Temos um futuro

Se existe uma grande coisa feita pelo Odone pelo tricolor em 2005 foi bater o pé pela Comissão Permanente – ou seja, à partir daquele momento o Grêmio tinha um auxiliar técnico que trabalharia com qualquer treinador, o seu próprio preparador físico e o preparador de goleiros. Se tem uma grande coisa que o Odone fez nessa administração foi contratar o Roger para ser essa figura. O cara é um monstro, multicampeão – considerando só torneios maiores que Gauchão (ou seja, sem Copa Suruga) foram 13 conquistas, sendo que só uma delas no Fluminense. O resto é em casa. Já vinha acompanhando as notícias da sua preparação desde que saiu do Fluminense, sempre torcendo por ele. Mas não esperava, de maneira nenhuma, pelo que vimos nesta quarta de cinzas.

Já fiquei muito irritado com a saída do Marquinhos do time. Temos poucos meias e ele não joga? Mesmo com a informação que correu pelo twitter que ele tinha se machucado, a transmissão pela TV mostrou a declaração do interino: “foi opção minha”.  Porém, ele mostrou que a sua escolha estava certa. O Marco Antônio é melhor jogador? Não. Nem mesmo fez uma grande partida hoje, mesmo com a assistência para o gol da vitória do estupendo Kléber. Foi apático e pouco criativo, teve duas horas para arrumar a bola e passar, sem o volante adversário sequer dar um passo na sua direção no lance do gol. Mas a função que ele fez, de dar o bote nos volantes dos beiralaguinos, o Marquinhos não fazia nem por cinco minutos.

O Léo Gago fez um gol de sorte (ou um prêmio pela insistência) numa bola que merecia ter entrado já no chute, de primeira, sem deixar cair, no canto. E deu muitos botes no meio. Mas ele só melhorou porque jogamos com QUATRO VOLANTES (chupa, Celso Roth). Ou seja, quase todas as vezes que um deles falhava, o outro cobria. E, principalmente antes do primeiro gol, o Grêmio marcou lá em cima, sem deixar a armação ver absolutamente nada do jogo. A situação era tão crítica que o segundo atacante deles estava cobrindo o lateral esquerdo. E o erro do Fernando foi sintomático disso: partiu para a área e, quase na risca, passou a bola exatamente onde o atacante deles (que cobria os zagueiros no momento) saía em velocidade, tentando advinhar o que o guri ia fazer. Ao invés de cortar (ia ser um “olé” lindo…) fez o passe exatamente como tinha armado o corpo. Resultado: perdeu a bola e, no contra-ataque rápido, acabou dando o gol para deles. Um segundo a mais e o Impedidão estaria impedido. Ou dois anos a menos do Gilberto Silva.

Victor fez uma defesa MONSTRUOSA, no momento crítico, mostrando que é um BAITA goleiro (enquanto o goleiro de nome andrógino, como bem definiu o Minwer, ganhou o prêmio Mão de Tábua). Kléber simplesmente fez a melhor partida dele que já vi e o Moreno tem uma regularidade que dá medo de sentir muita falta dele quando não puder jogar. Nenhum deles fez menos do que se espera de um jogador de primeira linha: decidir. Colocaria também como destaque o Souza, que me supreendeu por nunca ter visto jogar. Mas o homem do jogo ficou mesmo fora das quatro linhas. O time não melhorou porque os jogadores “se doaram”, ou por um “ótimo discurso pré-jogo”. Continuamos com o mesmo time capenga. Mas o Roger mostrou que o que mais importa é CONHECER O ELENCO e CONHECER O ADVERSÁRIO. Ele tem um olho impressionante para isso. Mostramos muitas deficiências, mas roubamos a bola e tivemos o controle do jogo. Só o Grêmio podia ganhar esse jogo, mesmo tendo ainda um elenco limitado. Acho que foi o maior banho de bola que eles levaram desde que o Dorival assumiu.

Em 8 minutos, o Grêmio já tinha mais time que em 8 jogos. Precisa de rodagem? Óbvio. Mas ele pode sim ser o nosso treinador para 2013. Se tu duvida, faz o que eu nunca tinha feito: lê o que ele fala sobre os jogos (atualizado até dezembro de 2010). Uma temporada de prática solo e vai estourar.