Dia dos irmãos

10 Postado por - 5 de setembro de 2014 - Artigos, Homenagem

Bom, esse texto poderia ser uma brincadeira com o nosso co-irmão, poderia ser um texto sério falando sobre como Grêmio e Internacional se sustentaram e até se protegeram ao longo dos anos. Mas não é um nem outro. Esse texto é só uma vontade de externalizar algo que sempre pensei.

Hoje é dia dos irmãos.

Uma data boba. Essas das quais só se sabe da existência por causa das inúmeras declarações de facebook e instagram. Mas todas as vezes em que pipocam esses posts de amor fraternal nas redes sociais eu paro pra pensar na importância dos meus irmãos na minha vida e, há alguns anos, também penso na importância do Grêmio na minha relação com eles. Vou explicar…

Sou a filha mais nova de um casal muito legal e muito a frente do seu tempo sempre. Tenho dois irmãos mais velhos: um que veio 6 anos antes de mim e outro que veio 2 anos antes, que alguns chegam a dizer que é meu irmão gêmeo.

Nunca tive a oportunidade de escolher um time. Não porque a minha família é muito rígida e não me dá poder de escolha (é bem ao contrário, por sinal). Mas porque sempre foi algo natural. Quando se tem um pai e dois irmãos que se admira e que vestem uma cor, acaba que tu, sem perceber, gosta mais daquela cor.

Meu pai é uma espécie de irmão mais velho pra mim. O cara que me protege, mas que é muito legal. Que joga futebol no pátio de casa comigo e, sem querer, quebra os vasos de flores da minha mãe e tá tudo bem.

Ele me levou no Olímpico pela primeira vez em 1995. Confesso que não lembro de muita coisa. O primeiro jogo de que tenho lembrança de ir foi um Grêmio x Palmeiras em 98. Aquele 1×1, logo que o Paulo Nunes tinha nos trocado pelo time de verde e que uma parte da torcida gritava “Mercenário” pra ele. E, pra ser sincera, lembro mais por ter aprendido essa palavra nova do que pelo jogo em si. O fato é que o meu pai sempre foi meu herói (completamente Macunaíma, mas ainda sim, meu herói) e estar no estádio perto dele, dos meus irmãos e do meu primo – quando dava pra levar todo mundo – era uma das grandes alegrias da minha infância. Aí que entra o Grêmio.

Meus irmãos nunca foram caras de demonstrações públicas de afeto e o mais velho, tirando a parte de me mostrar as músicas que ele fazia, não tinha tanto contato comigo pela diferença grande de idade.

O Grêmio, querendo ou não, acabou muitas vezes sendo meu meio de estar mais perto deles.

Morei durante 7 anos no interior do Rio Grande do Sul. O mais velho passou um ano morando lá, terminou o ensino médio e voltou pra Porto Alegre. O outro só veio morar na capital um ano depois de eu já estar morando aqui.

Logo que cheguei em POA, no final de 2005, descobri uma camiseta de manga comprida de 1993 com patrocínio da Coca-Cola no armário do meu irmão. Foi uma paixão avassaladora. A partir daquele dia, aquela era a minha segunda camiseta preferida (a primeira sempre foi a celeste de 1996). Antes de pegar ela, eu tinha que pedir emprestada e aquele era um dos poucos diálogos que eu tinha com o meu irmão, visto que passava o dia inteiro na Faculdade e quase não via ele. E eu adorava aquilo, mas não percebia o quanto gostava. Até que por estar sempre em mim, a camiseta passou a habitar o meu armário e eu não tinha mais que ir lá pegar ela. Foi aí que comecei a sentir falta daquele diálogo. Passei a colocar a camiseta no armário dele só pra ver se ele me perguntava algo quando fosse lá pegar, até que essa camiseta sumiu. Ninguém sabe do paradeiro dela e acredito que um dia ainda vou encontrá-la, mas até lá, ainda falamos sobre música, sobre política, sobre algumas outras coisas mais, mas com bem menos frequência que um jogo na Arena, por exemplo.

Quando o irmão do meio veio morar em Porto Alegre, assistíamos aos jogos fora de casa normalmente juntos. Era normal estarmos juntos, pois fazíamos a mesma faculdade, íamos e voltávamos juntos, as vezes fazíamos os trabalhos juntos, cadeiras juntos, etc. Mas o que acontecia no jogo do Grêmio é que o momento do gol era o único em que eu podia abraçar ele sem parecer muito melosa, sem receber uma cara de “sai daqui”(mesmo que fosse de brincadeira) e a aceitação daquele abraço na alegria de ver o nosso time marcando, elevava a minha alegria em torcer pelo Grêmio a um sentimento indescritível.

Uma das coisas que mais me deixa feliz, em relação à família, é quando meu pai aceita um convite pra ir ao jogo comigo. É como se tudo fizesse sentido pra mim. O porquê de eu estar ali em todos os jogos. O porquê de amar tanto um clube. O porquê de querer tanto meus irmãos por perto.

O Grêmio também me deu irmãos que não são de sangue. Pessoas que aprendi a respeitar e admirar por sua postura em relação ao clube. E conheço muita gente que tem seus irmãos de dentro do estádio. Os próprios guris do Grêmio Libertador são um exemplo disso.

Em meio a tanta polêmica nesses últimos dias e tanto discurso de ódio, como os que tratam a torcida gremista inteira como racista, eu só queria provar (pra mim mesma) qual era mesmo a razão e a raíz desse amor tão grande que ainda me faz sentir orgulho de ser gremista. Esse era o motivo desse texto. E eu só queria externar e agradecer aos meus irmãos de todos os tipos.

Feliz dia dos irmãos, pra todos os irmãos tricolores.

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10 + comentários

  • roget 6 de setembro de 2014 - 01:15 Responder

    Gostei do abelao, disse que o wyanei carlet gosta de enfiar o dedo no rabo

  • Eduardo 6 de setembro de 2014 - 02:04 Responder

    Parabéns pelo teu texto guria, realmente muito bom!

  • x 6 de setembro de 2014 - 05:36 Responder

    Perder camisetas do gremio? Sempre fui cuidadoso, muito. Nos últimos 5 anos eu perdi 3, das clássicas, das preferidas. Coincidentemente, ha 5 anos meu irmão casou e saiu de casa. Jura de pé junto que não sabe de nada. Me iludo que seja só Picardia de irmão, como sempre foi.

  • maria neuza 6 de setembro de 2014 - 07:07 Responder

    Belo texto! Emocionou-me. Parabéns!

  • GMR 6 de setembro de 2014 - 09:11 Responder

    Showww…

  • Emerson 6 de setembro de 2014 - 09:52 Responder

    Parabéns muito bom!!

  • alds 6 de setembro de 2014 - 10:48 Responder

    Lindo texto adorei

  • Raul Junior 6 de setembro de 2014 - 16:41 Responder

    Excelente história e muito bem escrita. Parabéns Julia!

  • Bruno Rosa 6 de setembro de 2014 - 23:46 Responder

    Belo texto *-* parabéns!

  • MarcioCallage 8 de setembro de 2014 - 08:20 Responder

    Lindo texto, Julia!!!

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