Será mesmo que o Gauchão não vale nada?

2 Postado por - 9 de fevereiro de 2015 - Artigos

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Sempre defendi, nesse espaço, que o Estadual não serve pra nada. É só ver os tags que geralmente uso no rodapé dos textos sobre o Gauchão: Novelettão, Caravana da Miséria, Tarsão, Sartorão… E nem pra contar como título dá, afinal todos falamos do período de seca do Grêmio desconsiderando os canecos estaduais.

Eu já tinha percebido um certo “fenômeno” uns tempos atrás e não tinha dado muita bola, mas depois da vitória de ontem sobre o Avenida eu começo a me questionar se esse discurso é comprado mesmo pelo torcedor. Explico: geralmente, espero o final do jogo da tv no domingo pra ir ao mercado e sempre fico de olho na quantidade de pessoas usando camisas da dupla Grenal. Ontem, era praticamente 1/3 das pessoas no mercado usando a tricolor. Se algum desavisado estivesse fazendo compras ali, acharia que o jogo tinha ocorrido ali do lado.

Aí parei pra questionar: tanta gente usando camisa por que ganhamos do Avenida? Por que ganhamos um jogo do Gauchão? Não. Porque ganhamos. Ponto. Pro torcedor-médio (aquele que não respira futebol 24/7 como muitos aqui, e só gosta de torcer pro seu time, independente se A ou B está treinando ou quem é o presidente do Grêmio), pouco importa quem está do outro lado do campo, o que interessa é que o Grêmio vença. Pra ele, vencer um Campeonato Gaúcho é motivo de colocar poster do time na parede, ir pra Goethe ou fazer buzinaço na avenida principal da sua cidade no interior. Olha quanta gente vai nos jogos do interior torcer pela dupla. Não é só pra ver o time in loco.

Arrisco a dizer que não é uma diminuição de expectativas ou que esse é o único título possível de ser conquistado pelo momento institucional. Mesmo nos auge daquele CANO dos anos 90, conquistar o Gauchão era motivo de festa. Se fosse com o Banguzinho, melhor ainda. Além da conquista, havia uma flauta extra nos colorados.

Eu ainda não mudei de opinião, continuo achando o Novelettão um campeonato menor, quase um estorvo no calendário gremista. Mas vejo que muita gente lá fora não pensa assim.

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5 + comentários

  • Bera 9 de fevereiro de 2015 - 09:11 Responder

    O Grêmio poderia explorar muito mais esse campeonato. Com certeza não tem o mesmo peso de outros nacionais e internacionais, mas poderia atrair mais torcedores e sócios para o clube em vista do impacto que os jogos possuem em cidades do interior. O clube poderia trazer a loja Grêmio Mania, franquias (hamburgueria e paleteria) e eventos ao torcedor que tem dificuldades de acompanhar o time na arena. Claro que isso demandaria MUITO planejamento para não se tornar uma furada, mas acho que a ideia seria válida.

    • Cetolini 9 de fevereiro de 2015 - 11:55 Responder

      Uma excelente ideia Bera.

  • Raukoores 9 de fevereiro de 2015 - 13:29 Responder

    Gostei da ideia do Bera também, quem sabe em um formato caravana? Leva todo o aparato em uns containers, loja, uns food trucks da hamburgueria, atendimento ao socio. A caravana iria em determinadas cidades, e se desse certo ano que vem faz em outras. Acho que seria bacana.

  • Eduardo Schwede 9 de fevereiro de 2015 - 18:11 Responder

    Até que enfim um post “pensado no que pensa” o torcedor comum.
    Especialistas de futebol para fanáticos já tem de monte, tá é faltando para esses torcedores “passivos”, que tem aos milhões!!!

  • Hélio Sassen Paz 11 de fevereiro de 2015 - 15:53 Responder

    Minwer,

    No interior, a maioria dos clubes atola o valor dos ingressos contra a dupla Grenal. Já foi-se o tempo em que esses jogos lotavam sempre – ou quase sempre.

    A esmagadora maioria dos torcedores do interior não torce para os clubes locais PRA VALER: ou são gremistas, ou são colorados.

    A despeito da vontade de gastar – relativamente – pouco e de poder assistir ao Grêmio sem precisar viajar, ainda que a maioria pareça compreender que há problemas físicos e desentrosamento no início da temporada, a seca de títulos e a falta de jogadores minimamente confiáveis tanto no onze titular quanto nos reservas imediatos tem reduzido o interesse do público.

    O consumo da mídia e o sentido identitário para com o clube são HÁBITOS: tornam-se rotinas e/ou rituais para quem gosta, para quem é assíduo. Todavia, a crescente oferta de opções de lazer e de entretenimento voltadas para o público dessa faixa econômica reduz o público do futebol: o conforto e o atendimento das novas “arenas” e um estágio nacional quase de empregabilidade plena não são suficientes.

    Por exemplo: meu sobrinho de 27 anos é administrador e sócio de uma fábrica de quilhas para pranchas de surf. O irmão dele, de 23, é engenheiro. Nenhum dos dois troca uma noitada de restaurante + motel com as namoradas, um fim de semana de surf na praia ou uma churrascaria com os amigos por um jogo que não seja decisivo quando o time não está bem.

    Estive no Allianz Parque na semana passada e vou publicar minhas impressões no meu blog. Gostei bastante do que vi e confesso que me senti muito mais à vontade lá do que na Arena, pois aquela região do Palestra (ainda chamam o estádio novo de Palestra) tem MEMÓRIA: são botecos, ambulantes e muitos encontros entre amigos palmeirenses que lembram demais aquele clima do entorno do Olímpico Monumental.

    Mas esse é um outro papo.

    []s!

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