A sina de planejar o próximo ano em setembro

0 Postado por - 9 de setembro de 2016 - Artigos

Acho que nada mais irritante para um torcedor do que pensar no próximo ano estando ainda em setembro. E tem sido a tônica do Grêmio pelo menos desde 2008, quando lutamos para conseguir o título até a última rodada. Todas as outras temporadas, entre boas (2010, 2012, 2013 e 2015) e ruins (2009, 2011 e 2014), invariavelmente, estávamos longe de chances de títulos já nesse mês. Algumas, até, por envolverem eleições (como nesse ano) foram usadas como muleta: foi a oposição que gerou a falta de concentração que levou às derrotas. Embora com eleição em poucos dias, esqueceram de dizer isso em 2016.

Ao contrário dos anos bons, não estamos pensando em olhar para o quinto lugar para garantir matematicamente a classificação pra Libertadores. Brigamos para entrar e estamos distantes quatro pontos daquela zona. Mas enfrentamos no momento a parte mais difícil da nossa tabela. É possível que consigamos reverter a situação do primeiro turno (derrotas para os “fracos”) e fazer os pontos que ficaram pelo caminho. Por enquanto, tudo dentro da normalidade: temos 4 pontos sobre o Corinthians, 3 no Flamengo, 4 no Galo e 3 no Coritiba. Seguindo nesse ritmo (3 pontos contra metade da tabela e 4 contra a outra) dá 63/64 pontos. O que tem sido suficiente para ir para a Libertadores historicamente é 66. Não é difícil alcançar esse número.

Se por um lado é péssimo para o torcedor não esperar por títulos, é crucial para os dirigentes já terem um plano traçado para o próximo ano nessa altura. Os contratos começam a encerrar e dezembro é logo ali. Não temos a desculpa de não pensar em reposição de plantel para não “desmotivar”. Não disputamos mais nada a sério (Copa do Brasil? Com essas limitações? Nem sonho). Não saber se vamos ou não classificar para a Libertadores também não é motivo para não alinhavar uma lista de dispensas. E confirmar coisas importantes como o treinador.

Roger precisa de tempo. Foto: Lucas Uebel/Grêmio Oficial (via Flickr)

Roger precisa de tempo. Foto: Lucas Uebel/Grêmio Oficial (via Flickr)

Se eu fosse a direção de futebol, já renovava o Roger por mais dois anos (atualmente vai até 2017 – e que se foda a próxima eleição pra presidente, meu time é o Grêmio). Isso dava um recado claro pra qualquer eventual “corpo mole” (as especulações sempre apontam pra isso). Sim, eu quero o Roger no Grêmio por alguns anos ainda. É um treinador jovem. Tudo o que ele está encarando é pela primeira vez. Como eu já escrevi aqui, ele estava acostumado a estar sempre no G-4, em uma posição confortável. Agora não está mais (há 4 rodadas). Precisará correr atrás, reverter uma situação bem ruim e com reposição altamente questionável. A pressão é maior, há ainda mais coisas para aprender.

Pra quem não lembra, em 2004, Cuca foi treinador do Grêmio. Já vinha de uma carreira de 5 anos treinando clubes menores até pegar o primeiro grande, o São Paulo em 2003. No Olímpico, foi péssimo. Só engrenou mesmo em algum clube, com títulos, no Galo já em 2011 (o primeiro, de fato, foi o Carioca de 2009, com o Flamengo, o segundo o Mineiro com a Raposa também em 2011). Hoje, 12 anos depois, é líder do Brasileiro. Veja bem, foram 11 anos para ganhar um estadual, 13 para um título maior e nunca venceu um campeonato nacional. O próprio Tite, muito lembrado por todos, chegou no Grêmio com 10 anos de carreira como treinador. Mano Menezes tinha 8. O Roger começou em 2014. Há dois fucking anos.

Em função disso eu mudaria algumas coisas para o próximo ano. A primeira delas é aceitar que o Roger ainda não é bom em sugerir reforços. William Schuster, Fred, Negueba e as renovações de Marcelo Oliveira, Bobô e Maicon tiveram o dedo do treinador (bem como o reaproveitamento do Fernandinho e Edinho no ano passado). Nenhum deles foi um bom negócio. Para um clube que não pode se dar ao luxo de contratar à esmo (bem diferente do Palmeiras, Galo e Flamengo, diga-se) isso é grana pra caramba. Maicon e Fred ainda custaram dinheiro em contratação. Aliás, com a babilônia que se diz que pagaram por um volante de mais de 30 anos eu teria comprado o Alan Ruiz (que hoje tá feliz no Sporting depois de um primeiro semestre de 2016 arrasador no Cólon).

A segunda é pedir para o treinador projetar um esquema de jogo para o próximo ano. Pode ser 100% novo, algo que ele gostaria de fazer que, com o que tem hoje, não consegue. A formação do elenco de 2016 foi pífia. Ficamos seis meses patinando atrás de reposição pra zaga e pra lateral direita. Agora precisamos de 3 atacantes e 3 volantes parecidos, sendo que, com a mesma qualidade, é apenas esse o número que dispomos. Precisamos pensar nessas contingências para reforçar o time antes. Precisamos ter um plano de contratações. E isso passa pelo esquema de jogo muito mais do que a renovação de peças. Edílson que o diga.

A terceira já resolvemos quando fomos eliminados da Libertadores. 2017 será a primeira vez em muitos anos que a montagem de elenco não será feita pelo Rui Costa. Que errou demais. Eu sou muito mais o Júnior Chiávare comandando essa situação. Ele é o responsável por boa parte da base que temos disponível hoje no grupo de transição. Ninguém melhor do que ele para dizer se determinado jogador acrescentará mais do que quem já temos ali, pronto para subir. Se tudo der certo, no próximo ano não veremos desembarcar em Porto Alegre um Wallace Oliveira, Henrique Almeida e correlatos.

Sei que não é um texto que motiva. Mas vamos lá. Domingo tem jogo, de repente o papo da semana que vem vai ter um astral melhor.

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10 + comentários

  • Mano 9 de setembro de 2016 - 15:56 Responder

    Só sei que, se não for pra ser campeão, não quero libertadores pra 2017.
    Só atrasa montagem do grupo, atrapalha preparação e ilude a torcida no final.
    Que comecem ano que vem do jeito certo. 2016 já acabou.

    • Fagner 9 de setembro de 2016 - 16:21 Responder

      Cara, parece que ganhar uma libertadores é peidar dormindo. Se tu quer garantias de ganhar a libertadores para entrar, então, nunca mais jogaremos.

      Saludos,
      Fagner

      • Mano 9 de setembro de 2016 - 21:47 Responder

        Acho que tu me entendeu mal.
        O que eu acho é que montar um time entre janeiro e março pra ganhar essa competição é algo muito improvável.
        Os times que ganham já vem de trabalhos desenvolvidos e ao título acaba sendo uma afirmação da equipe.
        O Grêmio monta e desmonta a equipe duas vezes no ano por conta da libertadores.
        É isso que eu não quero.

  • Ezio 9 de setembro de 2016 - 16:12 Responder

    Bom texto Fagner mas os treinadores que citaste perambularam por clubes menores até terem suas chances em clubes grandes. Sou a favor do continuismo com o Roger mas acho que alguém precisa regulá-lo. Tem algumas insistências que ele faz que alguem da direção precisa enquadrá-lo e tb no fato de como bem citaste ele ainda não sabe indicar jogadores. Ele está treinando o GREMIO não o time dos amigos dele de pelada do Parcão, acho que falta um pouco essa noção no Roger mas concordo quando tu fala que é questão de dar tempo pra que ele aprenda só que as vezes ele tem que tomar um pouco uma palmatória e com a palavra a direção. Discordo quanto ao que falaste do Alan Ruiz, eu gostava do jogo dele e concordo que ele poderia ter ficado no GREMIO mas era uma grana alta demais para alguem que ainda precisava ser lapidado e vamos reconhecer em 2014 ele ainda era uma aposta e se por um acaso ele não vingasse ? O próprio Ruiz poderia por exemplo ter comprado os direitos e emprestar ao clube por exemplo já que ele queria tanto ficar. Vamos ver o que resta pro GREMIO ainda em 2016, o brasileiro infelizmente é G-4 se muito. O que é uma bucha pq dava pra ganhar de barbada.

    • Fagner 9 de setembro de 2016 - 16:28 Responder

      Pagaram 7 milhões de reais num cara que tem mais de 30. O Alan Ruiz saiu para o Cólon em janeiro de 2016 com passe fixado nesse valor. Tava arranhando a porta dizendo que queria voltar para o Grêmio. E já foi vendido para Portugal pelo dobro. Jogou na ponta esquerda, lugar que penamos para achar alguém, mas podia fazer as mesmas funções do Luan. Era tanto esportivamente quanto financeiramente um negócio melhor para o Grêmio. Foi burrice não fazer.

      Saludos,
      Fagner

      • Ezio 9 de setembro de 2016 - 16:46 Responder

        Mas isso que estou tentando explicar. Se ele queria tanto ficar pq ou não comprou os direitos ou então não deu uma esperneada pro San Lorenzo pra baixar o valor ? Acho que ele poderia ter ficado no clube mas pra uma aposta era um valor alto. A mesma coisa valeu pro Dudu, era um cara que poderia ter ficado mas ele precisava ser ainda consertado em mtas coisas mas o valor era alto demais pra alguem que ainda tinha que ser lapidado. O erro dos 7 milhões não justifica que fosse gasto em alguém que de repente nem vingasse (apesar de gostar do futebol do Ruiz o que ele fez de mais efetivo pelo GREMIO foi só fazer a vedete argentina dar fiasco no GREnal dos 4 X 1 apesar de ter gostado de ver aquilo acho que é pouco pra um clube do tamanho do nosso).

  • Jair 9 de setembro de 2016 - 18:40 Responder

    Temos mais 15 anos pra esperar o Rogerroh amadurecer?

    Não esqueça que ele é o mais longevo entre todos os técnicos da atual série A. Tempo não faltou a ele.

    Falta algo que prefiro não pronunciar (pra escalar os melhores e não os veteranos em troca de proteção do próprio cargo), competência e humildade pra reconhecer e corrigir as mega besteiras que vem fazendo.

    Um cara que indica os que você listou, escala aquela dupla de zaga que nos enterrou no primeiro semestre e eterniza a titularidade e dá a braçadeira de capitão ao pior LE talvez dos 113 anos do clube, não merece seguir por agora. Que vá estagiar e errar por cinco ou seis anos em clubes menores e, TALVEZ, volte depois.

    Perdendo de quatro, decide “segurar o resultado”. Só isso já seria demissão na chegada ao vestiário se houvesse ali um dirigente com alguma indignação diante do vexame. E manda um dos cascudos mais mau caráter do futebol brasileiro jogar a culpa nos guris, em vez de assumir ele e estes mesmos cascudos a culpa que lhes cabe.

    Por hora, FORA ROGERROTH!!!

  • Félix Nuñez 9 de setembro de 2016 - 18:43 Responder

    Assino embaixo do texto. Só tenho um baita receio que se formos eliminados da copa do brasil, que apesar se eu sonhar com ela, é improvável, a pressão será grande para que rescindam o contrato dele ao fim deste ano. Espero estar muito errado.

    No mais concordo com tudo.

  • Rafiuskes 9 de setembro de 2016 - 21:09 Responder

    O futebol é tão dinâmico que tem várias soluções pra um mesmo problema.
    Se fizermos uma análise das últimas 2 vexatórias partidas, podemos ver algo em comum que costumeiramente não vinham acontecendo.
    Luan nessas 2 partidas não foi nosso falso 9, posição onde sabidamente rende mais e faz o time jogar.
    Jogar com 3 volantes às vezes passa uma sensação de segurança aos próprios volantes que “podem” se aventurar no ataque, mas dependendo do desdobramento de uma bola perdida, surgem muitos espaços e pega a defesa totalmente aberta (Coxa mandou lembranças).
    A variação do sistema de jogo agora passou a ser com 3 volantes e tô pra apostar que daqui pra frente será com 3 zagueiros… Porquê não temos mais ninguém no elenco com características de cabaceio? Desde quando gol de cabeça não vale à nosso favor? Pq os contra valem em todos os jogos.
    Outros times do campeonato até melhores posicionados, apesar de não apresentarem futebol vistoso de toque de bola (muitas vezes sem objetividade), usam muito da bola parada pra saírem vitoriosos.
    O próprio Palmeiras é um exemplo de aproveitamento em bola aérea ofensiva (que Deus nos proteja) e usa muito bem esse artifício.
    A direção se quiser começar a se coçar montando o grupo do ano que vem, tem que pensar muito além da casinha. Precisamos de jogadores catimbeiros (Alan Ruiz como bem mencionaram), pra cavar alguma expulsão ou até mesmo desestabilizar os rivais, jogadores com mais sangue no olho, jogadores com habilidade de cabeceio (tanto pra fazer gols como pra evitá-los). Algum jogador pra ser o reserva/titular no lugar do Douglas quando o mesmo cansar e ele sempre cansa…
    Não precisa mudar tudo e começar tudo do zero. Roger é muito inteligente, mas precisa saber que a mesma bola que corre na grama pode voar até a cabeça de algum atacante.
    Só espero que voltemos por hora ao esquema tradicional, que apesar de manjado é o que melhor funciona no momento.
    Abraço

  • Jodil 9 de setembro de 2016 - 23:16 Responder

    É isso aí tche, alguém com bom senso tem que mandar ele baixar a bolinha.
    Alguém tem que cortar as asinhas dele e do elenco.
    Lembrar isso que tu lembrou: não tem experiência, não ganhou nada, vive de boas séries de vitórias e boas goleadas, porém tem eliminações homéricas e grandes goleadas no lombo. Não tem nenhum mísero título e precisa ter Gana e humildade para chegar nisso.
    O plantel é bem simples: oi maicon quem é vc, o que vc fez na carreira,vai baixar a bola ou pede o chapeu, aqui vc é mais um sem titular absoluto e se não quiser a porta tá ali. Douglas a idade chegou vc é jogador de transição, ok? Não? Desculpa absoluto não dá, aí é no figueira. Oliveira, “pezinhos no chão” você é um ótimo banco, versátil e bom de grupo, não venha cantar de galo, baixa a bolinha ou caminhe.
    Estão chegando titulares, kaneman é titular, bolanos é titular, o X que chegará , y , Z e zeta são titulares, sem birra, sem panela, sem boicote, quem fizer beiço vai pra rua.
    E deu!
    Façam boicote no emprego de vocês se chegou funcionário novo e vê o que dá. Tem que ser igual! Essa história de que vestiário não é assim, é só fazer ser.

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