Recalculando…

0 Postado por - 18 de setembro de 2018 - Artigos

Sei que hoje tudo é Libertadores mas trago notícias sobre o Campeonato Brasileiro. Acabou demorando por que a rodada também demorou pra terminar. Pelo menos no que nos interessa nesse momento, que é o G-4 daquela competição. Com a vitória da Chape ontem na Arena Condá terminamos a 25ª rodada da competição. E tá na hora da gente dar uma conferida em como estamos e ajustarmos a rota. Então, recalculando, o Grêmio não está no G-4, que eu considero o objetivo em todos os anos. Mas estamos bem pertinho. E o desempenho dos 5 primeiros está assim:

Pra quem não sabe quais os critérios da tabela é o 10 em 15 que utilizo como padrão para ritmar a nossa maratona de 38 jogos. “Ah, mas isso não garante título”. Sim, eu sei. Porém, não é coincidência que o líder está, nesse momento, exatamente em cima dessa linha, com 50 pontos em 25 rodadas. Então, por esse critério, e tendo em vista o jogo de golf, por exemplo, o São Paulo está no PAR e nós estamos 6 pontos acima. Precisamos de boas tacadas nos próximos dois buracos (ou 10 jogos) para conseguir atingir aquele par.

Graças ao desempenho fora do que deveríamos conseguir nos dois primeiros blocos e agora no último, não estamos brigando pela primeira posição neste exato momento. Uma vitória contra o Atlético Paranaense, outra contra o Fluminense em casa e acertar aquele pênalti contra o Cruzeiro também na Arena nos colocaria agora com 50 pontos. Então, não passa só pela derrota no Grenal a nossa posição – embora eu saiba muito bem que ela é muito pior que para os outros times e dá uma sensação de que tudo tá uma merda. E é por isso que eu escrevo esse post aqui. Eu tava errado quando disse que era impossível chegar na 35ª rodada disputando o título.

Sim, o Grêmio precisa tirar essa diferença de seis pontos em 10 confrontos. Ou seja, não pode perder nenhum jogo até lá para chegar na rodada 35 com 70 pontos. Precisa fazer 13 pontos em 15 nos dois blocos. É muito difícil de conseguir. Mas, analisando o histórico com ajuda do @p14nt40, do Eduardo Farah, esse ano as coisas andam mais equilibradas que nos últimos anos. Os números vão ajudar a ilustrar isso aqui. Essa primeira tabela mostra em qual rodada e com quantos pontos nós conhecemos o campeão em cada torneio. Ela está ordenada por quão mais cedo o campeonato estava decidido.

Como dá para ver aqui, o campeão que conseguiu o título mais rápido em um campeonato de pontos corridos de 20 times no Brasil foi o São Paulo, em 2007. Veja bem, na rodada em questão (33ª) a métrica indicaria 66 pontos para o segundo colocado, ou seja, o título ainda não estaria garantido, a diferença do primeiro para o segundo seria de apenas 4 pontos. Mesmo em 2012, quando houve quebra de recorde e o título do Corinthians chegou na 35ª rodada, se um time tivesse 70 pontos não haveria festa do título naquele final de semana.

“Tá, mas isso não quer dizer nada. Não sabemos com quantos pontos o primeiro vai chegar naquela rodada”. Mas podemos saber quantos pontos o primeiro tinha na 25ª rodada nesses últimos 12 torneios pra ter uma ideia.

A tabela da esquerda mostra a pontuação do primeiro colocado na 25ª rodada em todas as edições. A da direita mostra quem era o segundo colocado no mesmo momento. Em seis oportunidades o líder estava com mais pontuação que hoje. Essa é a segunda vez que o São Paulo faz essa pontuação nesse momento na liderança. Em outras cinco oportunidades o líder tinha menos pontos que hoje. E apenas em 2016, 2011 e 2010 a diferença do primeiro para o segundo era de um ponto.

Se a gente comparar o primeiro com o quinto colocado, apenas em 2011 e 2009 a diferença entre eles era tão pequena quanto hoje, seis pontos. E em nenhuma vez o primeiro nessa rodada foi campeão. Outras três vezes a diferença foi de sete pontos (2016, 2010 e 2008). Se juntarmos os dois conjuntos de dados, apenas uma vez até hoje temos uma situação igual a 2018, que se deu há sete anos. E em 2011 o título só foi decidido na última rodada, quando o Corinthians foi campeão com apenas dois pontos de vantagem, com 71 contra 69 do Vasco. Nessa altura do campeonato, na rodada 25 daquela temporada, tinha 44 pontos, ou seja, dois a menos que o líder. O campeão só disparou na pontuação final  a ponto de definir o título com antecedência apenas em 2016, quando o Palmeiras ganhou na 36ª rodada com 74 pontos (ainda venceu as duas últimas e terminou com 80). Em todas as outras oportunidades (2008, 2009 e 2010) a tendência de decisão do título na última rodada foi mantida (75, 67 e 71 pontos para o campeão respectivamente).

Então, esse ano, a conversa vai ser diferente. A tendência é de uma pontuação menor para ser campeão por que há um grupo brigando pelo título, não dois ou três times. Em comum, todos os campeões desses anos mais disputados tiveram a arrancada final nesses 13 jogos. Em 2008 o São Paulo fez 33 dos 39 possíveis. Em 2009 foi a vez do Flamengo fazer 28, um a mais do que o Corinthians de 2011. O menor aproveitamento foi o do Fluminense em 2010, que fez 23 dos 33 possíveis. Conseguindo esses 73% de aproveitamento médio, terminaríamos o campeonato com 72 pontos. Será suficiente para ser campeão? Em 2016 e 2008 não foi. Em 2009, 2010 e 2011, sim. Então é a nossa última chance de apertar o passo. Na prática é apenas dois pontos a mais do que manter os 10 em 15 da métrica aquela (66,6% de aproveitamento, ou seja, 26 pontos até o final).

Ainda temos chance e ela não é desprezível. Não sou matemático, mas pelo que expus aqui, eu diria que é tipo jogar o jogo da volta de um mata podendo segurar qualquer empate, desde que faça um gol. Qualquer vitória do adversário nos elimina, mas ainda podemos controlar jogo. Temos que buscar um pouco, não é confortável, mas é viável. Pelo menos até o final do primeiro tempo (daqui a cinco jogos). Aí medimos de novo.

E pra quem gosta de COINCIDÊNCIAS, recomendo ver a situação de 2008, dez anos atrás. Quem apanha não esquece, mas se você era muito novo, gostaria que desse uma olhada em quem era o primeiro e quem era o quinto na 25ª rodada daquela temporada. A vingança tarda, mas não falha.

Sinais, fortes sinais. Só não vê quem não quer.

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