificada (pode ser teu nome, apelido, nome inventado, só inicial, @ de twitter, ficar anônima, qualquer coisa, tu decide). Teu texto será publicado e tu terá a escolha de impedir/aceitar comentários (indica no final: quero/não quero liberar comentários). Só pedimos que mandem junto alguma imagem para ilustrar o texto (qualquer uma – se tiver sem ideia, manda uma do flickr do Grêmio). Participa aí!

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6 + comentários

  • Jonatha Zimmer 8 de março de 2016 - 14:40 Responder

    Parabéns pela iniciativa! É muito bom ver os blogs (e principalmente os que tem o Grêmio como tema) tendo este posicionamento.

  • Lena Maria Schneider 8 de março de 2016 - 21:14 Responder

    Dia da Mulher, Dia de luta! Li tua postagem, logicamente, e gostei muito. É demais interessante, mas como mencionaste, não é fácil competir nessa área com os homens. E como mencionaste meu nome,
    vi com pesar ser a única mulher que posta. (Agradeço a observação e a menção).

    Eu posto com certa assiduidade, mas só não faço mais por falta de estímulo e atenção do sexo masculino. Sequer “notam” minha presença, pois nunca se dirigem a mim, nem para retrucar, quanto mais para concordar.

    E quando se dirigem aos colegas, após eu ter escrito algo, dizem: ´”É isso aí, rapaziada”…

    Mas vou tocando… fazendo meus comentários, apesar de não entender muito de futebol, mas sempre defendendo meu Grêmio com unhas e dentes…

    Saludos, Fagner!

    • Fagner 8 de março de 2016 - 21:38 Responder

      Muita gente que comenta aqui não entende nada. Muita gente nem quer entender.

      Obrigado por estar sempre aqui, Lena. E desculpe por não te dar a atenção que mereces. Às vezes a gente esquece de dizer pras pessoas que concorda e acaba ficando sem resposta.

      Mas a gente te nota sim. Não desiste. Tu é muito importante pra gente. E pra minha filhinha poder saber que mulher pode gostar de bola.

      (PS: se quiser escrever um texto todo, a gente posta. Queremos que tu saiba que a tua opinião é tão válida quanto a nossa)

      Um abração pra ti.
      Fagner

      • Lena Maria Schneider 14 de março de 2016 - 21:06 Responder

        Fagner, estive afastada da net por motivos particulares, então somente hoje – rebuscando os arquivos antigos – é que vi tua postagem referente ao que escrevi.

        Fiquei bastante emocionada pelo incentivo em continuar deixando meus comentários aqui, principalmente quando citaste tua filhinha – para ela saber que mulher pode gostar de futebol,

        Obrigada pela oportunidade em escrever um texto para ser publicado. Vamos pensar no assunto!

        Enfim, agradeço tua resposta muito gentil e acolhedora.

        Abraço grande pra ti também!

        P.S. Não sei se verás essa postagem, como eu gostaria… pois já se faz uma semana. Peço a gentileza de um retorno, mesmo que seja por e-mail, para que eu saiba,

  • Cristina Domingues 10 de março de 2016 - 10:39 Responder

    Parabéns pela iniciativa guris. Nós mulheres estamos cada dia mais envolvidas e engajadas no mundo do futebol.
    Pena que ainda existam tanto machista a menosprezar nossa opinião.
    Lena parabéns por continuar postando.

    • Fagner 12 de março de 2016 - 21:25 Responder

      Cristina, nós que agradecemos a insistência num ambiente tão hostil. E te convidamos, também, a usar o nosso espaço e passar o teu recado. Qualquer coisa que possamos fazer para que vocês se sintam mais à vontade por aqui, pode ter certeza: vamos fazer.

      Saludos,
      Fagner

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